Capítulo 1.3

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Era sábado, o dia estava quente e muito bonito, Ester nunca tinha estado antes em um zoológico, seu pai não tivera tempo de leva-la. Antony prometeu leva-la e cumpriu sua promessa, ela mal podia acreditar que estava realmente vendo todos aqueles animais de pertinho.
-Veja, minha pequena, aquele é um leão, você sabe que ele é o rei da floresta, certo?
- Sim, Tony.
- Mas você sabia que ele mesmo sendo o rei não é o maior animal da floresta?
- Como não? ele tem que ser o maior, se não os outros animais não o escolheriam como rei
- Concordo com você minha querida, mas ele não é o maior, sabe quem é?
- Não - Disse Ester pensativa- Acho que não conheço outro animal maior que o leão
- O elefante é bem maior, minha querida
- Verdade! E por que os animais não escolheram ele então?
- Porque um reinado meu bem, não se trata de quem é o maior, mas sim de quem é o mais forte e corajoso
- O elefante é medroso, Tony?
- Bom, eles costumam ter medo de roedores, já viu algum leão com medo de roedores?
- Não
- Pois é por isso que ele é o rei, ele não teme a ninguém, conhece sua soberania
- Sua o que?
- Calma, com o tempo aprenderá sobre soberania na escola. Por hoje fica só o aprendizado de que na vida não se trata de ser o maior, mas sim o mais forte, entendeu?
- Entendi sim, Tony. Obrigada por me trazer aqui hoje e me ensinar isso
- Não foi nada meu bem, posso fazer o que você quiser sempre, estou aqui para cumprir o futuro que seu pai infelizmente não pode cumprir
- Poxa, um dia quero me casar com alguém bom e inteligente como você Tony, mamãe tem sorte de ter casado com você
- Eu que tenho sorte de ter vocês duas



Na tarde daquele mesmo dia o pai de Ester foi falar com a mae dela, que se encontrava na sala lendo um livro
- Acho que exagerei um bocado hoje no almoço
- Não acho
- Sabe que não me importo realmente com o que Ester faz com o dinheiro, de certa forma é dela também
- Deixe de ser tolo, ela é uma menina mimada que não sabe administrar cem doláres, pare de dizer bobagens
- Não acho isso, ela é uma menina inteligente e muito esperta
- Antony, está querendo deixar mesmo o cheque com aquela garota?
- Sim, não vai me fazer falta e poso usar isso em meus negócios
- Nunca ouvi tamanho absurdo – Catarine levantou nervosa do sofá e se virou para Antony – Se você ousar deixar aquele dinheiro com aquela menina abusada eu juro que saio dessa casa
- Mas, Cat...
- Não tem mas Cat. Você dê um jeito nisso.
Caterine não era a mesma ha muito tempo, amava muito a filha mas sempre achou que Antony a mimou demais, no começo ela não se importava muito pois entendia que a menina havia perdido o pai muito cedo e que isso a afetava bastante, porém depois de uns anos começou a sentir ciúmes do marido por ele se envolver tanto com a filha e tão pouco com ela, sabia que ele amava a menina como se fosse filha dele, mas sabia também que ela não era e fazia questão de jogar isso algumas vezes na cara dele que claramente ficava muito chateado quando ouvia " Ela não é sua filha, Antony. Nem mesmo tem seu sobrenome"
Mesmo todos os problemas que Caterine inventava em sua cabeça, Antony sempre estava disposto a fazê-la feliz, mas nada nunca era o suficiente, ele a amava muito mas já fazia tempo que ele só estava casado com ela unicamente pelo status que tinham juntos. Não era de hoje que Antony era visto nas noitadas da casa da Dona Marry Ann, não só ele mas como muitos homens da cidade passavam noites bebendo e se divertindo com as moças da casa, lá conheceu uma jovem de 20 anos robusta, de olhos verdes e cabelos escuros, sua pele era tão branca que a chamavam de Luna, ninguém nunca soube seu verdadeiro nome. Era filha de um casal humilde, moravam em uma fazenda e fora o terreno, a casa, duas vacas, quatro galinhas e um galo eles não tinham mais nada. Viviam da venda das verduras que plantavam em seu terreno, o que não dava 500 dólares por mês e se alimentavam de uma pequena parcela da própria plantação. Os pais dela eram muito gentis e sempre fizeram de tudo para que ela crescesse e um dia arrumasse um bom casamento, Luna mentia dizendo que estava vivendo bem na cidade grande e que estava namorando um jovem um pouco mais velho que ela, dizia também que se casariam logo, eles mal imaginavam que a filha era prostituta e lhes mandava 90 % do que ganhava. Com os 10% que sobravam não podia comprar vestidos, mas conseguiu uma máquina de costura velha e ela mesma costurava suas vestes, logo as meninas da casa começaram a pedir que fizesse para elas também, ganhava 10 dólares por vestido feito e guardava, pois queria um dia sair dali e sabia que precisaria de um bom dinheiro guardado para alugar uma casa, achava muito pouco o valor pago pelos vestidos, afinal um bom vestido custava em média 100 dólares, mas na ultima vez que tentou pedir 15 dólares por um de seus vestidos, Sarah que era a jovem mais velha da casa lhe disse com tom de arrogância:
- Se quiser ganhar mais com seus trapos vá embora desta casa, aqui nós não criamos costureiras e sim mulheres da noite, aceite 10 dólares e não reclame pois eu bem que poderia lhe dar apenas cinco.
Luna era uma moça encantadora e isso se via de longe, mas Antony se deixou levar demais pela falta de carinho em casa e pelo modo terno que a moça o tratava.
- Olá Tony, faz tempo que não o vejo – Disse dona Mary Ann
- Boa noite Mary, estive um tempo fora da cidade, sabe como é, só existem duas coisas que prendem um homem
- É mesmo? Quais são?
- Negócios e cadeia
- Creio que conheço uma terceira então! -Falou Mary Ann com tom de riso
- O que seria?
- Mulheres, nada como um bom conjunto de bunda e seios fartos
- Essa não nos prende dona, nos mata mesmo.
Os dois riram e subiram as escadas, Mary já sabia onde Tony queria ir e com quem queria estar.
Quando chegaram ao quarto lá estava estirada na cama lendo um livro a doce e encantadora Luna. Ela estava com uma camisola rosada e um pouco gasta, com os lindos cabelos escuros soltos e lisos contornando seu busto, logo que viu Tony ela correu para abraça-lo
-Tony – Gritou ela felizmente correndo em direção a ele
- Querida, quanto tempo
Os dois se abraçaram por um curto tempo mas já era possível ver em ambos o quanto sentiam falta um do outro.
- Disse que voltaria logo, não foi tão logo quanto pensei que seria
-Foram duas semanas longe de você, nem sei como pude aguentar tanto tempo
- Como foi por lá? Conseguiu tudo o que queria?
- Tudo não, mas foi bom e eu consegui a confiança de dois dos três sócios da empresa, muito provavelmente daqui umas semanas comprarei a mesma
- Você é tão inteligente, queria eu ser assim como você
- Mas você é, e vai ser muito mais. Vou fazer com que se torne muito maior do que é hoje
-Como assim?
- Case -se comigo. Compramos uma casa e viveremos juntos.
- Tony, você é casado e tem filha.. não seriamos vistos com bons olhos. E outra... eu sou uma moça da noite, não vivemos no mesmo mund
-Entenda uma coisa, eu e Cat estamos casados ha muito tempo mas a mulher por que me apaixonei morreu faz anos, não conheço com quem durmo, não conheço a mulher que mora comigo e é mãe de minha filha, posso estar casado com ela mas não a amo e não quero continuar essa vida que levo.
- Oh, Tony, há tanto que queria lhe falar mas não posso
-Como assim Luna, o que está acontecendo ?
- Não podemos nos encontrar mais meu bem, terá de encontrar outra moça da casa para você
Luna deu um beijo no rosto de Antony e saiu da cama onde conversavam e se dirigiu até a porta.
-Preciso que saia, Tony. Não posso ir embora olhando em seus olhos
- Pois então fique meu bem, fique comigo
-Já disse que não posso, agora peço que saia por gentileza e não me procure mais.
Tony saiu enfurecido, bateu a porta da entrada da casa e todos puderam ouvir o barulho, chegou em casa e para sua infelicidade Caterine estava em pé na sala quando entrou
- Cansou da farra meu amor?
- Vá a merda Caterine.
Antony subiu as escadas da casa e se trancou no quarto, ele não tinha percebido o quão estúpido havia sido com a esposa mas estava pouco se importando com isso, tomou alguns comprimidos e dormiu um sono profundo, do qual não queria acordar.

Os dois estavam deitados na grama do jardim da grande casa azul, de mãos dadas olhando para o céu. Tony não podia estar mais feliz, estava com a mulher que amava e em uma casa que ela o ajudou a projetar.
- Pode imaginar o quanto estou feliz?
- Não mais do que eu, Tony, jamais estaria mais do que eu
- Você agora é uma das coisas mais importantes em minha vida, quero lhe fazer tudo pra que seja feliz
- Já sou muito feliz ao seu lado meu amor
- Será muito mais, nunca a deixarei ficar triste
No momento em que seus rostos iam se encontrar para que se beijassem o despertador tocou e Tony acordou meio zonzo, sem acreditar se aquilo fora um sonho ou se antes disso havia vivido um pesadelo.
Ele se levantou e foi para o banheiro tomar seu banho e se arrumar, quando saiu e foi trabalhar nem se quer desculpas pediu a Caterine. 

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