Capítulo 1.4

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  QUATRO DIAS ANTES.
Estava uma noite gostosa, não muito fria e nem muito quente, era o clima perfeito para dar uma caminhada. Luna estava debruçada na janela da casa quando madame Mary Ann entrou no quarto.
- Queria falar comigo, Luna?
- Sim, madame... tenho algo muito importante para lhe contar
- Já devo imaginar, mas me manterei calada até você dizer
- Antes, quero que saiba que eu jamais quis que isso acontecesse
- Ande logo menina, não tenho tempo a perder
-Eu estou grávida madame Mary Ann, grávida de Antony Ruppert, por quem estou também apaixonada
- Você só pode estar brincando com minha cara, grávida e apaixonada pór um dos homens mais ricos que já vi em vida e que é casado... você está louca se pensa que conseguirá algo com ele
- Ele diz que gosta de mim madame, é verdade!
- Querida, você ainda é muito tola. Você precisa entender que ele não gosta de você, gosta de seu corpo, de preferencia quando está montado em você
- Não! Ele é diferente, gosta mesmo de mim, você vai ver, quando ele voltar contarei tudo a ele e ele irá ficar comigo
- Contar a ele? Ficar com você? Luna você não passa de uma prostituta com quem ele se deita há dois anos, ele se deitou com outras também, você nunca foi única na vida dele.
- Madame Mary Ann, a senhora está começando a me ofender
- Dizendo o que? Que você não é ninguém pra ele? Pois estou sendo sincera. Não seja tola de contar isso tudo para Antony. Ele é casado, rico e tem uma família. Você quer mesmo acabar com o casamento deles ou ser morta? Porque meu bem, aqui nessa Terra é isso o que acontece com garotas como você que tentam interferir na vida de grandes homens como Antony, acabam sete palmos pra abaixo do chão. Você não pode ter esse filho, minha querida. Seu emprego está perdido, vamos ter que abortar.
- Não, jamais vou tirar esse filho. Ele antes de ser do Antony é meu, muito meu e se ele não o quiser, eu quero
- Não seja burra, Luna! Ele vai mandar te matar quando souber que essa coisa ainda está viva
- Essa coisa é o meu filho, e caso ele não o queira que vá pro inferno.
Madame Mary Ann sabia que Antony estava apaixonado por Luna e que adoraria saber da gravidez, mas não poderia perder as gordas contas que ele pagava toda semana em seu prostíbulo, era arriscar demais e Luna era sua principal fonte de renda.
Não havia ninguém a quem Luna ouvisse mais do que Madame Mary Ann, mas abortar seu filho era demais para ela. Foi criada com uma vida difícil mas ao mesmo tempo regada de muito amor, seus pais jamais fariam isso com qualquer um de seus filhos, criaram todos com muita dificuldade e sacrifício. Ela queria esse filho, mais do que tudo e isso não importava se fosse com ou sem Antony.
Dois dias se passaram até que a mulher de Antony batesse na porta do quarto de Luna, que estava deitada em sua cama pensando no que fazer de sua vida. 

- Ora ora, então é essazinha a sem vergonha que engravidou de meu marido
Droga dona Mary Ann! - Pensou Luna.
- A que devo a honra de sua visita, Sra. Ruppert?
- E ainda me vem falar de honra
- Do que eu deveria falar?
- Da maneira como vai sumir e ter esse bebê no quinto dos infernos, mocinha

- Já pensei nisso senhora, vou embora no sábado
- Vá o quanto antes, vou lhe dar uma boa quantia em dinheiro para ficar com essa sua boquinha calada
- Não vou contar a Tony, não preciso do seu dinheiro
- Não precisa? E vai criar como esse bastardinho que carrega?

- Sempre me virei, poderei me virar muito bem agora

- Até que pra alguém da vida você pensa muito bem

- Já vi pessoas da vida terem pensamentos melhores do que mulheres como você
Caterine deu um tapa no rosto da jovem que caiu no chão atordoada
- Você não ouse me desacatar sua vagabunda! Já se deitou com meu marido e ainda por cima engravidou, claramente pensando em dar o golpe em nós dois mas eu sou muito mais esperta do que você. Se aparecer com essa criança, ainda que dentro de seu ventre por essa cidade eu matarei você e ela sem piedade alguma.

- A senhora é um monstro

- Você nem imagina. Disse Caterine com o rosto próximo ao de Luna apertando seu maxilar- Dê um suspiro perto dessa cidade e acabo com você e essa criança sem futuro que carrega.
Caterine saiu e bateu a porta do quarto, Luna estava sentada no chão e no desespero e sentimento de desamparo se debulhou em lágrimas, chorou até cair no sono e quando acordou já estava dia. Tinha que arrumar suas coisas.

Nada é o que parece.Onde histórias criam vida. Descubra agora