Capítulo 4 - Um adeus.

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Christopher.

Se me questionasse em detalhes como cheguei em casa eu não saberia dizer, apenas segui movimentos mecánicos com passos pesados por onde me levaram, me esquecendo por um momento de minha própria identidade.

Dor.

Senti-me em uma profunda amargura, o nó na garganta estava presente, mãos trêmulas, suadas e geladas. Os cacos de um coração quebrado, eu me perdia, a cada passo que dava.

Minha cabeça doía tanto que eu podia sentir fisgadas, só que a ferida aberta no meu peito não se comparava. Eu saberia dizer se podia suportar, cada parte de mim implorava a morte, porque eu sabia que nada mais seria pior do que eu estava passando, além da destruição interior eu precisava sentir arder na pele, sentir físicamente que eu estava definhando. Eu queria arrancar meu coração, arrancar essa dor pungente para fora. Doía tanto que me tirava o ar.

Vergonha.

Aquilo vinha caindo sobre mim, sobre minhas costas. Meu eu interior ria de mim como cada um deles, ecos de risadas, ecos de meu rosto assustado.. eu me encolhia em minha vergonha.

Questionei como andaria pelas ruas, se seria apontado como patinho feio, como o bocó, o idiota apaixonado e enganado pelo primeiro e cruel amor de infância.

Nunca foi relevante a opinião alheia para mim, apenas ligava para a dela.
Deus, eu me sentia minúsculo, a vergonha de mim mesmo me bateu com força, como um soco de força máxima, como um letreiro gigante dizendo pra mim acordar.

Ódio.

Eu juro que era complicado entender qual sentimento era o pior do turbilhão de coisas frias e quentes que estavam dentro de mim. Mas talvez houvesse um em especial que me fazia querer tudo o contrário, aquele qual me chamava pra dizer que ser bom demais foi o meu erro, porém que poderia ser concertado.

Meu gênio gritava pra eu acabar com todos eles, chamava por justiça o tempo todo, dizia pra eu espelhar a dor, pra eu usar como alimento para subir degrau por degrau, me fazia crê quer a dor tem que ser sentida, tanto para mim como para eles.

Quis imediatamente arrancar cabeças, de uma à uma e colocá-las pra rolar, quis torturar olho por olho, unha por unha, dedo por dedo e todo o resto do corpo.

O veneno foi injetado, sem eu querer, sem eu poder me defender, e eu senti na pele, anos de rejeição que fui sujeitado por ela e sua corja, ao qual eu não enxergava, fofoquinhas, grupinhos, intrigas.

A porqueira daquela menina quase mulher, aquela que eu sentia algo tão obsessivo que me tampava a visão da realidade, suspirei sentindo o cheiro da maldade, como se aquilo fosse algo vivo e abrasador agora. O amor era abominável, o amor doía, o amor falhava e destruía, o amor era o sinônimo da ingratidão, você ama sem trocas, você ama gratuitamente e recebe uma chuva do contrário em troca.

O amor e o ódio andam lado a lado realmente, e isso não poderia ser mais verdadeiro, no momento eu queria exterminar ela da terra.

Foi nesse exato momento, nesses poucos e aterrorizantes segundos que descobri o que era ódio, real, puro e destroçado.

~•~

Nesse momento eu já estava dentro do meu quarto, cheguei tropeçando, e mal olhei para outros locais, foquei em subir direto e sofrer como sempre, calado.

Tranquei a porta do local, suspirei angustiado, doido e fui devagar e desolado para frente do grande espelho que ali em um canto se posicionava, minutos longos passam enquanto minhas mãos estão apoiadas no vidro a minha frente, mas meus olhos ainda não criam coragem suficiente para mirar, respiro ofegante como se estivesse parado poucos segundos para sugar o ar após uma corrida, uma maratona.

Paixão Obsessiva | 1° temp.| Vondy {EM REVISÃO.}Onde histórias criam vida. Descubra agora