6 -04 de Junho - Ombro Amigo

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Eram 08h00 da manhã quando o despertador do celular tocou, mas eu já estava acordado fazia mais ou menos duas horas. Fiquei revirando na cama, tentando enganar a mim mesmo de que todas aquelas lembranças perturbadoras da noite anterior na minha mente não passavam apenas de um pesadelo. Mas isso era em vão, quando eu levantasse daquela cama eu sabia que teria de enfrentar a minha nova realidade.

– Não foi um sonho, Adam – Eu disse a mim mesmo. – Jhon te traiu com o próprio sobrinho, e agora você é um chifrudo otário. Chifrudo. Chifrudo. Chifrudo – Quanto mais eu repetia aquela palavra, mais ela perdia o sentido. Acho que "traído otário" se encaixa melhor em mim.

– Bom dia – Disse minha mãe, quando eu entrei na cozinha. Eu não respondi. – Você não ia dormir na casa de Jhon?

– Não é um "bom dia" – Respondi ignorando a pergunta dela.

– Você está com uma cara péssima, Adam. O que aconteceu?

– Eu terminei com Jhon.

– Sério? – Falou ela me puxando para me sentar ao lado dela na mesa. – Por quê? O que aconteceu?

– Eu não quero falar sobre isso, mãe.

– Pode desabafar, Adam.

– Eu não vou falar sobre isso. A única coisa que você precisa saber no momento é que eu terminei com Jhon, e é por isso que eu estou mal.

– Ok – Falou ela, e depois me beijou na testa. – Mas quando quiser conversar, estarei sempre aqui.

– Eu sei – Falei pressionando os lábios.

Depois do café pensei em retornar ao meu quarto e ficar lá pelo resto da minha vida. Mas minha cabeça ficaria pior se eu fizesse isso, então decidi que seria melhor ficar na sala. Me joguei no sofá e liguei a TV, fiquei pulando de canal em canal, procurando alguma coisa interessante. Acabei deixando em um programa qualquer, onde um homem grisalho ensinava uma receita sei lá de que, eu não estava nem aí.

– A bunda de um macaco é mais bonita do que essa sua cara – Disse Andresa, se jogando no outro sofá. Provavelmente minha mãe já tinha dito a ela sobre o meu término com Jhon.

– A sua é horrível o tempo todo, mas nem por isso eu reclamo – Retruquei.

Ela roncou fingindo uma falsa risada.

– Muito engraçado – Falou ela com ironia. – Quer falar sobre o que aconteceu?

– Não, não quero falar.

– Então tá – Ela tomou o controle remoto da minha mão e mudou de canal.

Eu não queria desabafar com Andresa porque ela não saberia me ouvir, e nem com minha mãe porque ela não me entenderia e, por ela gostar muito de Jhon, com certeza ela iria acreditar na inocência dele, e me pedir pra conversar com ele. Então só tinha uma pessoa que eu sabia que poderia contar nessa hora: Natália. Ela é minha melhor amiga, e com certeza ela tem alguma coisa muito melhor pra me dizer do que "Vocês precisam conversar".

Entrei no meu quarto e tranquei a porta, desliguei o modo avião do celular, e imediatamente chegaram várias mensagens de Jhon, vinte e três no total, mais uma da operadora dizendo que eu tinha 17 novos recados, apaguei todas sem ao menos ler. Disquei o número de Natália e aguardei chamar, ela atendeu na metade do terceiro toque.

– Alô – Disse a voz suave de Naty do outro lado da linha.

– Oi, Naty.

O QUE ME TROUXE ATÉ AQUIOnde histórias criam vida. Descubra agora