Estou bem, o dia está calmo, calmo como toda manhã de domingo. Já passa das 09h00, nesse horário em outros domingos eu ainda estaria dormindo, mas hoje eu acordei, e estou tão ansioso que não volto a pegar no sono. Estou ansioso porque depois de oito meses de namoro – depois de grandes momentos ao lado de Eduardo, e a maioria desses momentos sendo marcados por desentendimentos – nós decidimos que hoje seria especial. Vamos fazer o segundo grande encontro do nosso namoro. Vamos refazer os mesmos passos do nosso primeiro encontro.
Nós deveríamos ter levantado mais cedo, mas estávamos abraçados tão aconchegadamente que ficamos o dia todo fazendo maratona de séries, dando pausas apenas para comer alguma coisa. Quando o último raio de sol atravessou o vidro da janela, a casa ficou com um tom amarelado, como se estivesse com um filtro vintage, de filme antigo.
Optei por vestir uma camisa branca e calça jeans escura. Calcei um tênis preto de Eduardo. Essa é uma das vantagens de namorar alguém do mesmo sexo.
– Leva um casaco. Eu vi no Climatempo que vai esfriar – Eduardo recomendou.
Lembrei-me do meu casaco favorito, seria um bom momento para usá-lo, mas vai saber por onde ele anda...
– E então? – Disse Eduardo, se virando do espelho até mim. – Como estou?
– Bonito! – Respondi.
– Isso é tudo o que você tem pra me dizer? Só bonito?
– Você está sempre bonito. Desculpe! Sou péssimo com elogios.
– Tudo bem. Ah! A propósito você também está bonito – Eduardo me puxou com força, me prendendo com seus braços em volta de sua cintura. Eu o beijei, ele mordeu meus lábios e me apertou em um abraço. Eu o afastei, quando ele passou a mão em minha cabeça, bagunçando o meu cabelo, que demorei um tempão para deixar bonito.
Uma rajada de vento frio veio contra mim quando Eduardo abriu a porta, um arrepio tomou meu corpo. Eduardo me olhou como se dissesse "Eu disse que faria frio". O céu, porém, estava limpo, e as estrelas brilhavam como luzes de Natal. Eduardo olhou para o céu por alguns segundos, como se procurasse algo, desde que ele viu a primeira estrela cadente, agora ele olha com frequência para o céu, mesmo assim não viu nenhuma estrela de novo.
Seguimos andando até o centro da cidade, há muitas pessoas na rua, não tem muita coisa pra fazer por aqui em um domingo à noite, as pessoas costumam ir à missa das sete, depois dão voltas na praça e se entopem nas barracas de acarajé e nos carrinhos de churros. Não tem mais nada além dos mesmos rostos de sempre. Seguimos até o coreto, mas ele está cheio de hippies e uma galera alternativa. Não encontrando lugar pra sentar, ficamos parados em frente a uma antiga fonte, que hoje está seca e abandonada. Seguro na grade que dá a volta cercando a fonte, me inclino sobre ela apoiando o peso do meu corpo.
– Foi aqui o nosso primeiro encontro. Você estava sentado ali – Disse Eduardo, apontando para um banco onde tinha uma galera de preto, com skates e BMXs. – Você estava incrivelmente lindo, nunca vou esquecer aquela imagem, porque foi naquele momento que te vi ali me esperando, que eu tive certeza que você seria meu.
– Quando você veio andando em minha direção, você estava com o mais doce sorriso, você caminhou timidamente até mim, e eu não acreditava que aquilo era real. Você acabou comigo naquele momento – Eu disse, chegando mais perto dele. Ele tocou meu rosto e me beijou, foi o suficiente para atrair olhares até nós. Mergulhei nos braços de Eduardo, quando percebemos que estávamos sendo observados, ficamos desconfortáveis.
– Odeio isso. Odeio esses olhares de julgamento – falei.
– Isso é muito chato. Quando vamos ser vistos como um casal qualquer?
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O QUE ME TROUXE ATÉ AQUI
عاطفيةUm acidente pode destruir tudo, até mesmo uma história de amor. Você já parou pra pensar no que te trouxe até aqui? Quando você pensa nisso você se assusta com as milhares de possibilidades de coisas que poderia acontecer? Teoria do caos. Um simples...