13 - 28 de Junho - Ansiedade

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O despertador tocou às 06h00, eu adiei para as 06h10, assim eu tinha mais dez minutos para dar um cochilo, quando o despertador tocou novamente anunciando o fim daqueles dez maravilhosos minutos, infelizmente tive que levantar. Quando olhei no visor do meu celular, vi que havia cinco novas mensagens, eu as abri em seguida, era Eduardo respondendo a mensagem que eu tinha mandado antes de dormir.

Eduardo: Eu tenho que te agradecer por ter me proporcionado a melhor noite dos últimos anos. Estou passando por um momento muito difícil, tive uma grande perda em minha vida, mas ontem você me fez esquecer a dor por uma noite, uma noite mágica. Obrigado.

Eduardo: Você estava muito cansado, já deve ter dormido, mas quero te desejar uma boa noite. Quando você acordar, nós conversamos. Beijos.

As outras três mensagens eram as fotos que tínhamos tirado na pracinha, eu estava com os olhos vermelhos e com cara de sono, já ele estava lindo, com o mesmo doce sorriso que ele estava a noite toda. Antes de levantar eu respondi as mensagens.

Na tarde deste mesmo dia fui fazer a maldita viagem com meu chefe Roberto, fiquei com a cabeça presa nas lembranças da noite passada, mal troquei duas palavras com Roberto durante a viagem toda. Toda vez que eu olhava no relógio, parecia que o tempo estava em uma grande ampulheta, as 48 horas que faltavam para ver Eduardo de novo não passavam, cada minuto passava como um grão de areia a menos, uma tortura.

A viagem era uma verdadeira bosta, e quando eu lembrava que eu poderia estar ao lado de Eduardo, ao invés de estar naquela droga de viagem, eu ficava mais frustrado. A cidade onde ia acontecer o evento era a menor cidade que existe, se não for a menor, perde por pouco. Fiquei desesperado e ainda mais ansioso quando vi que não tinha sinal de celular na cidade. Porra, o que mais falta acontecer agora?

Um minuto

Um grão a menos

Dois minutos

Dois grãos a menos

Três minutos

Três grãos a menos

Quatro minutos

Quatro grãos a menos

...

Um lindo e quente raio de sol me despertou, meus olhos seguiram direto para o relógio: 06h56. Levantei em um pulo, me arrumei o mais rápido possível, queria sair o quanto antes daquele lugar, na verdade queria voltar o mais rápido que pudesse para ver Eduardo.

Roberto também parecia estar com pressa de chegar logo em Poções, porque ele estava correndo muito, já tinha ultrapassado uns sete caminhões, eu estava com um pouco de medo, mas também queria que chegássemos logo em Poções, então não liguei muito. Estávamos entrando na primeira cidade desde que saímos da cidadezinha. Estava torcendo para que tivesse sinal de celular. – Finalmente! – Falei deixando escapar minha alegria ao ver o primeiro pontinho de sinal aparecendo no visor do meu celular. Meu celular começou a vibrar sem parar anunciando a chegada de dezenas de mensagens. Havia ligações da minha mãe e uma de Naty. Fui direto ver as mensagens. Dez delas eram de Naty, falando da viagem, e que estava odiando São Paulo e estava morrendo de saudades. Deslizei o dedo pela tela do celular, ansioso pelas mensagens de Eduardo. Meu coração acelerou quando vi-as finalmente.

Eduardo: Boa viagem!

Eduardo: ?

Eduardo: Podemos nos encontrar no portão do colégio, na segunda-feira?

Eduardo: Já chegou? Quando chegar me avisa?

Eduardo: Você está aí?

Eduardo: :-(

Eduardo: Quando ver essas mensagens, me diz como você está?

Senti um pouco de culpa, Eduardo devia estar achando que eu o ignorei. Eu respondi as mensagens logo antes que saíssemos da cidade e o sinal caísse.

Eu: Mil desculpas! A cidade que eu estava não tinha sinal de telefone, fiquei esse tempo todo sem comunicação.

Eu: Já estou a caminho de volta a Poções.

Eu: Senti saudades. Queria falar com você.

Eu sei que pareci um ridículo desesperado, mas eu estava mesmo desesperado, toda a ansiedade estava me matando e agora eu estava achando que Eduardo estava chateado comigo. Ele respondeu logo em seguida.

Eduardo: Tudo bem! :) Eu pensei que você estava mesmo sem poder falar.

Eu: Ufa! Pensei que você estivesse chateado, ainda bem que não está.

Eduardo: Claro que não. Mas me diz como foi a viagem?

Eu: Prefiro esquecer.

Eduardo: O que houve? Me conta.

Eu: À noite eu te conto.

Eduardo: Então você vai me encontrar na entrada do colégio?

O sinal caiu.

– Droga! – Eu disse, dando um tapa na tela do celular.

– O que foi? – Roberto quis saber.

– Nada – Eu respondi, respirando fundo e jogando minha cabeça contra o banco do carro.


O QUE ME TROUXE ATÉ AQUIOnde histórias criam vida. Descubra agora