10 - 25 de Junho - Conversas

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Meu primeiro dia de trabalho até que está sendo legal, já sei exercer todas as minhas funções, acho que meu amor pela fotografia facilitou as coisas, só tenho que ser mais rápido, como meu chefe mesmo disse. Também tenho que aprimorar minhas habilidades no Photoshop, mas, modéstia à parte, eu levo jeito.

Meu chefe saiu por uma hora, acho que posso dar uma espiadinha no Facebook. Esses últimos dias eu tenho entrado no Facebook a cada meia hora, ansioso por ver Eduardo aceitar a minha solicitação de amizade, e quanto mais dias se passavam mais eu perdia as esperanças. – Com certeza ele viu e não quis aceitar – Eu pensava. Algumas vezes até deslizei o cursor do mouse, pensando em cancelar a solicitação, mas sempre ficava tentado a esperar mais um pouco. – Vou esperar até ele publicar alguma coisa, aí vou ter certeza que ele viu e não aceitou – Eu dizia a mim mesmo. Mas hoje eu não tinha entrado no Facebook o dia inteiro, então estava super ansioso. Quando abri a minha conta, lá estava a notificação que eu tanto esperava: "Eduardo Novais aceitou sua solicitação de amizade". Meu coração acelerou, eu abri um largo sorriso e quase pulando de animação, imediatamente abri o perfil dele, nenhuma publicação nova, comecei olhar as fotos, eram poucas, a maioria tiradas em ocasiões familiares, tinha uma foto que ele deveria ter uns dez anos, ele estava com uma garota de cabelo grande e volumoso e, pelos comentários, pareciam ser bem íntimos até hoje.

Procurei por algo que indicasse se ele era assumido ou não, porque uma das coisas que eu evito é me relacionar com alguém que esconde sua sexualidade, é como um campo minado, você não pode ir muito além, tem que ser cauteloso, para evitar "explosões". Mas ele tinha um amigo que eu conhecia, que também era gay, e pelos comentários que eles trocavam nas fotos pessoais de Eduardo, me parecia que ele era assumido, também achei algumas postagens na linha do tempo dele que revelavam que sim. Enquanto eu revirava o perfil de cabeça pra baixo, chegou uma nova mensagem. Era de Eduardo: – Oi – Dizia a mensagem. Estou surtando, minhas pernas estão bambas e meu corpo, gelado. Eu não esperava nem que ele me aceitasse, muito menos que me mandasse mensagem. Ele estava online, então eu respondi em seguida.

Eu: Olá.

Eduardo está digitando...

Eduardo: Finalmente tive coragem de falar com você.

Eu: Ainda bem, porque eu não teria a mesma coragem.

Eduardo: Eu só falei porque você me adicionou.

Eu: Tenho que confessar que deu um trabalhão te encontrar.

Eduardo: :)

E agora, o que eu faço? O que eu devo perguntar? Não quero dizer nenhuma merda.

Eu: Como estão as coisas por aí?

Eduardo: Nada bem :(

Eu: Por quê?

Eduardo: Acabei de perder minha avó.

Droga! Entrei em um assunto delicado. O que eu devo dizer? Como eu saio disso?

Eu: Sinto muito!

Eduardo: Obrigado! Está sendo difícil, ainda mais que eu morava sozinho com ela, e agora lidar com a falta dela está sendo muito ruim.

Eu: Eu sei como é difícil, também já perdi uma avó.

Mas e agora, você vai ficar sozinho?

Eu sei que não deveria ter feito essa pergunta, mas fiquei curioso.

Eduardo: Estou na casa da minha tia, mas vou morar sozinho a partir de agora. Não quero mais falar sobre isso.

O QUE ME TROUXE ATÉ AQUIOnde histórias criam vida. Descubra agora