Capítulo II

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25 anos atrás...

— Mande preparar a melhor carruagem, minha filha deve chegar à igreja como uma rainha. — Ordenou o barão Lessa. No final da história ele não sabia esconder a felicidade que estava estampada em seu rosto. A sua filha mais velha, Lorena Lessa, iria dentro de poucas horas se casar com o nobre e respeitado cavalheiro, Luiz Miguel, para os demais: Tenente Coronel Palhares.

— A senhora está divina, dona Lorena Lessa. — Pronunciou a jovem que cuidava o cabelo da senhorita Lessa.

— Por favor, dona Palhares... — Lorena advertiu a sua dama de companhia, Violeta. — Em poucas horas serei a senhora Palhares, e advirto que devo-me acostumar ser chamada dessa maneira. — No final, tanto Violeta como Lorena não puderam resistir e caíram em uma profunda e contagiante gargalhada.

Os Lessa eram respeitados e na cidade de São Paulo onde residiam eles eram a representação viva do imperador, mas, infelizmente o império já havia ruído e dessa forma seus títulos de nobreza, já não tinham se quer valor algum. O fruto da riqueza da família provinha das importantes fazendas de café no interior do estado, mas diferente de outras famílias, eles preferiram viver no conforto e barulho da cidade. E, assim, degustar das luxúrias que só zona urbana podia oferecer. O casamento da filha mais velha do barão Lessa, era motivo de orgulho, tanto que a forma como às três filhas do barão foram criadas realmente chamava a atenção: madame Lorena, madame Pamela e madame Berenice, foram educadas na Europa, e só depois de completarem seus dezoito anos elas retornaram ao Brasil. De fato, isso chamava muito atenção da sociedade paulistana, mas principalmente do jovem tenente coronel Luiz Miguel Palhares. 

A carruagem vinda especialmente da Inglaterra, por ordem do senhor Emanuel Lessa, chegou à igreja centenária da cidade de São Paulo

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A carruagem vinda especialmente da Inglaterra, por ordem do senhor Emanuel Lessa, chegou à igreja centenária da cidade de São Paulo. Só aquele ato do barão já chamou a atenção de milhares de curiosos, de fato, o senhor Lessa podia dizer a todos que ele era um dos fazendeiros mais ricos da jovem república brasileira.

Vestindo-se de um belo vestido encomendado pela baronesa Lessa, trazido especialmente de Paris, madame Lorena Lessa chegou à igreja na companhia de seu pai, e de imediato, deixou a todos os presentes surpreendidos, pois, a mesma estava radiante. Para dar a todos os convidados um tom de perfeição, a baronesa viúva como assim era conhecida à mãe do senhor Lessa, dona Adália Lessa de Albuquerque, contratou uma banda especialmente para tocar a marcha nupcial de sua neta mais velha. A senhora baronesa viúva era contra as economias e acreditava que a república seria a ruína do Brasil, e que os valores monárquicos e cristãos jamais poderiam andar separados. Embora houvesse contradições, essas brigas de ideais, era logo acentuada pela presença de sua melhor amiga, dona Catarina Almeida, viúva e herdeira de uma próspera fazenda no estado do Rio de Janeiro. A senhora Catarina perdeu o único filho na guerra do Paraguai e o marido acabará de falecer dias antes da proclamação da república, mas apesar de tudo ela havia comprado uma casa em São Paulo e estava disposta a vender suas terras, pois, o Rio, já não lhe traziam boas recordações. 

Na saída da igreja, pausa para as fotos, na manhã seguinte tudo estaria estampado nos principais jornais de São Paulo

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Na saída da igreja, pausa para as fotos, na manhã seguinte tudo estaria estampado nos principais jornais de São Paulo.

Assim que adentraram na carruagem rumo a lua-de-mel na Europa, dona Adélia fez questão de humilhar um casal de italianos que observava atentamente a cerimônia.

— Escoria da Europa! É por essa e outros tantos motivos que eu odeio essa gente... Odeio essa república, jamais irei me adaptar aos tempos modernos que estão por chegar a essa nação. — Contestou a baronesa viúva fazendo uso de seu leque florido.

Madame Berenice, que estava aos fundos e por azar escutou os xingamentos de sua avó, aquela gente, logo tratou de defender, e, disse: "Que sua atitude lhe causava repudio, pois, já não o conhecia há muito tempo, talvez nunca o conhecesse, pois, na época do império fazia questão de amaldiçoar a libertação dos escravos".

— Tenha um pouco mais de respeito, Berenice... Acredito que ainda sua avó.

— A senhora sempre será! — Afirmou a jovem relutante. — Mas antes de tudo deve saber que pensamos de maneira diferente e desculpe-me querida vovó, mas seu belo império, não volta tão cedo. — Assim que finalizou, Berenice, tratou de desculpar-se com o jovem casal de italianos. E, no final, isso deixou sua avó ainda mais furiosa.

Embora a lua-de-mel viesse a ser na Europa a festa seria em um palacete muito requisitado pela nobre e finíssima sociedade paulistana. Depois de um jantar digno de realeza, Lorena Lessa e o senhor Luiz Miguel Palhares partiram em uma viagem de três meses pela Europa.

Mas os planos mudaram. A Europa cativou o casal e os três meses viraram quase seis, quando eles retornaram ao Brasil em um jantar organizado pela baronesa viúva, a notícia, Lorena e Luiz Miguel teriam um herdeiro.

Apesar das discórdias decorridas do momento Luiz Miguel não queria viver no casarão da família Lessa. Todo aquele luxo e ostentação eram demais para o mesmo, ao jovem coronel lhe agradava a vida mais simples e tranquila, porém, devido a gravides de risco de sua esposa ele acabou cedendo e no final mudou-se para a residência dos Lessa.

E dizer que os nove meses passaram voando, quando se percebeu, chegou o dia do nascimento, de tal maneira inesquecível, pois era um dia chuvoso e frio na cidade paulistana.

E dizer que os nove meses passaram voando, quando se percebeu, chegou o dia do nascimento, de tal maneira inesquecível, pois era um dia chuvoso e frio na cidade paulistana

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Após muita curiosidade e impaciência às 14 horas o choro de bebê ecoou pela mansão, era uma menina, sim! A herdeira dos Lessa e Palhares era uma menina.

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