Capítulo XIV

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— Maldição... Maldição...

Nem mesmo o charuto que Robert Fumava podia lhe conceber alguns segundos de paz, pois, naquele exato momento ele descobria pelos jornais que toda uma carga de algodão de sua fazenda nos Estados Unidos fora perdida e tudo por causa de um bombardeio de um submarino alemão.

— Se prosseguirem nesse ritmo não haverá outra solução, a não ser regressar para os Estados Unidos. — Enfatizou o Sr. Bennett logo após descartar o jornal no lixo.

— Por favor, meu caro amigo, Robert, não desista, eu tenho esperança que esse conflito logo irá terminar. — Emanuel surpreendia ao adentrar na sala de sua humilde casa.

A conversa foi calma e tranquila, ambos os senhores falaram sobre negócios que incluía a parceria de exportarem café para a Europa, mas no momento deveriam ter cautela, pois era questão de tempo para primeira grande guerra mundial explodir no Brasil e na América Latina.

Foi uma manhã agradável para os senhores e se Emanuel estivesse na Inglaterra, país natal de Robert, seria convidado para tomar uma tradicional xícara de chá, mas como outrora era Brasil, ele logo optou por uma velha e boa xícara de café. Apesar de falarem especialmente de negócios, Emanuel bem que tentou, mas não havia outro remédio senão referir-se ao assunto de sua filha, Isabeli. Era impossível não falar, afinal, o decorrido fato virou notícia de capa dos jornais e todos estavam comentando.

— Paolo Furlani o senhor tem visitas. — Gritou o guarda da prisão.

Quem seria? Logo de início o jovem pensou em sua família e no final, acabou descartando, chegando à conclusão que talvez fosse Isabeli, mas não teve fé e por fim se surpreendeu, pois quem estava ali na cadeia da delegacia da polícia era a, . Justine Bennett.

— Em que posso lhe servir Srta. Bennett? — Todo envergonhado perguntou o jovem e tímido rapaz.

— Apenas me diga toda a verdade... E, talvez, eu possa lhe ajudar. — Pronunciou, Justine, enquanto fumava seu cigarro e observava detalhadamente cada movimento corporal do jovem rapaz.

— Me desculpe, Srta. Bennett... — Neste exato momento Paolo recordou da mansão Lessa, e logo, todas as lembranças de um mês atrás lhe veio à mente.

A forte luz da manhã irradiava os cômodos do palacete e sobre suas paredes entre quadros pitorescos; fotos dos membros da família, com ênfase, no quadro do primeiro barão ao lado do imperador Pedro I do Brasil. Era um quadro pintado a óleo, tendo o autor da obra sua assinatura em avançado estado de deterioração. Para os empregados do palacete as fotos e imagens retratadas naquele imenso corredor não eram obras de arte, mas de pesadelos como eles assim defendiam, contudo, sempre estava sobre a vigilância inconstante do senhor Josef ou da senhora Rose, ou seja, verdadeiros cães de guarda da família Lessa.

— Uma demissão já não foi o suficiente, Sr. Furlani? — Perguntou descrente. — Acredito não precisar novamente! — Era Josef, o mordomo fazendo uma breve crítica a Paolo tendo em vista que seus serviços já não agradavam como outrora.

— Não sei o porquê de não demitir esse italiano, ele vive no mundo dos sonhos. — Leonardo o sub-mordomo fazendo sua tradicional crítica e, no final, estava mais evidente que os dois senhores não se toleravam. — Vamos italiano, o jantar para a família precisa ser servido. — Acrescentou arrogantemente.

Resultado final: foi um tropeço de Paolo se assim podemos dizer, pois, toda a bandeja que o mesmo carregava veio ao chão e o constrangimento fora incomparável, naquele exato momento aquele humilde rapaz só pensava em desaparecer, mas infelizmente isso era impossível já que os olhos da criadagem estavam todos sobre ele.

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