Capítulo XV Parte II

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Medo, pavor, terror, todos os sentimentos misturados, e no momento, a vida se esvaziando como areias do deserto em meio ao mar de pesadelos e inverdades.

— Por favor, não me mate, eu suplico.

— Eu lamento muito, mas no momento temo em lhe informar que seu fim chegou.

Enquanto aquela garota lutava pela sua vida, seu opressor tinha sobre suas mãos o destino da mesma. Lutar e lutar era o seu lema, mas quanto mais ela lutava e se agarrava ao vazio, da mesma maneira suas forças se esvaziavam de seu corpo, de certa forma, era como se o sopro de vida fosse lhe tirado de uma hora para outra, em outras palavras, o ladrão estava lhe roubando seu bem mais precioso e neste exato momento ninguém estava ali para lhe defender, e em questão de segundos tudo que um dia era uma mera contagem de tempo, do nada, tornaram-se os segundos mais preciosos e vitais de sua vida.

Enquanto se preparava para dar seu último respiro, Cristina fixava o seu olhar no rosto daquele homem e como num piscar de olhos as recordações lhe vieram à mente e tudo funcionava como um flash, sendo este, um verdadeiro resumo da vida passando sobre os seus olhos enquanto a chama da vida apagava-se de seu corpo.

No exato e cruel instante Cristina lembrou-se do árduo momento que desfrutou na mansão Lessa, as humilhações que passou naquela residência ao lado de seu amigo e confidente Paolo também não puderam ser esquecidas, mas nem tudo eram dores, ela foi feliz e, sobretudo, riu muito ao lado de seus amigos e como não tinha família, dona Margarida chefe da cozinha era como uma avó, a Sra. Rose, embora toda marrenta e durona cabia lhe o perfeito papel de uma mãe e ao lado do Sr. Josef, ela tinha os pais que sempre sonhou, seus irmãos eram Paolo, Haidê e Filipe e de presente herdou como primo o bravo, Leonardo Ricco, outrora sempre zangado, mas debaixo daquela máscara de homem frio sabia exatamente que existia um homem bondoso e afetuoso.

Resumindo: ela viveu e no pouco que provou da vida foi feliz, mas arrependeu-se no árduo e triste momento que conheceu o Sr. Alessandro Meirelles. Aquele homem misterioso que lhe enfeitiçou e prometeu o mundo só estava brincando com seus sentimentos, ele partiu o seu coração e agora estava-lhe tirando a vida.

Perder a vida foi o preço que lhe custou por ajudar um amigo, mas para ela, um amigo era família, e família era para toda vida e nada se trocava ou se comparava a uma família. Se o seu destino era morrer, então, ela morreria feliz.

Assim como Paolo, ela sabia que os Lessa escondiam um segredo, porém, quis o destino que o homem que tanto amou fosse também o ceifeiro que tiraria a sua vida. Semanas atrás, Cristina, adentrou na casa daquele senhor e ao revirar a mesma aproveitando que não se encontrava, acabou encontrando um papel que rompia de vez aquele mistério e colocava um ponto final naquela história.

— Onde está o maldito papel? — Perguntou Alessandro todo irritado e, ao mesmo tempo, o sufocando-a contra a parede. — Diga-me onde se encontra e juro que pouparei a sua vida.

— Já é tarde meu amor... Ele não se encontra mais em meu poder. — Explicou a jovem já sem forças e desejando que o mesmo pusesse um fim naquele dilema.

— Como?! Maldita...

Alessandro perdeu o controle de suas mãos e sobre estas colocou toda a força que podia. Cristina faleceu, morreu por amor, mas, sobretudo morreu feliz porque de todos os amores, ela conheceu o principal; o amor de uma família.

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