-Psiu! –Sussurrou Harmonia, enquanto entrava sigilosamente em meu aposento, no meio da madrugada.
-Quem é? –Eu acabara de acordar, minha visão ainda estava um pouco turva.
-Harmonia! –Cochichou.
-Entre! –Exclamei. –O que faz aqui no meio da noite?
-Fale baixo! -Ela disse, no tempo em que adentrava meu quarto. –Vim te chamar para fazer uma coisa...
-Olha Harmonia, se for para pentear teus cabelos, aguarde até amanhã. –Bocejei, enquanto olhava seu cabelo ruivo alaranjado, para ter certeza de que já não estava escovado.
-Não é isso!
-O que é então?
-Vista seu melhor vestido casual e vá até o salão, estarei lá. –Ela se retirou.
Assim o fiz, abri meu guarda-roupa de prata e escolhi algo confortável: Um vestido azul-turquesa, sem alça e de calda longa.
Caminhei pelo piso de cristal do corredor, até chegar ao quartzo branco. Eu já me encontrava no meio do salão, que permanecia vazio. E para minha surpresa, havia uma gigantesca concha branca abeirando a ventana.
-Olá? –Eu disse.
-É a Lana! –Harmonia murmurou com alguém, saindo de dentro dela.
-Que concha é essa?
-É a concha de minha mãe! –Ela exclamou. –Venha! Aproxime-se.
Cheguei um pouco mais de perto, quando percebi que Afrodite também estava conosco.
-Olá, Lana! –Ela deu um sorriso, sentada sobre o molusco da concha aberta. Pude perceber que usava uma branca camisola sensual, embaixo de um leve tecido transparente que envolvia seu corpo.
-Olá! –Respondi. –O que está havendo?
-Bom, minha mãe e eu decidimos que daríamos uma volta pela Índia. Então resolvi chamar você! –Harmonia exclamou em voz baixa.
-No meio da noite?-Perguntei.
-Sim.
-Será que não podemos esperar amanhecer? Minha mãe pode ficar preocupada, na hora em que acordar.
-O problema é este, Lana, decidimos viajar de madrugada, pois assim sua mãe não saberá. –Afrodite assumiu. –Ela não te deixaria ir para tão longe.
-Não acha que isso é incerto?
-Acho que o incerto é você ficar aqui, mofando.
-Talvez fosse melhor ir com a gente, para conhecer a Índia. –Harmonia sugeriu. –A concha viaja há ano-luz, então não levará tanto tempo para chegarmos lá.
-Possivelmente conheça alguém charmoso. –Afrodite soltou uma risadinha.
-Não sei... –Eu realmente não tinha certeza. No entanto, meu interesse era ir para conhecer os mortais.
-Vamos! –Clamou Harmonia. –Talvez você não tenha outra oportunidade tão cedo. Não iremos te obrigar, é claro. Isso é um convite.
-Um convite para ver beleza! –Engrandeceu a deusa sensual.
-Tudo bem! –Decidi. –Eu quero ir.
-Muito bem! Acomode-se em minha concha. –Ela sentou-se para o lado.
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A deusa do nada
PertualanganO Monte Olimpo é onde Lana cresceu e viveu por muito tempo, não sabendo qual a sua representação na natureza. Diferente de sua mãe adotiva Atena, ela sempre teve dúvidas sobre o modo que os mortais e deuses viviam. Seu questionamento é um patamar se...