Capítulo 10

10 2 0
                                    

— AJUDA O JEDI QUE TÁ DOENTE AÍ, NIYV! — Gritei, esperando que ele se prontificasse a ajudar o Hachi a subir na nave.

O supervisor da segurança e o líder da equipe de manutenção nos acompanharam, em uma caminhada que mais parecia uma marcha fúnebre onde ninguém abriu a boca, tamanho o estresse passado dentro da fábrica. Demorou até que aquela voz medonha sumisse da minha cabeça, ou eu pudesse lembrar dela sem sofrer tanto. Apenas chegando na nave ouviu-se algum som. Era minha voz pedindo para o Niyv, que ia na frente de todo mundo, ser solidário com o Hachi, ainda visivelmente abalado pela experiência que passou na fábrica.

— Seria bom falar mais baixo. — Minora estava me repreendendo. — Não é interessante alardear que há jedi por aqui.

Dessa vez apenas abaixei a cabeça e concordei.

O cara de gato foi deixado no meu alojamento, e com isso tive que contentar com a oficina. Não que isso fosse incômodo algum, pelo contrário: sempre preferi o cheiro de óleo e metal ao odor de qualquer coisa orgânica! Só que todos nós ali, em alguma medida, precisávamos de um descanso, e normalmente barras de metal não são macias o suficiente para descansar a cabeça. Sorte que ainda existem almas generosas na galáxia.

— Shizo? — Era o Niyv querendo alguma coisa comigo.

— Que é? — Perguntei sem desviar o olhar do teto.

— O jedi pediu pra entregar isso aqui. Disse que não precisaria. — Então Niyv jogou algo fofo na minha cara. Era um travesseiro. Era o suficiente. O chão não preocupava, pelo contrário: me fez um bem danado para as costas, a não ser alguns solavancos na viagem. É o que se ganha por viver no espaço, paciência.

Tudo estava bem agora, exceto por um detalhe: eu não conseguia dormir de forma alguma. Aquele caos, todo o pânico que passamos no planeta, aquelas vozes... Minha própria cabeça não me deixava simplesmente apagar durante a viagem. O jeito era ocupa-la de alguma forma enquanto o cansaço não me alcançava.

Na nave também não se escutava nenhuma voz. Todos estavam ainda meio assustados, talvez pensando no ocorrido e em uma forma de explicar para os grandões do conselho Jedi o que se passou naquele maldito lugar.

— Olha só, eu sei que tá todo mundo aqui meio transtornado com esse negócio, mas silêncio dessa vez não vai ajudar. Se não conseguirmos conversar sobre essa bizarrice entre a gente, por que acham que vai ser diferente com o conselho jedi? — Perguntei, tentando me distrair com algum projeto.

— Você não faz ideia do tamanho da ameaça que estamos enfrentado a partir de agora, Shizo! — Respondeu Minora, com uma voz carregada de pesar.

— Bem... Que tal explicarmos o que está acontecendo? Não sei quanto a vocês, mas eu ainda estou meio perturbado com tudo isso.

— Shizo... — Interveio Erak — Não é a hora mais adequada para falarmos nisso.

— Bom, se mudarem de ideia, me chamem por favor! Já perdi muito tempo e dinheiro por causa disso, gostaria que ao menos pudesse fazer parte disso de alguma forma que fosse!

Me retirei para tentar dormir mais uma vez. Alguns minutos depois meus olhos se fecharam e entrei naquele estado de sonolência onde você não sabe se está dormindo ou acordado. Comecei a ouvir conversas e me peguei vendo um esquema de uma nave qualquer que precisava de reparos urgentes. Após isso, ouvi um grito. Imediatamente me levantei por causa do susto e corri para a ponte. Vi o vulto de Erak sumindo em direção aos quartos e o segui. Lá estava Minora jogada no chão, suando frio e com lágrimas nos olhos. Havia dor e desespero no seu rosto. Haquim estava lhe amparando. Tomada pelo pânico, mal conseguia pronunciar as palavras:

Star Wars - O Esquadrão AmareloOnde histórias criam vida. Descubra agora