O Grito Silencioso (Livro I)

Antes da decisão - Cap:10

Sento na cadeira da sala de jantar e espero Wagner dizer o que há, Marcia me olha com desgosto mas ao mesmo tempo com felicidade.

—Primeiramente, bem-vinda de volta, desculpa não termos ido visita-la, estávamos resolvendo umas coisas —Disse Márcia, incrível...

—Que coisas?... —Pergunto olhando para Wagner.

—Sobre você, Kartnay. Fomos a uma psiquiátrica e queremos que você mude, vire mulher de verdade, pare com essas birras de ser cortar e decidimos que vamos te mandar para la — Diz Wagner sério, e sem alterações de emoções.

—Eu acabei de voltar do hospital e é assim que me recebem? —Digo levantando da cadeira. —Por que não me matam logo de uma vez? Pelo menos eu estarei feliz e livre.

Saio da casa descendo para o primeiro andar para falar com Dylan, quando o vejo com algumas sacola entrando em casa.

—Dylan... —Digo.

O mesmo me olha preocupado e vem em minha direção.

—O que aconteceu? Você devia estar em casa descansando Kartnay. —Diz Dylan tocando no meu rosto.

—Meus pais... Querem me levar para uma psiquiátrica, para eu parar com essas coisas de cortes e para mim virar mulher... Eu nem voltei para casa direito...

Dylan me abraça forte, o abraço também chorando mais e mais.

Entro em seu apartamento. Dylan coloca as sacolas de mercado em cima da mês a da cozinha e me pede para se acomodar no sofá.

—Apartamento bonito. —Digo.

—Obrigada, tento deixar ele o mais limpo possivel —Diz Dylan coçando a parte de tras da cabeça e rindo, eu ri junto. —Vou tomar banho, liga a TV para você ver algo, ou liga o vídeo game para jogar, fique a vontade Kartnay.

—Obrigada Dylan —Digo dando um sorriso.

Dylan vai para seu quarto pegar as coisas dele e ir para o banheiro tomar seu banho.
Me sento no sofá e fico olhando para o teto e pensando sobre tudo que esta acontecendo.

Fiquei assim durante um bom tempo.

—Será que o mundo está contra mim para me ver morta? -Digo pensando alto olhando para o teto do apartamento — Só choro, só peço socorro e ninguém está aqui para me socorrer, será que eles querem me ver morta ou apenas machucada? Que droga, só queria morrer para tudo isso a acabar logo.

—E vai me deixar sozinho? Eu sou seu amigo, quero te ajudar Kartnay —Diz Dylan encostado na parede.

—Desde quando você esta ai?!

—Faz uns dez segundos. — diz ele se sentando do meu lado.

—Você escutou? —Digo olhando para ele.

—Sim, por que pensa assim? Eu não estou contra você, eu gosto de você, eu estou aqui para te socorrer, você tem a mim, não acumule tudo para si tabom? —Dylan cora ao acabar de falar

Fico envergonhada, sinto minha bochechas ficarem quentes. O que eu faço? O que eu digo? Que clima é esse gente? Preciso de algo para mudar de assunto.

—Onde então seus pais? —Pergunto para mudar de assunto.

—Viajando, eles sempre viajam, então moro sozinho aqui.

—Entendo.

—E você, gosta de mim? -Pergunta Dylan.

Minhas bochechas estão muito quente. Eu não sei se gosto dele, ele me faz sorrir, depois que minha vida conheceu ele, melhorou mas também piorou, estou com medo de me apaixonar e, acabar me magoando e isso em destruir aos poucos...

—Bom... Err... Eu preciso ir, vou para o terraço, com licença. —Digo mudando de assunto novamente e indo até a porta tremendo

—Nao vai me falar? —Pergunta Dylan se levantando.

—Dylan, não estou preparada para falar sobre meus sentimentos. —Digo muito envergonhada e triste.

—Entendo —Dylan suspira — Desculpa Kartnay.

Saio dali e vou até o terracço, sento na beira do prédio e fico olhando para baixo. Vendo pessoas minúsculas, carros, barulho e um asfalto.
Engraçado, tentei me matar várias vezes, mas nunca consegui. Só quero acabar logo com isso, viver em paz como se nada tivesse acontecido, se eu nunca tivesse me encontrado com Dylan, estaria morta e feliz, mas ele me salvou de meu desejo, com ele tudo melhorou, mas também piorou.

Quero acabar com tudo isso, mas como?

Me deito à beira do prédio e fico olhando para o céu, onde penso sobre a vida, sobre Dylan, sobre tudo. Mãe, o que faço?

—Siga seu coração filha —ouço a voz da minha mãe ecoando em minha mente.

—Meu coraçao? E se ele estiver errado?

—Só saberá se fazer filha —ouço minha mãe outra vez em minha mente

Desci até o apartamento de Dylan e o vejo encostado na cama, lendo um livro com a cara abatida.

—Desculpa... —Digo.

Dylan me olha e vem em minha direção.

—Tudo bem Kartnay, vou fazer de tudo para te ajudar e vou te conquistar para ficar comigo pelo resto da vida. — Dylan me abraça forte.

—Obrigada por entender.

Retribuo o abraço envergonhada.