Acordo na cama do Dylan e o vejo deitado no colchão, parece um anjo dormindo, a boca entre aberta, vermelhos, da vontade...
Vejo o horário e levanto correndo.
—Dylan estamos atrasados para a escola! —Digo sacudindo ele.
—Mais cinco minutos...—Diz Dylan voltando a dormir.
—Dylan!
Grito e assim consigo o acordar, ele levanta meio sonolento e arruma seu material. Vou até em casa e me arrumo para ir a escola —já que meu pai está no trabalho, não tem problema eu entrar—, me arrumo e desço para o primeiro andar onde Dylan mora. Ele sai de casa e fomos para a escola à pé. Ele me deixa na escola e vai para a sua. — Não estudamos juntos... Vejo olhares virados a mim e vou o mais rápido possível para a sala, me sento no lugar de sempre perto da janela e espero a aula começar, vejo uma silhueta feminina, era Bianca entrando e indo para o outro lado da sala —Que estranho, ela não veio me importunar hoje, o que está acontecendo? —.Vejo Yan entrando na sala, ele passou direto por mim, não direcionou o olho para me ver e nem mesmo me comprimentou.
O que está acontecendo aqui hoje? Estou ficando confusa...
A aula começa e fico pensando no que está acontecendo, por que todos estão me olhando estranho? Todos estão me me ignorando, por que Yan não fala comigo? O que está acontecendo?
Era tantas perguntas sem respostas, que eu queria apenas ir embora dali, e me afogar para nunca mais voltar.Fico olhando pela janela a paisagem que ha ali. Depois de um tempo me deito na mesa debruçado e durmo. Começo a sonhar com o Dylan em um jardim de flores brancas, sorrindo, ele olha para uma árvore e seu sorriso some completamente, algo começa a puxa-lo para perto da árvore, Dylan começa gritar pedindo ajuda, eu não consigo me mexer para ajudar, vejo sangue para tudo qualquer lado e vejo as flores brancas virando vermelhas ensanguentadas, acordo com o susto e vejo que não havia mais ninguém ali. Será que dormi muito? Olhei o relógio e vi que era o intervalo. Peguei minha comida e fui para o banheiro comer lá, já que ninguém quer minha presença e também, ninguém quer falar comigo.
Yan me deixou, ele fez que nem as outras pessoas —Ficam perto, mas do nada, sem motivo algum, se afasta de mim completamente —, to cansada disso, estou cheia, triste, desesperada, estou gritando em silêncio, por que não ouvem o meu socorro?
O sinal ecoou, estava na hora de voltar para aquelas pessoas.
Começou a aula e todos continuaram sem falar comigo. Odeio isso aqui, odeio todos. Me deito debruço e começo a chorar, tentando nao soluçar — Assim ninguém saberia que eu estava chorando. —, só quero ir embora desse mundo, há um lugar melhor em que eu possa viver sem sofrimento? Levanto a cabeça quando o choro se cessou, assim fiz minha lição e esperei o sinal tocar para ir embora. Só mais cinquenta minutos para acabar a aula e aquilo tudo "acabava". Aquele silêncio inoportuno.
O sinal do meio-dia ecoa por toda escola, os alunos guardam seus materiais e vão para as suas devidas casas. Arrumo meu material, saio da sala em direção ao banheiro, quando estou prestes a entrar no banheiro Yan vem correndo em minha direção.
—Kartnay! — Grita Yan correndo até mim.
—O que você quer? Já não bastava me ignorar, o que mais quer? Me zoar, jogar água em mim, me derrubar no chão? —Digo olhando para o chão.
—Eu não tive escolha Kartnay, Bianca me ameaçou, se eu não fizesse o que ela queria, ela iria contar para toda escola o meu segredo
—E que segredo seria esse? —Digo o olhando.
—Que eu gosto de você Kartnay.
O olho surpresa, Yan sem saber o que fazer a respeito, envolve sua mão na minha cintura e me empurra delicadamente, me prendendo contra a parede branca da escola, olhando nos meus olhos e em minha boca. Nossas respirações estão próximas até demais, ele cela seus lábios no meu, tento me soltar, mas ele me pressiona mais ainda contra a parede e si.
Ouço um flash, vejo que são seus amigos.
—Conseguiu pegar? —Diz Yan me soltando brutalmente e pegando o celular do amigo.
—O quê? —Digo confusa.
—Ah kartnay, acha mesmo que eu Yan Martille, um garoto popular, jogador de futebol, iria gostar de uma pessoa como você? Me aproximei de você, virei seu amigo por uma aposta e você estava tão desesperada por alguém que logo se entregou a mim, é uma vagabunda completa. —Diz Yan pegando o dinheiro com seu amigo.
—Aposta? Você que me beijou Yan. O que vai fazer com a foto? —Digo segurando o choro.
—Não é o que a foto diz. O que eu vou fazer? Enviarei para toda a escola, para eles verem a vagabunda que se entrega para qualquer um que vem beija-la. —Yan some no corredor rindo com seus amigos.
Não consigo aguentar mais isso, por que isso não tem fim? Por que todo dia há um problema pior que o outro? Estou cansada, machucada, despedaçada, marcada, eu só quero morrer, quero acabar com tudo isso de uma vez. Entro no banheiro soluçando aos choros e me tranco em uma das cabines, pego minhas lâmina e fico pensando em acabar com minha vida nesse banheiro, apenas uma deslizada funda na vertical no meu ante-braço e tudo isso acaba, morrerei por perda de sangue e ficarei feliz, porém estou com medo, não consigo agir, eu não tenho coragem. Por que eu não consigo fazer meu último corte? Por que eu não consigo acabar comigo de uma vez? Por que eu não consigo acabar com meu sofrimento de uma vez?! Eu quero morrer! Por que não eu não estou com coragem para acabar com meu sofrimento?!
Começo com cortes na horizontal espalhando o sangue pelos meus braços até pingar ao chão, esperando a coragem vir e eu dar meu último corte.
Eu só quero morrer, por que a minha coragem não vem?!
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O Grito Silencioso (Livro I)
Non-FictionKartnay leva uma vida dificil na escola e em sua casa, sem ninguêm com quem conversar, kartnay se entrega à auto-mutilação com um único objetivo. Tirar sua dor. Apesar da vida ser difícil ao extremo, Kartnay acha que um dia pode ter uma vida de paz...