Sete dias...
"Sabe porque o silêncio machuca tanto? Pois ele esconde palavras que gostaríamos que fossem ditas."
Decidi morar no último andar do prédio e deixar meu pai com a casa do terceiro andar. Assim, não pensarei no passado horrível que há naquela casa e começarei um futuro pequeno, duração? Uma semana. Mesmo com tudo que esta acontecendo, a decisão não será desfeita. Todos ficaram melhores sem mim por perto, será como se eu nunca existisse para eles.
Tiro minhas coisas da caixa de papelão e vou colocando em seus devidos lugares. No segundo andar há uma suíte, uma suíte, um quarto de hóspedes e um banheiro. No primeiro andar, tem a cozinha, sala, sala de jantar e um lavabo. O bom é que os apartamentos daqui já são tudo com móveis, então não preciso me preocupar com isso, só com a decoração. Após arrumar tudo, desço até o apartamento de meu pai, tomo meu café da manhã e me arrumo a tempo de ir a escola. Dessa vez irei sozinha, Dylan foi na frente pois tinha treino de futebol e hoje seria seu primeiro dia. Ando alguns quarteirões até chegar ao portão da escola, onde todos pararam o que estavam fazendo para me olhar e sussurrar algo sobre mim, seguro a alça da mochila com força e vou em passos largos até minha sala e até minha carteira, me sentando e logo pegando uma agenda com páginas totalmente em branco que peguei para fazer meus novos desenhos, já que o meu antigo caderno foi parar no vaso sanitário...
Os alunos entram na sala e sentam em seus devidos lugares esperando a aula começar. Dentre esses alunos chega Bianca com suas duas amigas que logo veio em minha direção, suspiro de medo.
— Pelo que parece a vagabunda continua no meu lugar — Diz Bianca rindo junto de suas amigas. —. Saia daí. Faz tempo que você ocupou meu lugar e eu o quero de volta, hoje irá por bem ou por mau.
Apenas sai do lugar calada e fui para a última carteira da mesma fileira, perto da janela. Logo a professora entrou e começou a dar sua aula.
— Ei, Bianca esta pedindo para você ler isso — Diz uma menina de cabelos pretos e olhos caramelos me entregando um papel.
"É bom que você esteja obedecendo, ou você já sabe o que acontece kartnay, obrigado pelo lugar fofa e espere pelo pior, pois ainda não acabei com você. Bjus e obrigada pelo lugar de novo. Att, Bianca."
Eu já não aguento mais...
Debruço sobre a carteira e começo a chorar. Só mais sete dias e tudo isso finalmente acaba.
Chegando o intervalo, fui ao banheiro para me cortar, fazia tempo que não fazia e ao mesmo tempo eu estava as necessitando, mesmo que não esteja resolvendo muita coisa, mas é o que tenho para hoje, nesse momento. Entrando no banheiro encontro algumas meninas de outras salas se maquiando, então desisto de me cortar ali e vou em direção a uma árvore meio distinta de toda a escola. Sento em seu tronco e fico olhando o céu que encontrava-se limpo, sem nuvens, apenas com os raios de sol bem suaves batendo contra minha pele. Subo a manga da minha blusa azul, pego minha lâmina e começo com linhas horizontais, mas quando percebo, estou fazendo um coração partido com a lâmina, junto com mais outros cortes.
Após alguns minutos rasgando minha pele, minha visão estava meio embassada. Não tinha percebido que me cortei tanto e que estava perdendo muito sangue. Coloco uma faixa que trago de casa em meu braço, sujando-a de sangue quase instantaneamente, abaixo a manga da blusa e vou para a sala novamente, e dessa vez, esperando pelo meio-dia para poder ir embora.
Durante algumas aulas pedi para ir ao banheiro, pois estava me sentindo muito tonta. Peguei a faixa, lavei, sequei com o secador do banheiro e coloquei de volta em meu braço sujando-a de novo, voltando para a sala vejo que minha blusa azul manchou um pouco de sangue.
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O Grito Silencioso (Livro I)
No FicciónKartnay leva uma vida dificil na escola e em sua casa, sem ninguêm com quem conversar, kartnay se entrega à auto-mutilação com um único objetivo. Tirar sua dor. Apesar da vida ser difícil ao extremo, Kartnay acha que um dia pode ter uma vida de paz...