Os dias foram passando, voltei para a casa do meu pai, e não sei porquê, me sinto mais depressiva que o normal, isso seria bom ou ruim? Estou com mais vontade de me matar. Quero tirar a minha vida, mas ao mesmo tempo não quero deixar Dylan, ele é tudo para mim, tudo o que eu tenho, nunca o vi chorando e foi por minha causa. Ninguém será feliz ao meu lado, só magoo, machuco, só afasto as pessoas de mim... Meu passado me fez ser a eu de hoje, se a meninha do passado me visse, ela teria horrores de mim, meu passado é o próprio inferno, os demônios estão me consumindo aos poucos e isso está me levando ao suicídio.
Vários significados de suicídio: Dar a alma para o Diabo, Pacto, Pessoas fracas; ou como eu gosto de dizer:
Libertação.
Como pode? Milhares de pessoas se matam por ano e não fazem nada para acabar com isso, é como se suicido fosse normal na vida de uma pessoa. Reclamam, mas não ajudam; Julgam, mas não sabem de nada; Repreendem, mas mau sabem que isso leva mais ao suicídio.
Meus pensamentos me condenam, não me deixam em paz. Mágoas e mais mágoas, isso está me levando a uma única opção.—Kartnay.
—Boa noite para você também Márcia, em que posso ajudar a vossa Alteza? —Digo em sarcasmo.
—Me segue por favor.
Me levando até o porão do prédio, que estava todo empoeirado, fazia um frio que apenas minhas mangas longas e minha calça de algodão não bastavam para aguentar aquele Polo Norte que havia de baixo desse prédio. Mas por que a Márcia me trouxera aqui? Descendo as escadas havia uma mesinha de metal pequena, umas caixas empilhadas e umas prateleiras empoeiradas com objetos inutilizável.
Quando a olho, vejo-a trancando a porta e me deixando trancada no porão.
—O que você está fazendo?! —Digo correndo até a porta e socando-a.
—Estava muito bom sem você aqui, vai morrer ai.
Sabia que Márcia nunca iria mudar, por que eu fui boba de acreditar mais uma vez? Aqueles seus olhos castanhos não enganam ninguém, ou quase ninguém... Cadê o Dylan nessas horas? Por quanto tempo vou ficar aqui? Será que Márcia já estava planejando isso? Mas por quê? Preciso fazer alguma coisa, não posso ficar aqui esperando que algo aconteça comigo. Como posso sair daqui, sem que me vejam, ou suspeitam que eu saí?... É impossível se mover nesse frio e minhas roupas não ajudam muito, procurei algo que possa me ajudar, dentre aquelas prateleiras eu achei um pé de cabra e um gorro, poderia me ajudar a qualquer hora. Coloquei o gorro e escondi o pé de cabra em um lugar que Márcia não pudesse ver para eu ter uma chance de escapar.
Qual era o motivo de tudo aquilo?
Por que isso?
Avistei uma pequena janela do outro lado do porão, fui até lá e vi o parque onde as crianças brincavam todos os dias. Tentei passar, mas a janela era pequena demais para eu sair dalí. O que eu faço? Esta ficando de noite, vai ficar muito mais frio aqui...
Ouço o rangido da porta e vou correndo para perto do pé de cabra.
—Sua janta —Diz Márcia colocando o prato na mesa de metal e foi até mim como um olhar fuzilante. —Come Kartnay.
—Não quero. —Digo segurando firmemente o pé de cabra atrás de mim.
—Come e me da o pé de cabra.
Quando eu vou dar o pé de cabra para ela, eu tento acertar a cabeça dela, mas só consigo derruba-la no chão, corro até a porta, mas meus cabelos foram agarrados por aquelas mãos que me jogaram ao chão, rolando escada abaixo e atingindo as caixas empilhadas que desabaram ao chão. Vejo meu ombro direito saindo sangue e pequenos cortes nas mãos —Superficiais.
—Sua vagabunda! —Márcia está gritando, porém não muito alto para ninguém ouvi-la.
Vindo em minha direção tento me recuar, mas sua mão colidiu com o meu rosto, que na mesma hora ficou quente.
—Sem janta! Eu venho aqui, trago comida para você e ganho o que? Pé de cabra!
—Me deixa sair Márcia! Por que você me odeia tanto?!
—Não interessa a você, sua filha da puta! Espero que você morra, pelo menos seu pai e eu ficaremos felizes!
Márcia pega o pé de cabra, a janta e sai por aquela porta fechando-a novamente e me deixando sozinha, naquele frio. Quer que eu morra? Por que não me matar logo então, se é tanto o que ela quer? Começo a chorar enquanto deitava no chão de concreto áspero e frio.
Preciso arranjar outro jeito de sair daqui, mas como? Eu não consigo passar pela janela, muito menos pela porta. E se eu chamasse alguém pela janela?
Fui até a janela, porém não tinha ninguém ali, então resolvi fazer isso logo de manhã. Tentei dormir, mas aquele frio era insuportável, sem um cobertor, travesseiro, ou uma manta. Só encontrasse o chão, gélido —como se estivesse deitado em cima do gelo com o corpo nú —. O que eu fiz para merecer tudo isso? Fiz tanta coisa coisa no meu passado, que não agradou a vida e agora ela veio "retribuir"? O que há com minha vida que nunca melhora?
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O Grito Silencioso (Livro I)
Não FicçãoKartnay leva uma vida dificil na escola e em sua casa, sem ninguêm com quem conversar, kartnay se entrega à auto-mutilação com um único objetivo. Tirar sua dor. Apesar da vida ser difícil ao extremo, Kartnay acha que um dia pode ter uma vida de paz...