Depois da decisão - Cap: 25

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Três dias...

"Dormi e minha vontade era de não acordar mais"


Acordo por voltas das dez horas da manhã, com a janela aberta, causando a dança de minhas cortinas roxas e revelando o sol que batia levemente contra minha pele. Hoje o dia estava muito bonito.

Lavanto de minha cama e vou a procura de uma roupa discreta e confortável para sair de casa. Aproveitando que hoje é o último dia do fim de semana, irei sair pela cidade como de costume e desenhar.

Colocando uma calça preta, uma camiseta de manga longa branca e um sobre-tudo preto, saio de casa sem rumo, com minha bolsa marrom, que dentro tinha meu caderno improvisado de desenho e alguns dos meus lápis, giz e borracha.

Fui a ponte e me sentei na beirada para admirar a paisagem que o dia estava me fornecendo. A brisa levava meus cabelos levemente para trás dos ombros e ali, comecei a desenhar o sol com meu giz de cera preto em um pequeno caderno marrom de couro, folhas amareladas sem linhas - Que tem nos cadernos comuns.

Após uma hora, o sol feito de giz preto, estava pronto. Guardo meus materiais e começo a andar sem rumo pela ruas de São Paulo.

Decido ver Dylan, então vou a caminho de seu apartamento. Avoada em meus pensamentos, entro em um beco para cortar caminho que estava sujo de lixos,  e poça d'agua. Esbarro em uma garota e um garoto que passava por ali.

—Desculpa —Digo.

—Vejam só se não é a Kartnay, a vagabunda da escola.

Quando me viro, me deparo com Bianca e Carlos. Bianca estava com um vestido de babado rosa, bem justo e curto, acompanhada de Carlos que vestia uma camiseta social rosa e uma calça jeans escura.

—Parece uma mendinga com esse sobre-tudo de velha. —Diz Bianca.

Me viro para poder ir embora e deixa-los ali, sem resposta. Queria apenas poder ignorar, mas não seria fácil assim fugir deles...

—Não me ignora idiota! —Bianca puxa meu braço me virando brutalmente para ve-la.

—Coitadinha, ta com medo. —Carlos fica ao lado de Bianca.

—Como sempre —Bianca ri ao me empurrar para uma poça de água, onde reapingou em seu vestido. —Aí que droga! Vaca!

Carlos, irritado pelo vestia de Bianca, me pega pelos cabelos, me levanta me jogando de costas nas paredes de tijolos, tirando todo meu ar dos pulmões

Solto um gemido de dor. Deslizo pela parede e Carlos segue meus movimentos.

—Vai pagar por isso.

Carlos chuta uma poça de água, molhando minhas roupas e minha bolsa com meus materiais de desenho.

—Me dê isso —Bianca pega minha bolsa.

—De novo...não... —Digo tentando puxar ar para meus pulmões e implorar novamente.

Bianca pega meu caderno e tudo que trouxe na bolsa, jogando em uma poça perto de mim. Alem de jogar na poça, pisou com seu salto fino preto. Em cima de tudo...

Começo a chorar.

—Olha Carlos, a vadiazinha esta chorando pelo seu caderno idiota e feio.

Carlos apenas ri e continua agachado perto de mim. Ele pega em meu queixo me fazendo olha-lo rindo e me da um selinho rápido.

Bianca, ao ver tal ato, grita, afastando Carlos de mim e colide sua mão com meu rosto, logo pega suas mãos e agarra meu cabelo, batendo minha cabeça na parede atrás de mim várias vezes.

—Sua vaca!

—Para! Eu não fiz nada! —Digo tentando me defender de suas maos já chorando —Me solta!

Bianca pega meu rosto e joga no asfalto. Não me movimento e apenas fico chorando debruço no chão gélido.

Por que? Isso dói, dói muito. Por que fazem isso comigo? Eu não faço nada para ninguém, eu apenas nasci para sofrer. Eu to cansada. Não aguento mais... Não quero mais viver, só quero morrer. Passe logo esses três dias... Não consigo mais suportar tudo isso, não dá... Só quero morrer, só quero morrer, eu só quero morrer logo! Nao quero mais nada... Minha morte será comemorada em todos os lugares e o mais feliz serão Bianca e Carlos. Se eu não tivesse nascido, não estaria sofrendo pela perda da minha mãe, amigo, não sofreria bullying desde criança, não choraria de canto em canto e todos estariam feliz com suas vidas...

As lágrimas já não tinham limites. Elas apenas rolavam pela minha pele sem saber quando parariam de me molhar, apenas choro com toda a minha tristeza ali, no chão de um beco pouco iluminado.

—Chorona, vaca, idiota! —Diz Bianca me dando um soco na boca —Meu pai é lutador, aprendi alguns golpes com ele, gostou amore?

Não respondo. Apenas sinto o gosto metálico escorrendo pela minha boca. Sangue.

— Já disse para não me ignorar! —Bianca me um chute no estômago me faltando ar.

—Vamos, deixa essa mal amada ai —Diz Carlos.

—Me deixa, ainda não acabei com ela. —Diz Bianca pegando uma arma de sua bolsinha e aponta para mim. — Bam!

Bianca ri descontroladamente, parecia muito uma psicopata naquele momento, o medo esta me consumindo. Quero correr, mas meu corpo esta todo doendo...

Bianca guarda sua arma na bolsinha e vai até perto de Carlos, abraçando seu braço e saindo do beco. Me deixando ali, jogada no chão sangrando e molhada, com dores em todo o corpo...

Meus olhos pesam e não vejo mais nada a não ser uma silhueta de um homem baixo e uma bengala vindo em minha direção.

Naquele momento queria muito que meus olhos não abrissem nunca mais... Anunciando, minha morte...

O Grito Silencioso (Livro I)Onde histórias criam vida. Descubra agora