Oito dias...
"A pequena garota, que quer ser alguém com que possa se orgulhar, mas ninguém acredita que ela possa conseguir. Uma menina frágil, inútil. O que pode fazer, além de se matar porque ninguém vai a querer?"
Meus poemas e desenhos são sentimentos, o meu silêncio da noite, o meu grito silencioso. Os cortes agora não estão fazendo efeito, minha dor aumenta a cada dia e não tenho mais nada que possa me ajudar a desabafar. A decisão é minha, a certeza de que minha vida esta prestes a acabar. Será o segundo velório que irei ir — O primeiro fora de minha mãe —, mas dessa vez quem estará deitada no caixão cheia de flores, vestindo o mais belo vestido de cor branca, será eu. Em auge, todos estarão felizes por eu ter partido. Não sou aceita em nenhum lugar, sou apenas uma fraca, inútil como todos dizem. Enfim, todos ficarão felizes com minha partida, adeus mundo de crueldades, sofrimentos. Finalmente meu desejo sera realizado e você mundo, erá o prazer de me ver morta. Afinal, era isso que estava esperando não é mesmo? Pois irei satisfaze-lo. Seu desejo é minha morte, trágico e belo. Um troféu a mais na sua coleção, parabéns mundo, minha alma será sua por fim.— Kartnay, você não entregou seu trabalho sobre o que pedi relacionado ao setembro amarelo, é para nota. Se você não me entregar, ficara com zero e nao quero fazer isso. — Diz Cintia. — Me entregue em nove dias.
— Eu ainda não terminei, desculpa — Digo saindo da sala e indo até meu armário pegar os livros da próxima aula.
— Kartnay, pode me dar um beijo também? — Diz um menino alto de olhos verdes, cabelos pintados de loiro fechando meu armário para olhar pra ele. — Que foi? Você é uma vagabunda, não tem problema.
Apenas abro meu armário novamente, pego meus materiais e vou embora deixando-o sozinho esperando por uma resposta. É torturante isso, depois da foto recebi varias cantadas de meninos bem mais velhos que eu, montagem com minha foto, mão apertando minha bunda ou até mesmo os seios. Estou sendo abusada em meia a escola e ninguém faz nada, por que para eles é normal... Eu não aguento mais tudo isso.
Ao final da aula, vou para a casa de Dylan, mas no decorrer do caminho meu telefone toca.
— Alô. — Falo ao atender.
— Kartnay. É o pai, descobri sobre o que Márcia fez com você, me desculpa, eu quero que você volte para casa por favor... — Diz Wagner com a voz meio rouca.
— As vezes pai, é melhor manter-se longe para ser feliz... — Digo parando perto de um poste e encostando ali mesmo.
— Eu sei, mas se quiser vou para outra casa, no último andar do prédio, só quero você bem a partir de hoje, me desculpa não ser o pai compreensivo. Só volte para casa, estou preocupado com você... — Diz Wagner com a voz de choro.
— O que aconteceu com a Márcia? — Pergunto andando novamente parando em frente a portaria do prédio.
— Ela foi embora para sempre... Filha.
— Entendo, vou resolver algumas coisas e depois vou ai...
— Pensa direito, eu realmente quero ser um pai que você nunca teve, eu vou mudar aos poucos... Beijos filha.
— Beijos... — Desligo o telefone.
Subo as escadas do prédio e vou ate o apartamento de Dylan batendo na porta e o mesmo abrindo.
— Oi Dylan. — Digo dando um sorriso de leve.
— Entra Kartnay, o que aconteceu? — O mesmo fecha a porta e senta no sofá.
— Meu pai esta me pedindo para voltar. Disse que iria se mudar para o último andar se me traze-se felicidade, que o mesmo vai mudar e ser um pai de verdade.
— Isso é bom Kartnay, Aproveita isso, conversem, riem bastante. Sejam pai e filha que você sonhou e se não der certo, pode voltar para cá que eu vou estar aqui, vou estar sempre com você tabom?
— Tabom, eu vou tentar... — Digo puxando ele para um abraço apertado com um sorriso amostra no rosto, o mesmo retribui.
Depois do abraço, animada, e confiante, saio da casa de Dylan, subo para meu andar e entro em casa e vejo meu pai fazendo o almoço na cozinha — Arroz com feijão preto e linguiça —. Entro meio sem jeito em casa, mas ao mesmo tempo triste, pois no mesmo lugar onde sofri por anos, tentaremos mudar para ser algo feliz.
Wagner se direcionou a mim com seus olhos.
— Bem-vida de volta. — Diz ele abrindo um grande sorriso e vindo em minha direção.
— Oi.. — Digo acenando com a mão.
— E então, o que você decidiu Kartnay? — Diz Wagner se sentando na cadeira e pedindo para me sentar junto a ele.
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O Grito Silencioso (Livro I)
SaggisticaKartnay leva uma vida dificil na escola e em sua casa, sem ninguêm com quem conversar, kartnay se entrega à auto-mutilação com um único objetivo. Tirar sua dor. Apesar da vida ser difícil ao extremo, Kartnay acha que um dia pode ter uma vida de paz...