Capítulo 24 - Blaidd

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De todas as decisões ruins que ela poderia ter tomado, aquela com certeza tinha sido a pior. Agora era questão de segundos para que seu perseguidor a encontrasse e sabe-se lá o que faria em seguida! Suas pernas tremiam de medo e enquanto a pessoa não aparecia, ela pegou o celular para tentar ligar....

Para a Polícia?

Não.

Polícia? Por que ela ligaria para a polícia quando conhecia gatos mágicos que poderiam chegar ali num piscar de olhos? É claro que os CATS não possuíam celulares ainda, mas Alice os estava convencendo a chegar nesse ponto.

Por enquanto, tinha convencido-os a comprar um telefone fixo que ficava no casarão. Depois de alguns truques e feitiços ficou protegido por magia, ou seja, só ela conseguiria ligar e ter a localização do aparelho.

A chamada já estava quase completa quando o estranho dobrou a esquina e seu coração praticamente parou de bater. Queria gritar, mas o grito não saiu. Que figura era aquela? Um ladrão? Um sequestrador? Um assassino?

— Não adianta chamar a polícia. Não chegarão a tempo. – A voz estava abafada por algum motivo, mas Alice percebeu que era masculina.

O estranho foi chegando cada vez mais perto e quando a luz o iluminou, a garota ficou em choque. A chamada completou e ouviu a voz de Sophie do outro lado da linha, mas o celular escapou de suas mãos e caiu no chão.

— O que você quer? – A voz dela falhou e suas pernas ficaram bambas.

A pessoa em sua frente era um estranho conhecido, aquela mesma figura com máscara de lobo que a seguiu poucos dias atrás. Um inimigo dos CATS.

— Você sabe o que eu quero, Alice Riedel.

— Como sabe meu nome? – Sua voz gaguejava e do chão o telefone emitia alguns ruídos estranhos, provavelmente alguém estava berrando do outro lado da linha.

— Como eu não saberia? Você é a escolhida, não é? A nova protetora daqueles pulguentos. – O estranho deu mais alguns passos na direção dela.

— E-Eu... – Alice foi recuando até que suas costas bateram contra a parede do muro de alguma loja ou fábrica fechada.

— Não tente mentir. Não vai conseguir me enganar. – Ele terminou de cortar a distância entre eles e Alice, num gesto imprudente de autodefesa, usou a bolsa como um chicote para bater nele.

— Me deixa em paz! – Seu grito e sua tentativa de se defender foram inúteis, ele bloqueou o ataque com facilidade e a prensou contra a parede atrás de si. – Argh! Aaaah! Socorro!

— Fique quietinha e talvez eu não a machuque. – Uma de suas mãos taparam a boca dela e com o braço livre continuava a prendê-la na parede. — Você vai me mostrar onde fica a Sociedade Secreta.

— Quem é você? – Ela tentou sussurrar, enquanto a mão dele ainda mantinha sua boca fechada à força.

— Pode me chamar de Blaidd. – O mascarado respondeu num tom maldoso que fez com que um arrepio corresse a coluna da garota. — Agora você virá comigo e me mostrará onde fica a sede dos CATS.

— Não vou levar você a lugar nenhum!

Tentou usar todas as suas forças para chutá-lo bem onde dói, mas ele apenas arremessou-a contra outra parede do beco, fazendo com que caísse no chão quase sem ar e muito tonta.

— Aaaai. – Resmungou de dor e abraçou a região das costelas.

— Você não tem opção nenhuma! Vai me obedecer ou... – Nesse exato instante o chão abaixo de Blaidd começou a tremer, algumas pedras se soltaram e foram lançadas em direção a ele. — O que é isso? Ai! Quem está...?

— Deixe-a em paz, sua criatura nojenta! – Uma gatinha branca pulou de cima dos telhados bem na frente de Alice, ficando entre os dois. — Não vai conseguir nada machucando-a! Eu não vou deixar que encoste nela.

— Sophie... – Alice balbuciou o nome dela e tentou se erguer, mas as costas ainda doíam com a força do impacto e seu estômago estava enjoado.

A gatinha estava com uma espécie de coleira marrom no pescoço e dessa coleira pendia um pingente parecido com um amuleto em forma de árvore. Esse era o fragmento da Terra, a parte do amuleto de Nyx que pertencia à Sophie.

Ela usou os poderes do amuleto para atacar Blaidd e ao mesmo tempo defender Alice, mas os Hunters não eram do tipo que continuavam uma luta se percebessem estar em desvantagem, portanto, ele usou um truque muito antigo chamado cortina de fumaça, e desapareceu sem deixar rastros.

Na verdade, se Sophie não tivesse que permanecer ali com Alice, até conseguiria seguir o cheiro dele e descobrir para onde estava indo, mas não podia largar a bruxinha ali sozinha de novo. Se fizesse isso, Keith a repreenderia com certeza. Ela se destransformou e ajudou Alice a se levantar.

— Você está bem?

— Estou. – Mas ela ainda tremia de nervoso e cambaleava um pouco. — Graças a você. Como me achou?

— Seu celular. – Sophie se abaixou para pegar o aparelho e o devolveu a ela. — Ele me deu a sua localização por causa da chamada que fez para o telefone do casarão.

— Ah. Salva pelo celular. – Alice soltou um risinho nervoso, estava claramente tentando superar a situação toda fingindo bom humor. — E meu pai que dizia que esses aparelhos iriam matar a humanidade.

— Ao que parece, o seu salvou sua vida. – E abraçou a garota para tentar confortá-la. — Vamos! É melhor voltarmos agora.

— Sim. Tudo bem. – Ela assentiu e as duas começaram sua caminhada de volta ao casarão Katzen. — E como vão as pesquisas com meus pais?

— Estão indo bem, miau! – Mas Alice pegou a mentira da gata branca no ar por conta do miado e de sua expressão preocupada.

— Diga a verdade. Eu mereço saber.

— Certo. – E soltou um suspiro. — Teremos que ir até a Irmandade de Salém. Só as bruxas de lá poderão nos explicar como quebrar o feitiço que jogaram em seus pais.

— Feitiço? Mas não foram os Hunters? Eles não são humanos?

— Alice, os planos dos Hunters são muito piores do que você imagina. Eles não só matam as bruxas, mas de alguma forma sugam os poderes delas para poderem usar em suas caçadas. – A expressão de Sophie ficou sombria de repente, seu olhar tornou-se distante.

— Então por que vocês ainda não deteram eles? Isso é terrível!

— Não podemos. Só a pessoa que conseguir dominar todas as partes do amuleto poderá deter os Hunters e nenhum de nós conseguiu. Nossa tarefa é apenas protegê-lo para que a escolhida possa usá-lo quando for a hora.

— Ótimo! E quando será a hora? Quem é essa escolhida?

Nesse momento, elas já tinham avançado bastante e estavam quase na frente do casarão. Sentiram-se observadas e um vulto preto pulou bem na frente das duas... e não estava com uma cara muito feliz.

— A escolhida, Alice, é você. – Keith falou num tom sério demais para que ela achasse que era apenas uma brincadeira. — E a hora certa está se aproximando.

 — E a hora certa está se aproximando

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Observação: Blaidd quer dizer "Lobo" em Galês, de acordo com o Google Tradutor.

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