Capítulo 29 - Capturada

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Alice foi levada inconsciente por Lucian até a sede dos Hunters, onde o líder deles aguardava ansiosamente para vê-la. Foi jogada em uma cela de prisão no subsolo do enorme e luxuoso prédio comercial, uma das posses do Dr. Hunter, pai de Lucian.

Apenas uma fachada para que ninguém desconfiasse do que ele e seus sócios realmente faziam: caçar bruxas. O Senhor Hunter era formado em medicina, mas muitas vezes, ao não conseguir salvar uma vida, sentiu-se frustrado.

A gota d'água veio quando não foi capaz de salvar a vida da própria esposa, vítima de um acidente de carro. Isso fez com que começasse a buscar respostas em lugares que a medicina não confiava: no oculto, no sobrenatural, na magia.

As pesquisas de Elliot Hunter fizeram com que chegasse nas antigas lendas sobre as bruxas, e com seus contatos, ficou sabendo de uma organização secreta antiga que tinha como objetivo caçar seres com magia. O nome, inclusive, se encaixava perfeitamente com o sobrenome dele.

Assim, o Dr. Hunter se uniu aos Hunters, caçadores de bruxas, e passou a crescer dentro da organização. Tornou-se o líder deles após 5 anos lá dentro e com seu poder aquisitivo fez com que crescesse ainda mais. Teve acesso à “fórmula da imortalidade”, uma poção baseada na magia pura das bruxas e que permitia aos humanos viverem mais do que o natural.

Submeteu seu filho, Lucian, ao mesmo destino, fazendo com que ambos não aparentassem a real idade que tinham. Treinou o filho arduamente para que se tornasse o melhor caçador e seu sonho se tornou realidade.

O rapaz era imbatível.

Porém, mesmo com todas essas conquistas, ainda não conseguia evitar a morte. Para isso precisava do amuleto de Nyx e de sua atual guardiã escolhida, já que Morgana não o era mais.

Agora já tinha a garota, a herdeira da bruxa mais poderosa que já existiu, e de acordo com seus informantes, ela já havia absorvido o poder do amuleto.

Tinha tudo de que precisava. A hora tão aguardada estava chegando. Só precisava esperar a noite de lua nova, dali a quatro dias, quando a proteção dela estaria mais vulnerável e seria mais fácil arrancar o poder de seu coração e alma.

Se isso a mataria?

Com toda a certeza.

🐾

Ao acordar, Alice se deparou com um cômodo escuro, apesar das paredes serem claras, e sua cabeça doía tanto que era como se tivesse um martelo batendo lá dentro. Não reconhecia aquele lugar.

Seu corpo tremia de frio. O local também era muito úmido, mas possuía algumas mobílias: uma cama, uma mesa e uma cadeira. Os três móveis estavam grudados no chão, aparentemente por alguma cola superforte ou por algum feitiço.

Aquilo era para ser um quarto ou uma prisão? Provavelmente a segunda opção. Alice respirou fundo e um cheiro muito ruim atingiu suas narinas, algo como o cheiro de mofo misturado ao cheiro de um cachorro molhado.

Seu estômago se revirou e teve medo de botar para fora o pouco que tinha para se manter com energia. Não comia nada há quanto tempo? Minutos? Horas? Dias? E que lugar era aquele, afinal?

— Vejo que acordou. – A voz inconfundível de seu sequestrador fez com que desse um pulinho de susto. — Está com fome? Talvez esteja se perguntando onde está...?

— Foi você, não foi? – Alice cerrou os punhos com raiva ao olhar para Lucian. — Foi você quem fez aquilo com meus pais e com a Liza!

— Sim. Fui eu. Acertou em cheio. – E riu com deleite, fazendo-a ficar ainda mais irritada. — E nem adianta tentar lançar um Abracadabra em mim. Seus poderes estão neutralizados por esta correntinha de prata na sua perna.

Alice baixou a cabeça e só então notou uma correntinha de prata que pendia em seu tornozelo direito. Obviamente tentou arrancá-la, mas foi em vão. Provavelmente estava protegida por algum tipo de feitiço.

— Isso não vai ficar assim! Eles virão me salvar! – Ela gritou deixando que a raiva tomasse o melhor de si. — E vão matar todos vocês!

— Eles quem? Aqueles bichanos pulguentos? – Lucian riu com ironia e lançou um olhar maldoso a ela. — É ótimo que nos poupem o trabalho de caçá-los. Assim acabaremos com todas as ameaças de uma só vez.

Com isso, ele saiu andando sem deixar que respondesse. Não que Alice tivesse qualquer ânimo para retrucar a afirmação dele. De repente, sentia-se sozinha, triste e extremamente preocupada. E se os CATS viessem resgatá-la, mas acabassem caindo em uma armadilha?

O que aconteceria com os CATS e as bruxas se o poder do medalhão caísse em mãos erradas?

Ao mesmo tempo, se perguntava por que ainda não a mataram. Por que ainda a mantinham viva? Não queriam os supostos poderes dela? Seria tudo realmente uma grande tramoia apenas para capturar os líderes da Sociedade Secreta?

Alice deitou novamente na cama não muito confortável e fitou o teto escuro e sujo por um longo tempo. Rezava mentalmente para que Keith não entrasse em desespero e acabasse por ir às cegas atrás dela. Isso com certeza seria um desastre completo.

E mal sabia a garota que longe dali os gatos faziam uma grande reunião para definir o plano de resgate que a salvaria dos Hunters. Os CATS agora tinham uma excelente pista de onde se localizava a sede da Agência, já que Keith era capaz de sentir a presença de Alice à quilômetros de distância.

O gatinho preto sabia quase que exatamente onde ela estava sendo mantida prisioneira. Sabia que ela estava viva e sentia sua conexão como familiar ainda mais forte do que como era com Morgana. Só não sabia o motivo que tornava essa ligação tão forte.

Enquanto Alice rezava e os CATS tramavam seu resgate, um barulho na cela em frente à dela chamou-lhe a atenção. Uma voz feminina cantarolava baixinho uma canção que ela sabia conhecer, mas tinha certeza de nunca ter escutado antes.

Levantou-se da cama e seguiu até as barras de ferro. Uma mulher extremamente magra, com longos cabelos negros e com um manto velho e sujo cobrindo seu corpo, estava encolhida nos fundos da outra cela. Ouviu a música que cantava por um tempo e esperou que cessasse para finalmente perguntar:

— Quem é você?

🐾

CATS - A Sociedade SecretaOnde histórias criam vida. Descubra agora