Capítulo 33 - O Fim dos Hunters

154 50 33
                                    

O Sr. Hunter finalmente havia terminado de falar e Alice sentia-se cada vez mais nervosa. Como seria morrer? Doeria muito? Seria indolor? Seria algo bom ou ruim? Haveria alguma coisa do outro lado? Ou apenas acabaria assim?

— Chegou a sua hora, bruxinha. – Lucian ficou ainda mais próximo das barras que a cercavam, e com um estalo de dedos a soltou. — Não tente nada de que vá se arrepender depois.

— Vamos logo com isso, Mestre Lucian! – Berravam os demais espectadores do evento, que simbolizaria a vitória de todos eles.

O Sr. Hunter colocou o amuleto no pescoço e ficou ao lado de Alice. Lucian passou para a garota um papel que continha o feitiço que deveria usar e se afastou após tirar as algemas que bloqueavam sua magia.

— Comece. – Ordenou o Sr. Hunter, e ao observá-lo melhor, Alice notou que suas mãos tremiam. Estaria nervoso? Com medo? Ou apenas ansioso?

Abriu a boca e iniciou o que seria o fim de todos ali presentes, por sorte, o início do feitiço era o mesmo do que teria que usar. Seu coração batia forte e os outros Hunters entoavam um cântico estranho junto ao som dos tambores que tocavam. Aquilo estava deixando Alice com medo, mas de repente uma calmaria mais do que bem-vinda tomou todo o seu corpo, fazendo-a relaxar.

Antiquis magic quier

Uerebantur potens

Leporem consilii tueatur

Et virtutem superiore

Liberem autem virorum

Et potestatem dimittere

Inter me et conteret

Omnia cordibus erat!

— O quê? O que ela está fazendo? – O Sr. Hunter começou a gritar, mas agora era tarde demais. Não havia volta. Os Hunters iriam perder.

— Pare! Seus amigos ainda são nossos reféns! Vamos matar todos eles! – Lucian tentou derrubá-la por trás quando a luz branca passou a cercá-la, mas a mesma luz o arremessou para trás.

— Não. – Uma voz conhecida, que fez o coração de Alice acelerar de pavor, anunciou em alto e bom som. — Estão todos livres. Alina nos libertou.

Todos os olhares se voltaram para o gato preto que pulou em meio à confusão de gritos. Keith se transformou novamente em humano e sorriu de lado, fitando cada um dos Hunters ali presentes, que pararam para vê-lo.

— Keith! Saia já daqui! Fuja! – Alice berrou a plenos pulmões, enquanto seu corpo era erguido pela energia do amuleto, que iria destruir tudo o que tocasse em questão de segundos.

— Não, Alice. Eu sou seu familiar e não irei te abandonar. Não vou cometer o mesmo erro duas vezes. – Ele declarou no mesmo instante em que os Hunters perceberam o que estava prestes a acontecer e começaram a correr desesperadamente para tentar salvar suas próprias vidas.

Alice sentiu lágrimas ganharem seus olhos e começarem a escorrer por seu rosto. Não haveria mais volta agora, a energia havia começado a se expandir e logo iria engolir e destruir o prédio todo.

— Keith, esse prédio será engolido pela energia do amuleto. Você precisa fugir daqui! Onde estão os outros?

— Sua bruxa nojenta! Você é louca? Vai matar todos nós! – O Sr. Hunter começou a gritar mais e mais injúrias, não conseguia sair do lugar por causa do ritual, então não conseguiria fugir.

— Eu sei, Alice. – Keith caminhou até bem perto da luz que a erguia e sorriu com inocência. — Quando me falou para confiar em você, eu sabia perfeitamente o que iria fazer, por isso deixei todos os outros em segurança com o Cetro e vim atrás de você.

Alice não conseguiu responder, nesse instante escutaram o som do motor do helicóptero sendo ligado e todos os humanos ali presentes começaram a correr até a máquina. Finalmente haviam notado sua única chance de escapar e quem estava pilotando a rota de escape era ninguém mais, ninguém menos que Lucian Hunter.

— Lucian! O que está fazendo? – O Sr. Hunter berrou em meio aos gritos que preenchiam o ar. A energia do amuleto já havia começado a destruir tudo.

— Sinto muito, pai. Um de nós precisa viver. – O garoto respondeu com um olhar frio e insensível. Isso não surpreendeu Keith, ele sabia bem como os Hunters eram criados, mas aquilo deixou Alice perplexa.

— Como pode deixar seu próprio pai para trás sabendo que ele vai morrer? – A garota gritou com raiva e trincou os dentes ao sentir a energia esquentar seu sangue, tornando-se cada vez mais forte.

— Eu vou pegá-lo! – Keith passou a correr até o helicóptero, que no mesmo instante começou a decolar. O vento foi forte demais e acabou jogando-o para trás.

— Keith! Cuidado! – Alice berrou desesperadamente ao perceber que ele cambaleava em direção à beirada do prédio.

— Eu vou ficar bem! Não deixe o Lucian fugir! – Keith se equilibrou com elegância e quase foi atingido pela luz do amuleto, que descarregava sua energia cada vez com mais intensidade.

Alice não sabia ao certo o que fazer, seu corpo estava erguido no ar e suas energias estavam sendo drenadas mais e mais. Logo não sobraria mais nada nem ninguém, a explosão final destruiria tudo.

Ela ergueu a mão direita na direção do helicóptero e conseguiu direcionar um dos raios diretamente nele. Isso o desestabilizou e fez com que começasse a cair. A garota sorriu com orgulho, pois pelo menos havia conseguido impedir a fuga daquele canalha que havia feito tanta gente sofrer.

— Keith! – Alice chamou com ansiedade, teve uma ideia para tentar salvar a vida dele. — Os gatos sempre caem de pé?

— O quê? Como assim? Por que está perguntando isso? – Ele correu até bem perto da luz novamente e a observou lá de baixo.

Alice não tinha outra escolha. Estava sentindo a descarga final de energia, que explodiria todo o prédio, cada vez mais próxima. O vórtex de luz que envolveu o prédio para sua destruição estava se fechando com mais rapidez a cada segundo. Ela abriria uma passagem e jogaria Keith por ela. Era a única chance de ele sobreviver.

— Keith. Eu amo você. Sinto muito por todas as discussões e todas as vezes que te chateei. – Lágrimas rolavam pelo rosto dela, mas agora não poderia parar ou perderia a coragem. — Eu não posso deixar você morrer. Espero que entenda.

— Alice! O que vai fazer? NÃO! – Sem saber o motivo, Keith involuntariamente se transformou em gato novamente. — Miau!

— Sinto muito.

A garota então estendeu o braço e o empurrou para fora do prédio com sua magia. Aquele era o fim, ela tinha certeza. Assim que o buraco que fez na barreira se fechou, os gritos de todos os Hunters foi a última coisa que ouviu antes de perder a consciência pela explosão de energia.

🐾



CATS - A Sociedade SecretaOnde histórias criam vida. Descubra agora