Indomável

III

•Bombordo: lado esquerdo do navio, olhando-se para a proa.

•Estibordo: lado direito do navio.

•Popa: parte traseira do navio.

•Proa: parte dianteira do navio.

•Tombadilho: superestrutura situada na parte traseira do navio, em geral completamente fechada, estendendo-se de um bordo a outro.

•Verga: peça cilíndrica afinada nas extremidades, colocada transversalmente num mastro para sustentar e orientar uma vela.

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Quando deixei a cabine, o sol começava a se erguer no céu e iluminava uma paisagem de tirar o folêgo. Por alguns instantes não consegui me mover apenas admirando aquele cenário incrível que havia fantasiado tantas vezes na minha cabeça.

Já havíamos nos distanciado de terra firme e para os quatro cantos que se olhava havia apenas uma imensidão azul de águas calmas. O céu estava límpido e claro onde algumas gaivotas ainda podiam ser vistas planando no ar entre as nuvens, e os raios de sol matinal faziam as ondas brilharem. O vento que soprava no meu rosto era refrescante e trazia um gosto de sal aos meus lábios.

Fechei os olhos e inspirei fundo, um sorriso surgindo na minha boca sem perceber. Eu me sentia dentro de um dos meus sonhos.

Passada a fascinação do primeiro momento, olhei ao redor e encontrei o capitão Scorpius às minhas costas, no tombadilho de popa, no comando do leme. À luz da aurora era possível vê-lo melhor e era ainda mais atraente do que havia imaginado. Vestia uma camisa branca ligeiramente aberta com um casaco negro por cima, calças e botas de couro marrom. Havia também uma faixa ao redor da sua cintura onde um punhal estava preso. Por mais que eu não achasse o sujeito uma pessoa muito agradável, não podia negar que sua postura enquanto segurava a roda do leme era imponente e admirável, exalando autoconfiança.

— Já era hora. — ele disse, sem me olhar, quando subi a escada e parei ao seu lado.

— Como é?

— Preciso de um curso para seguir e você garantiu que sabia o caminho, então fale de uma vez.

Ignorei o seu tom imperativo e olhei para o horizonte, de onde ele não se deu o trabalho de tirar os olhos enquanto dirigia a palavra a mim, antes de responder:

— Eles iriam seguir pelas rotas comerciais até o porto de Godric's Hollow.

— E depois?

— Não vou revelar tudo de uma vez ou que serventia eu teria para você?

Scorpius virou o rosto na minha direção com uma expressão incrédula.

— Não espera que eu navegue às cegas. Preciso do curso completo.

— Já falei para onde devemos seguir. — declarei, irredutível. — Direi o resto no caminho quando for necessário.

Ele me encarou e sustentei o olhar sem me intimidar, permanecendo naquele embate silencioso por alguns segundos até sermos interrompidos por um grito vindo lá de cima, do posto de vigia.

— Velas!

Olhei para o alto e vi um marujo pendurado nas cordas, apontando para um ponto ao leste. Estreitei os olhos para tentar enxergar e, com um pouco de esforço, vi um navio ao longe, quase invisível com tamanha distância. Scorpius também o olhava, mas usava uma pequena luneta de bolso.

— Zabini? — o Capitão perguntou em voz alta.

— Um dos navios dele, é certo. — o marujo respondeu. — Mas não é o Serpente do Mar.