— O que aconteceu com você? — ouvi James se aproximar de mim e tentei continuar andando sem mancar tanto. — Está toda suja e machucada.
Meus braços doíam por causa das pancadas das espadas de madeiras e meu joelho esquerdo estava ralado com a queda nada acidental. Eu precisava correr para o quarto e me trocar antes que mamãe visse meu vestido sujo de poeira e rasgado na barra. Ela daria um chilique se visse minha aparência naquele instante.
Mas James continuava me seguindo.
Tive que parar de andar e encará-lo porque sabia que ele não me deixaria em paz.
— Eu caí. — menti, mesmo sabendo que meu irmão era esperto demais para acreditar.
Ele estreitou os olhos por um instante antes de balançar a cabeça.
— Provocou outra briga?
— Não conte a mamãe. — supliquei, desesperada. — Por favor, James. Por favor.
— Lils, você não pode continuar brigando com garotos mais velhos. Vai acabar machucada de verdade.
Ergui o queixo, indignada. Eu tinha acabado de completar 12 anos e ainda era tratada como uma criança. Era tão injusto.
— Eles disseram que não posso brincar de piratas, que uma menina não pode usar espada e me mandaram embora, mas eu não fui. Eu queria brincar.
— Meninas costumam brincar de bonecas.
— Não quero mais brincar de bonecas. — resmunguei, carrancuda.
Meu irmão cruzou os braços, com uma expressão pensativa no rosto.
— Então só há uma solução para que não continue mais apanhando.
— Qual?
James abriu um sorriso cúmplice e bagunçou meu cabelo, antes de responder:
— Vou ter que lhe ensinar a usar uma espada.
Tudo desapareceu no instante que abri os olhos. Minha cabeça latejava e por alguns instantes meus sentidos continuaram turvos, ainda presos ao sonho de um momento especial da minha infância. Eu sentia tanta falta de James...
Levei um tempo para recordar o que havia acontecido. Quando enfim despertei, meus olhos se arregalaram e sentei-me na cama. Minha mão tateou meu cinto em busca da espada. Ela se fora.
Tudo voltou a minha mente como uma enxurrada. A imagem de Grilo caído no chão em uma poça de sangue, homens desconhecidos me cercando e a chegada do pirata que se revelou ser Zabini, o famoso inimigo de Scorpius. Provavelmente eu estava agora presa em seu navio.
Corri até a porta e tentei abri-la, mas estava trancada. Forcei algumas vezes com o ombro até me convencer de que era inútil. A madeira era resistente e eu não tinha força o suficiente para arrombar. Senti vontade de gritar e socar a porta até alguém aparecer, mas me detive. Eu não podia perder a cabeça, precisava pensar.
Lancei um olhar pelo quarto, analisando-o. Era uma cabine muito menor do que a que eu possuía n'O Orgulho de Salazar. O teto era muito baixo e as paredes próximas me davam uma sensação claustrofóbica. A única janela do cômodo era de um vidro muito grosso e impossível de abrir, pois ficava quase debaixo do nível da água. Só havia uma simples cama e nenhum outro móvel.
Era uma cela, percebi. Não uma comum, pois havia ao menos uma cama e estava muito limpa, mas ainda assim era uma cela.
Não fazia ideia de quantas horas haviam se passado desde que apaguei, mas àquela altura Scorpius já deveria estava ciente do meu desaparecimento. Perguntei-me se ele viria me resgatar. Se estaria disposto a confrontar o seu inimigo, que esteve tentando com tanto esforço despistar nos últimos dias, por minha causa.
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Indomável
Fanfiction[CONCLUÍDA] Todos sempre souberam que Lily Luna Potter não era igual as outras garotas da sociedade que almejavam um bom casamento. Ela era indomável como o mar. E ninguém seria capaz de detê-la na sua jornada em busca do irmão desaparecido.