Ho! Ho! Ho! Feliz Natal?

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     Todo ano me fantasio de bom velhinho... Não apenas por dinheiro, mas por gostar de crianças. Tenho 60 anos, mas sinto o vigor de um jovem de 20, e todo ano trabalho como papai Noel de shopping. Tenho minha própria barba branca, por gostar de fazer este trabalho acabei entrando no personagem, e resolvi deixa-la crescer, é como ser o velho mais amado todos os dias.

     Nunca me casei, e vivo sozinho, mas tenho dois meninos, um de 20 e outro de 22, e hoje eles moram com a mãe. Mas descobri cedo como me desapegar deles, então já não fazem mais diferença na minha vida.

     Em algumas cidades o trabalho como Noel começa bem antes do Natal, então gosto de trabalhar nelas. Faço viagens longas com minha mini van, valem muito a pena, e pagam bem também.

     Já sou aposentado, e como tenho uma pequena fortuna comprei algumas casas em diferentes cidades. Não as alugo, gosto de passear bastante, e acabo me instalando nelas.

     Conheci várias crianças no decorrer da minha vida, e as presenteei muito bem, muitas eram carentes, e como tenho bastante dinheiro acabei as ajudando ao longo da nossa jornada.

     Hoje é véspera de Natal, e como de costume me sentei em minha cadeira e esperei as crianças chegarem. Formou-se uma fila enorme na minha frente. Todas vieram para me ver, e eu não podia desaponta-las. Os pais as deixavam no meu colo, e eu as perguntava o que queriam ganhar de presente.

     Ouvi ao longe vários gritos, a fila se desmanchou, e todos saíram correndo. Um homem de cabelos longos e uma cicatriz no rosto entrou armado no shopping com uma metralhadora. Ele atirou em vários lugares, a maioria deles continham enfeites de natal. Destruiu a maior arvore do shopping, a derrubou em segundos, e seus enfeites rolaram para toda parte.

     Conforme ele se aproximava eu pude sentir algo diferente, ele me era familiar. E em poucos segundos a arma estava apontada para mim. Seu sorriso diabólico desejava apenas uma coisa... Seu nome era Dimmy, lembrei como conseguiu sua cicatriz. Ele disparou vários tiros em mim, e senti sua fúria em cada bala que me acertava. Já haviam se passado 20 anos, o garotinho havia crescido, e as manchas de lágrimas que eu causara enquanto o estuprava na minha mini van já haviam se secado.        



MINI CONTO #02

     Hoje um garotinho veio até minha casa, ele queria comida. Estava todo sujo e faminto. Nunca suportei ver tristeza no mundo, então decidi ajudá-lo. Eu o chamo de Gabriel, mesmo depois dele me dizer seu nome verdadeiro. Não me importa seu nome na realidade, quase não o vejo, pois o tranco num cercado no quintal. Minha mãe me ensinou que não devemos morar com a comida.

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