Não leia até o fim!

Ele se foi...

     Eu já estava eufórica quando entendi que tinha acabado, mas o que mais me destruiu foi à morte dele. Marcos Garcia era um assassino, ele não seria condenado, não seria nem culpado, e iria continuar vivendo no mundo como se nada tivesse acontecido. Não... não consigo dormir... não consigo. Ele está morto e ninguém fará nada. Meu amor se foi... ele se foi.

     Meus olhos ardem, minhas vistas estão embaçadas enquanto minha mente se perde, estou de mãos atadas. Marcos matou meu grande amor e em seu facebook fez uma postagem com um texto enorme. Li cada palavra com nojo, suas defesas e motivos eram os piores que eu já havia visto. Todos os comentários estavam a favor dele, a policia não faria nada, eu já havia tentado alerta-los, mas como era previsto, a lei é uma piada.

     Pessoas morrem todos os dias, mas quando um desgraçado mata alguém e ninguém faz nada temos o direito de protestar. E foi o que fiz, escrevi um texto enorme e várias pessoas se juntaram a mim, muitos me aconselharam a ir pessoalmente até a delegacia, mas fiquei com medo de ir sozinha, pois nenhum amigo meu aceitou ir junto.

     Estou perdida, não devia ter terminado, e às vezes sinto que a culpa foi minha, pois provavelmente foi mesmo, tantos anos juntos e eu que acabei tendo pressa demais. Talvez se tivesse esperado mais um pouco. Não... não pode ser minha culpa, não fiz nada além do que qualquer outro faria e a morte dele não teve nada haver comigo.

     Dizem que matar alguém é difícil, pelo menos na primeira vez, mas eu não achei. Marcos era rico, e por isso escapava fácil de mim, pois vivia cercado de pessoas que o protegiam, mas todos nós um dia deixamos os pés nos levarem, e quando ele fez isso, eu o ataquei.

     Há dias que eu o seguia, não podia deixar passar nenhuma oportunidade, ele vivia cercado de pessoas, e tinha até um guarda-costas, mas como eu disse, às vezes esquecemos como o mundo é perigoso. O segui até a entrada do shopping, e ele estava sozinho. Usava uma roupa toda escura, talvez já sentisse que o luto à ele estava próximo.

     Precisei apenas de uma faca, era de serra, e eu sabia que o dano seria letal. O primeiro golpe foi no pescoço, um furo certeiro, e quando ele caiu com as mãos aparando o sangue que jorrava, pulei em cima de suas costas e o esfaqueei na barriga várias vezes.

     Marcos implorou por sua vida, e como aproveitei um momento em que não tinha ninguém ao nosso redor, as poucas pessoas que notaram meu ataque saíram correndo de medo. Ele olhou em meus olhos e me reconheceu, pois eu já havia conversado com ele antes. A justiça foi feita por mim, e fui condenada por matar um assassino.

     Meu advogado disse que não havia saída, eu ficaria anos na cadeia, e provavelmente morreria lá. Não me importei, eu havia feito o que ninguém tivera coragem de fazer. Claro que meu amor ainda estaria morto, mas seu assassino tinha sofrido até morrer, a vingança foi linda e só devo espero o tempo passar.

     – Ele morreu... ele morreu... ele morreu.Marcos o matou... ele morreu – pronunciei com lágrimas nos olhos. A cela estava fria e silenciosa, deitei e dormi. O livro em minhas mãos caiu no chão, abertona página onde a morte de meu amor fora escrita por Marcos Garcia.

MINI CONTO #08

     Minha gata não roçava mais em minhas pernas e nem pedia por carinho. sempre teve de tudo, mas nunca demonstrava gratidão. 

     Hoje ela é diferente, vive ao meu lado, e sempre me segue, é uma boa amiga. A fome que a faço passar foi muito importante para nos unir novamente.

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