Edna saiu do prédio da organização Morte S.A.
Antes de atravessar a rua ir ao seu apartamento, Morthy pensou algo, algo que fez tremer dá ponta dos pés a cabeça: e se ela não sentisse mais falta daquilo, o que ela faria? Devemos entender que Morthy, esse espírito foi criado com o propósito único de agir, de trabalhar, como morte, é isso que ela faz desde o dia em que foi criada – ela não se lembra bem daquele dia, lembra-se apenas da luz surgindo em meio a escuridão. Se Edna não pudesse, se ela não conseguisse voltar a trabalhar na Morte S.A, o que faria? Ela não sabia fazer nada e ali naquela plano não havia cursos de capacitação, não havia outros empregos.
Ela parou, olhou para trás, lá estava o prédio da Morte S.A, observou os colegas de profissão entrando e saindo dali, indo e vindo de locais diferentes, seguindo seus propósitos. Edna não conseguia imaginar-se fazendo aquilo novamente, trabalhando mais cinquenta ou cem anos como morte, não, aquilo parecia impossível, mas o que lhe restava?
"Nada, não me resta nada", pensou Edna e logo ficou meio tristonha, sem sorriso ou sinal de felicidade no rosto, ela olhava para o nada com aquele olhar melancólico. Pois ela não sabia, para ela, era aquilo ou nada mais, mas Edna não sabia como as coisas realmente funcionavam naquele plano. Pouco ela entendia do mundo dos vivos e muito menos ela entendia sobre seu próprio mundo, ali não havia um plano de aposentadoria, não. Isso era invenção dos vivos. Ali havia uma próxima etapa, mas pobre coitada, Morthy nem imaginava.
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A Morthy no Divã.
General FictionEdna Morthy é uma funcionária, uma trabalhadora, como outra qualquer. Todo dia ela levanta cedo e segue sua rotina: bate o ponto, toma um gole de café com seus colegas de profissão e pega a lista, a lista com nomes de seus clientes para o dia, clien...