CAPÍTULO 1

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Desembarquei no aeroporto do Rio com um frio no barriga, depois de quase 4 anos sem ver minha mãe e minha irmã eu não sabia o que esperar. Ah, como eu queria ter ido para Califórnia com meu pai, mas infelizmente ele não podia me levar, coisas de trabalho. Agora eu teria que ficar aqui no mínimo até completar 18 anos. Querendo ou não. Sem contar que deixei meu namorado  Bernarndo pra trás, ele me disse que íamos namorar a distância, eu não terminei, mas não queria isso. Realmente não queria.
Vejo minha mãe de longe e aceno pra ela enquanto vou me aproximando calmamente. Minha irmã mais nova, Bianca vem correndo em minha direção e me abraça, Deus ela está tão diferente. Era uma criança a última vez que a vi. Eu largo minha mala no chão e a abraço com força
-Senti sua falta!
Ela diz com seus braços magrinhos envolta do meu pescoço
-Eu também senti a sua Bi, eu senti muito sua falta
Solto ela e abraço minha mãe. Sinto que ela está chorando, sempre foi emotiva.
...
Do aeroporto fomos direto para um restaurante almoçar, foi incrível reencontrar com minha mãe e irmã depois de tanto tempo. Nós conversamos sobre tudo. Eu contei de como foi difícil deixar pra trás meu namorado e principalmente minhas amigas. Bi falou que vai me apresentar as amigas dela e que quer muito que eu entre na turma. Eu não sei se vai dar certo porque todas elas tem mais ou menos a idade da Bi (três anos mais nova que eu), mas fiquei feliz com a atitude dela.
Depois fomos direto pra casa da minha mãe (que agora é minha casa). Eu tinha um quarto lá, apesar de nunca ter usado. Quando entrei a cama estava já arrumada, com as cores azul e amarelo. Minhas favoritas. Também havia uma vaso com uma rosa vermelha ao lado da cama e um rádio que tocava Carolina Rodrigues. Minha cantora favorita a muito, muito tempo. Eu sorri ao perceber que elas tinham lembrado de tantos detalhes e as abracei, depois de me ajudar a arrumar algumas coisas. Elas me deixaram sozinha pra que eu pudesse descansar. Mas faltava uma coisa. No fundo da minha mala estava a coisa mais importante para aquele lugar se tornar realmente meu. Uma pasta com todos os meus pôsters da Carolina Rodrigues. Demorei uns dez minutos para colocar todos na parede. Eu já tinha uma certa prática. Depois tomei banho e fui deitar um pouco. Não consegui dormir, nunca consigo dormir em camas que não sejam a minha ou a do meu pai. Então peguei meu celular e fiquei vendo vídeos da Carolina. E pensando que apesar de tudo, eu estava no mesmo estado que ela.
Fiquei tanto tempo vendo os vídeos que cheguei em uns antigos, onde Carolina estava com sua ex namorada Anna Júlia, que morreu poucos anos antes de eu nascer, em um acidente de carro. Todos diziam que Anna era parecida comigo, alguns até se assustavam. E eu tenho que concordar que realmente somos parecidas. Pele branca, cabelos castanho escuro ondulados batendo mais ou menos na cintura e o formato do rosto. Mas acho que a principal característica em comum era a heterocromia (um olho de cada cor. Um verde e outro azul, no nosso caso). Eu sempre senti algo diferente vendo as duas juntas, achei que era porque eu realmente achava que elas eram felizes, mas agora parece que é mais do que isso.
Minha mãe bate a porta, me chamando para dar uma volta, conhecer a cidade, como não consigo dormir aceito. Coloco o primeiro vestido que vejo pela frente, é vermelho e bate uns dois dedos acima do joelho. Visto minhas alpargatas azuis, faço um coque bagunçado no cabelo e então desço as escadas até a cozinha.

CarolinaOnde histórias criam vida. Descubra agora