CAPÍTULO 8

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As dez horas da manhã finalmente sinto sono. Becca ainda esta dormindo e acho que minha mãe e Bi também, pois não escutei movimentação pela casa. Deito ao lado de Bi e durmo até 12h30.
Quando acordo ouço barulho no andar debaixo e vejo que Becca não está mais do meu lado. Antes mesmo de tirar o pijama desço as escadas. Vejo minha mãe, Bi e Becca em um papo animado sobre ontem.
-Bom dia
Falo sorrindo e as três me olham
-Bom dia, Maria. Dormiu bem?
Pergunta minha mãe
-Praticamente não dormi
-Ainda com insônia?
Minha mãe pergunta e eu confirmo com a cabeça.
-Vamos comer naquele restaurante?
-Vamos sim. Vou trocar de roupa. Becca, quer uma emprestada?
Ela diz que sim e subimos até meu quarto.
...
Quando chegamos do restaurante eu levo Becca até a casa dela, que não é muito longe. Ela me deseja sorte para hoje a tarde, porque eu estou bem nervosa. Vou encontrar com Carolina. Tem como acreditar?
Volto pra casa, tomo banho e lavo meus cabelos. Coloco uma calça jeans preta rasgada nos joelhos, uma camiseta cinza, tênis da adidas branco e preto e claro, meu colar com o símbolo do infinito, de sempre. Passo uma maquiagem leve. Pego minha bolsa e peço o celular de Bi emprestado para pedir um uber.
-Tem certeza que vai sozinha, Maria?
Pergunta minha mãe preocupada
-Tenho sim mãe. Nem é tão longe e qualquer coisa eu ligo do orelhão.
Percebo que ela continua preocupada, mas ela apenas diz
-Não volte tarde
-Pode deixar
Respondo já saindo de casa.
...
Quando chego no local combinado vejo Carolina que já está sentada.
-Ei!
Falo ao me aproximar. Ela levanta sorrindo e me abraça. Não quero me acostumar com esse abraço. Já é o terceiro e talvez o último.
-Como vai?
Ela pergunta quando sentamos
-Tudo bem. E com você?
Ela confirma com a cabeça, o garçom chega e pergunta se queremos alguma coisa.
-Outro capuccino.
Diz Carolina entregando a caneca em que estava tomando a ele
-E a moça?
Ele pergunta se dirigindo a mim. Penso em olhar o cardápio, mas nem precisava.
-Um café sem leite e sem açúcar.
Ele confirma e sai
-Sem leite e sem açúcar?
Pergunta Carolina me olhando fixamente
-A maioria das pessoas tem essa mesma reação -Ela dá risada e eu também - Mas não consigo tomar de outro jeito.
-Maria Lúcia, né?
Ela pergunta e eu confirmo
-Me conta a sua história
-Minha história? Não sou interessante
-Ah, deve ser sim. Fala sobre você. Do que você gosta?
-Gosto de cantar, tocar violão e olhar o céu.
-Gosta de tocar violão é? Toca a quanto tempo?
-Acho que tinha uns 10 anos quando aprendi, depois não parei mais. Mas desde que me mudei nunca mais toquei. Não pude trazer o meu.
-E faz tempo que se mudou?
Ela sai da cadeira que estava sentada e vem sentar mais próxima a mim. Eu gosto disso e sorrio.
-Fazem mais ou menos duas semanas
-Posso perguntar o motivo?
-Claro. Eu morava em Minas Gerais com meu pai. Mas ele precisou se mudar pra outro país a trabalho então vim morar com minha mãe.
-Gosta daqui?
-Amo! Parece que aqui é realmente o meu lugar.
Ela confirma com a cabeça e sorri. Depois de um tempo diz
-Eu poderia te contar a minha história. Mas imagino que já tenha lido no google.
Dou risada
-É, eu já li. Também já li no seu livro, que é bem melhor. Mas gostaria de ouvir você me contando.
Então ela me conta cada detalhe que eu já sabia. E eu não consigo desviar meus olhos dela nem por um segundo. Eu não sei o que aconteceu comigo. Aquele sorriso me prende de uma forma que não sei explicar. Eu nunca senti isso antes.
...
-Gosta de olhar o céu, né? Conheço um lugar incrível pra isso. Topa ir lá?
Carolina pergunta depois de mais de uma hora de conversa. A lua já estava começando a aparecer no céu.
-Agora?
Pergunto empolgada com a idéia
-Sim. Vamos?
-Não sei, não posso chegar em casa tarde.
-Eu te levo embora. Vamooos!
Ela aperta minha mão que já estava entre as mãos dela já faz algum tempo.
-Tá bom, tá bom. -Falo sorrindo - Então vamos. Mas presico avisar minha mãe.
Vou procurar meu celular na bolsa, mas Carolina me lembra que estava com ela. Estávamos tão interessadas na conversa que até esquecemos o motivo de estarmos ali. Ela me entrega o celular e diz que vai pagar enquanto falo com minha mãe. Eu tento dar a minha parte do dinheiro. Mas ela simplesmente diz que vai pagar tudo, me ignora e vai. Eu saio do café e ligo para minha mãe. Digo que vou chegar um pouco tarde em casa e que Carolina vai me levar. Eu tenho dúvidas se ela gosta ou não idéia. Mas ela apenas confirma e me agradece por ter avisado.
Quando minha mãe desliga, olho para a lua e começo a imaginar que daqui a pouco tempo vou estar vendo a mesma, ao lado de Carolina.

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