CAPÍTULO 14

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A primeira coisa que vi quando acordei foi Carolina dormindo ao meu lado. Foi um sentimento maravilhoso e eu tenho certeza que isso acontecia direto quando eu era Anna Júlia. Quando peguei meu celular me assustei ao ver que já eram 13h00. Eu não tinha conseguido dormir tanto desde que me mudei para o Rio.
-Bom dia!
Ouço a voz de Carol ao meu lado, voz que combina perfeitamente com sua cara de sono. Ela sorri quando tiro os olhos do celular para olhar para ela. Sorrio também
-Bom dia!
Carol me da um beijo na bochecha o que faz meu coração bater mais forte.
-Dormiu bem?
Ela pergunta sentando na cama. Seus cabelos estão bagunçado, ela está tão linda que eu não quero parar de olhar.
-Sim, por incrível que pareça.
Ela sorri
-Sinal de que sua insônia está passando
-Talvez
Ela levanta da cama e vai até o banheiro.
...
Depois que levantamos Carol fez café e lembrou que eu só tomo sem leite e sem açúcar, e eu só falei isso pra ela quando nos conhecemos. Depois de comermos sentamos no sofá e ficamos conversando. Teve um momento em que a conversa chegou no assunto reencarnação e eu achei que era a hora de contar
-Você acredita em reencarnação?
-Acredito. E você?
Ela responde olhando em meus olhos
-Acredito, inclusive já fiz algumas sessões de regressão
-E o que você viu?
Apertei os lábios para ter certeza se deveria falar. Eu nem sabia como falar aquilo
-Carol... eu não sei muito bem como te falar... mas...
Carol leva a mão até meu rosto e coloca uma mecha do meu cabelo que estava na bochecha atrás da orelha. Ela tem um sorriso leve no rosto
-Tudo bem. Pode me falar qualquer coisa
Ela desce a mão pelo meu ombro, passa pelo meu braço e para na minha mão. Então a segura, respiro fundo, Carol me olha com aquele sorriso calmo que me tranquiliza. Tomei coragem e então falei
-Já na primeira sessão que fiz, eu vi você, nós lá no campo. Só que... eu era, eu sou... -dei uma pausa e respirei fundo mais uma vez -Eu sou a Anna Júlia!
Falei de uma vez. Os olhos de Carol se encheram de lágrimas e ela soltou minha mão bruscamente.
-Maria, não brinca com isso
Nesse momento uma lágrima escorreu por sua bochecha
-Carol, desculpa. Não quero te deixar mal, mas eu realmente vi isso
-Maria -ela parecia estar se esforçando para ser calma- Acho melhor você ir embora
-Mas...
Tentei falar mas Carolina me interrompeu
-Vai!
Peguei meu celular, fui até o elevador, quando cheguei no portão Carol o abriu. Olhei pra trás na esperança de vê - lá mas não vi. Sequei uma lágrima quando sai pelo portão, mas eu nem percebi quando foi que elas começaram a cair. Encostei no muro da casa de Carolina, sentei ali mesmo, abracei os joelhos e fiquei ali chorando, nem sei por quanto tempo, meu celular já estava sem bateria. Quando me acalmei, levantei e fui até a casa de Ale.
...
Quando bati na porta Ale abriu com um sorriso enorme
-Fala Maria!
Ele dá um soquinho no meu ombro, essa sua mania sempre me faz rir, mas hoje não fez
-Tá tudo bem?
Ele parecia preocupado, neguei com a cabeça
-Quer falar sobre?
Ela fecha a porta atrás de mim e indica para que eu sente no sofá. Sento e ele senta ao meu lado.
-Quero. Mas antes preciso te falar sobre outra coisa.
Então contei a Ale sobre as mensagens e sobre ontem. Quando terminei Ale balançou a cabeça e falou baixinho
-Eu não acredito -Ele levantou do sofá e repetiu mais alto -Eu não acredito!
-Você sabe quem está fazendo isso?
Ele sentou novamente ao meu lado e confirmou
-É a Isabelly
-Isabelly? Isabelly amiga da Bianca?
-Ela é louca. Ela é apaixonada por mim já faz muito tempo e tenta afastar qualquer menina de mim. Mas relaxa Maria, vou dar um jeito nisso, tá?
Confirmei e sorri
-Agora me fala por que você não tá bem
Ele pede
-É uma longa história
-Tenho todo o tempo do mundo
Comecei a contar desde a primeira sessão de regressão que fiz até hoje quando Carolina me mandou embora da casa dela.
-É tão confuso, Ale. O que eu sinto quando estou com ela. Como se já fossemos íntimas a tanto tempo. Me faz tão bem, eu não sei o que fazer...
Suspirei fundo pois eu ainda tinha muito pra falar, mas não sabia como
-Cara... -Ale começou a falar mas, parou. Tirou o boné e passou a mão pelos cabelos. -Sabe Maria, talvez isso nem tenha passado pela sua cabeça, ou talvez você saiba mas quer ignorar, mas você está apaixonada por ela!
Eu estava?
-É Ale, isso realmente nunca tinha passado pela minha cabeça, mas eu estou -Apoiei meu rosto com as mãos. Eu nunca tinha sentido isso por ninguém antes, nunca achei que eu poderia gostar de uma mulher -Mas agora acho que ela não quer mais nem me ver
Uma lágrima escorre pelo meu rosto e Ale a seca
-Dá um tempo pra ela pensar. Logo ela vai querer te ver de novo
Espero que sim. Tentei falar mas agora eu estava chorando muito. Ale me abraçou e depois me levou até em casa.
Falei pra minha mãe que o motivo do meu choro era porque tinha brigado com Becca, até porque ela achava que eu tinha dormido na casa dela. Tomei um banho e deitei achando que ia dormir. Mas parece que minha insônia não tinha passado.

CarolinaOnde histórias criam vida. Descubra agora