CAPÍTULO 22

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Obedeci a risca a regra da minha mãe (contra minha vontade, é claro). Literalmente eu só saia para ir ao colégio. Eu tinha a companhia de Bianca que passava muito tempo me distraindo, já que eu não tinha mais celular, não podia mexer no computador e me recusava ficar vendo TV na sala ao lado de minha mãe. Eu e ela conseguíamos conversar normalmente, porém o clima ainda era tenso. Becca vinha pra minha casa toda quarta depois do colégio e fazia sessões de regressão. Elas me deixavam mais calma, porque de certa forma faziam com que eu me sentisse mais próxima de Carolina, e matasse um pouco da saudade. Fazia quase um mês que eu não via ou falava com Carol. Eu nem sabia se ainda estávamos namorando. A saudade era tanta que não cabia dentro de mim.
...
-Não fica assim, Maria. Nós vamos dar um jeito!
Dizia Bianca, que estava sentada comigo no chão da varanda. Ela segura minha mão e a aperta
-É tão difícil, Bi. Eu sinto falta dela. Eu nem sei se ainda estamos namorando. -Desvio meu olhar do rosto de Bianca para nossas mãos. Que estavam encima do meu joelho. -Ela nem tentou falar comigo. Eu tentei ligar do celular de Becca, mas ela não atendeu...
Bianca seca uma lágrima que começou a escorrer pela minha bochecha. Ela suspira e fala
-Ela não tinha como saber que era você. Podia ser um fã louco.
-É... você tem razão
Finjo que estou mais calma.
-Vou dormir, Maria. Até amanhã
Bianca fala e me dá um beijo na bochecha levantando e saindo do quarto. Levanto da varanda e deito na cama. Passo a noite chorando, o que agora já é rotina.
...
Estou saindo do colégio conversando com Ale quando vejo um aglomerado de pessoas, ouço alguns gritos e frases como "eu sou muito seu fã", "tira uma foto comigo?" Tento ver quem é, mas tem muita gente envolta e não consigo. Sinto uma mão segurando forte meu pulso. É Ale, quando olho para seu rosto. Ele tinha um sorriso
-É a Carolina!
Ele diz sorrindo
-O quê?
Saio correndo em meio as pessoas, entro em meio a elas e quando vejo Carolina paro. Não consigo mais me mexer. Ela estava dando um autógrafo. Devolve o caderno para uma menina e então finalmente me vê
-Maria!
Ela diz e me abraça
-Eu sinto tanto a sua falta
Falo segurando forte seu pescoço. E então Carol me beija. Ali no meio de todo mundo. Foi um beijo intenso. Como se fosse o último de nossas vidas. Quando paramos de nos beijar percebo que todos estão olhando para nós. Dou risada para disfarçar a vergonha
-Eu também sinto muito a sua falta
Diz Carol, ainda abraçada a mim. Eu afogo meu rosto em seus cabelos e a aperto forte na tentativa de diminuir a saudade
-Eu queria ter vindo antes, Maria. Mas precisei viajar e não tinha como te avisar. Me perdoa
-Imagina Carol, não precisa se desculpar. Estou feliz que está aqui.
Falo fazendo carinho em seu rosto. Carol pega alguma coisa em seu bolso, vejo que é um celular. Ela me entrega e diz
-Cuida pra sua mãe não ver. Tem meu número nele. Pode me ligar quando quiser
Meu sorriso vai de orelha a orelha. Coisa que não acontece a muito tempo.
-Obrigada. Agora eu tenho que ir pro escolar.
-Tudo bem. Foi maravilhoso te ver. Mesmo que por pouco tempo.
Carol diz e me beija. Eu entro correndo no escolar. E vou pra casa feliz.
...
Chegando em casa vejo que Bruno está lá. Ele vem em minha direção, passa a mão em minha cabeça e sussurra em meu ouvido
-Será que você e sua namorada vão fazer alguma coisa da qual eu possa participar?
Não respondo. Ele caí pra trás rindo. Bianca pega minha mão e me puxa escada acima, quando chegamos em frente ao meu quarto ela diz
-É hora de contar pra mãe.
Fico nervosa. Eu e Bianca vamos até o quarto dela e pra nossa sorte ela estava lá. Deitada na cama vendo uma revista
-Mãe, precisamos falar com você!
Diz Bianca. Nesse momento pego sua mão e a seguro, encorajando - a.
-Pode falar
Diz minha mãe fechando calmamente sua revista
-Mãe, já faz tempo. Muito tempo. Bruno nos assedia. Ele já tentou me beijar várias vezes. E também já tentou beijar Maria
Confirmo com a cabeça
-Ele tentou me beijar logo na primeira vez que me viu!

CarolinaOnde histórias criam vida. Descubra agora