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Estamos passando do portão e ele agradece o porteiro que lhe deseja um bom dia. Vou em direção a Hannah e ele diz:
- Para onde vai?
- Vou pegar minha moto.
- Claro que não! A senhorita vai comigo em meu carro. - Diz como uma ordem.
O quê?
- O quê?
- Venha comigo. - Diz sorrindo.
- Porque eu iria com você Sr. Klaus? - Pergunto confusa.
- Por que é mais rápido Srta. Ana, vamos eu a trarei de volta.- Diz calmamente. - Por favor.
- Está bem, isso não é motivo para brigar. - Sorrio.
- Eu vou buscar-ló, enquanto isso guarde sua moto.
Vou até Hannah e a trago até o estacionamento da faculdade, peço para o porteiro abrir novamente o portão, entro e a estaciono no primeiro lugar que vejo, agradeço e saio. Fico esperando por alguns segundos que mais parecem horas, o nervosismo aparece lentamente. Olho meus pés e lembro novamente de ontem. Minha nossa... Aquele homem, em meus braços, nós dois a sós. Idiota! Exclamo mentalmente e bato fortemente em minha testa. Como pude recusa-ló? E daí se ele estivesse excitado por causa da droga daquele livro? Trinta e quatro mulheres fantásticas em minha sala e ele queria transar comigo, a patinha feia, a desengonçada, a garota pessimista e cheia de outros defeitos. Sou arrancada dos meus pensamentos por ele:
- Não culpe-se querida. - Estremeço ao ouvir sua voz, olho para ele, está me olhando de uma forma tão sexy que fico excitada no mesmo instante, ele tem o controle sobre meu corpo, faz de mim o que quiser apenas com os olhos ou seu sorriso que agora vai surgindo maliciosamente. Controle-se Ana!
Riu tentando disfarçar.
- Me culpando? De quê? Sr. Klaaaus. - Digo tentando demonstrar tédio mas tudo é fingimento, ele é muito interessante, tenho vontade de descobrir do que é capaz, conhecer seus limites fora e dentro de quatro paredes e coro quando percebo o que estou pensando com meu professor. Céus ele é meu professor!
- Fingir não é seu forte querida, vamos. - Ele vem até mim e me conduz até o carro, ele é muito bom na linguajem corporal e fico mais nervosa ainda quando vejo seu carro, sim, é a Lamborghini Veneno de ontem à noite. Abre a porta para mim, agradeço e entro. Ela é muito linda como o seu dono, ele tem muito bom gosto, mas lembro rapidamente de mim e retiro tudo que disse.
Ele entra no carro, encara-me seriamente e diz:
- Acho melhor esquecermos o que aconteceu ontem querida.
Hã? O quê? Como posso esquecer?! Não é simplesmente assim "acho melhor esquecermos". E se estivesse acontecido o que ele queria? Como eu estaria agora? Filho da puta! Felizmente saí a tempo, ele nunca mais irá tocar em mim nem mesmo em minha mão. Idiota atrevido. Ele está arrependido do que fez, provavelmente está vendo-me como realmente sou, estranha.
- Ana? - Diz e olho para ele tentando sorrir. - Não vai me responder nada?
- Claro. - Mas não consigo disfarçar a tristeza em minha voz. - Esquecer o que aconteceu é a melhor solução.
Inclusive para mim.
- Que bom que me entendi querida. - Diz aliviado e saímos rumo a sua casa.

★★★

Estamos em silêncio há sete minutos, o clima está tenso entre nós e não consigo entender por que ele está tão triste. Passou mais alguns minutos e ele resolvi ligar o rádio. Está tocando Love Yourself do Justin Bieber, ele olha para mim, mas finjo que não vejo. Fico pensando se eu me amasse um pouco, às coisas talvez seriam bem diferentes.
Ele para o carro e diz:
- Chegamos... - Abro a porta e saio rapidamente sem deixar que ele termine a frase, quero pegar minha mochila e ir embora o mais rápido possível. Quando fora, percebo que estamos na Rua dos Pássaros. Faz uns dez anos que não passo por aqui e resolvo olhar para sua casa, fico sem palavras diante de tanta beleza. Ela é enorme e tem a arquitetura do século passado. Sua cor branca juntamente com as oito janelas frontais feita com a madeira de carvalho escuro passa-me a impressão que foi planejada e construída por um casal feliz. A casa é composta por dois andares que tem duas varandas de tirarem o fôlego, uma em cada andar. A primeira que está muito bem acompanhada de um jardim perfeito e a segunda de uma mulher muito jovem e aparentemente linda regando os vasos de flores que ali enchem de graça - deve ser a namorada dele - surge um pensamento que me entristece e logo me dou conta do seu pedido mais cedo "acho melhor esquecermos o que aconteceu..." Merda!
Ele saí do carro, vira-se para mim e pergunta:
- Vamos entrar? - Diz com astúcia.
Abaixo a cabeça e respondo:
- Não, a vizinhança pode pensar coisas desagradáveis a nosso respeito. Vá buscá-la enquanto espero aqui fora - Não quero vê-lo.
- Ana! - Me reprime.
Ele dá a volta no carro, pega em minha mão, me leva até sua casa, abre a porta e entramos. Por dentro sua casa é ainda mais fantásticas. O chão está impecavelmente limpo e brilhante, tanto da varanda como o da sala de estar, ele é feito de uma madeira que desconheço, talvez seja pelo fato de ser antiga e não ser mais fabricada. Na sala à duas escadas laterais na esquerda e na direita que devem levar para o segundo andar. A sala é toda mobiliada a móveis luxuosos, sofás de couro e cortinas de seda ambos na cor branco. Os sofás estão no centro junto com uma pequena mesa de centro, neste cômodo também à uma lareira que fica localizada logo abaixo das escadas. O que realmente chamou minha atenção foi uma estante antiga que fica próxima a lareira, tomo a liberdade e vou até ela. Ela está repleta de vinhos, são vinhos portugueses, franceses, italianos e acho que a um alemão mais não sei de certeza, ele chama-se...
- Sinnlich - Diz Klaus me interrompendo e sinto sua respiração em meu pescoço, ele está muito perto de mim e continua - Sinnlich quer dizer sensual em alemão, é a vinicultura da minha família. Meu pai amava incondicionalmente minha mãe e quis homenagea-lá de uma forma que durasse várias gerações, só não imaginava-mos que seria desta forma.
- Amava? - Pergunto curiosa.
- Sim... Minha mãe teve complicações na gravidez e aos oito meses de gestação ela foi internada às pressas, os médicos não tiveram muitas opções e resolveram fazer uma cesariana, ela não resistiu e morreu dez minutos após meu nascimento.
Ficamos em silêncio, sei que ele está triste, decido olha-ló e não se atreve a olhar para mim, sua cabeça está baixa e ele está pensativo, não quer mostra-se frágil, ele ainda não sabe mas temos algo em comum, ao perceber isso sou impulsionada por um sentimento estranho e o abraço com todas as forças que tenho, ele não exita e retribui o que me faz estremecer ao perceber o que esta acontecendo.
- Quando o amor é forte nenhum adeus é eterno! - Digo por experiência.
Ele me abraça ainda mais forte.
- Por que só os melhores vão embora?
- Deus sabe o que faz querido Klaus.
Ele começa a me olhar atentamente, seus olhos estão curiosos e pergunta surpreso:
- Co-como pode saber isso tudo querida?
Não fale! Exclama em meu inconsciente.
- Também gostaria de saber. - Digo olhando profundamente em seus olhos que agora começam a brilhar novamente e ele os fecham colocando seu nariz no meu dizendo baixinho:
- Beije-me Ana.

O Mestre Do Sexo.Onde histórias criam vida. Descubra agora