Rebeca se arrumou para a festa da amiga. Olhou-se no espelho e ficou satisfeita com o resultado. O vestido era azul, sua cor preferida, um decote profundo nas costas e curtíssimo. Os cabelos estavam presos num coque bem feito. Colocou os brincos dourados nas orelhas e pintou os lábios de vermelho e pra finalizar colocou as sandálias de salto alto. Mandou um beijo para sua imagem refletida no espelho. " Agora sim!" Pegou sua pequena bolsa, colocou o batom e pegou o celular, que ainda estava desligado e ligou -o. As mensagens começaram a cair, sendo todas de Eric. Abriu-as. " Rebeca, preciso falar com você" " Pequena, me responde" " Rebeca você tem que me ouvir" " Pequena, por favor" Rebeca... Rebeca...todas no mesmo sentido. Jogou o celular longe. " Se ele não estivesse com a consciência pesada não estaria tão desesperado em falar com ela", pensou e saiu.
Eric chegou a casa de Amanda acompanhado pela mulher e o filho. O jardim da casa estava todo enfeitado com muito bom gosto, a piscina estava toda forrada de bexigas douradas e rosas.
- Que bom que vieram.- recebeu-os Amanda.- Eu preparei uma mesa para o pessoal do batalhão, mas se vocês quiserem podem se acomodar em qualquer lugar.
- Claro que não, amiga. Os amigos de Eric também são meus amigos.- falou Sofia, sorrindo.
Eric acompanhou a amiga. A mesa estava posta bem no meio do jardim, havia lugar para umas vinte pessoas. Rebeca já estava ali.
- Boa noite!- falou ele, encarando-a. Viu o tremor no queixo dela. Ela estava linda! Não conseguiu ver as outras pessoas que estavam presentes, seus olhos não conseguiam se desviar daquela mulher. Podia sentir as batidas do próprio coração. Amava-a! Tinha que admitir que a amava! Ela não respondeu ao seu cumprimento, continuou a conversa com o homem que estava a seu lado. Olhou para o desconhecido querendo saltar encima dele. Quem era aquele sujeito? Sentou-se de frente para ela.
Rebeca sentia as borboletas voando em seu estômago, seu coração deu uma leve acelerada. Mordeu o canto dos lábios fechando os olhos. Tinha que se controlar. Viu-o se sentar a sua frente, seus olhares se cruzaram, mas ela foi a primeira a desviar os olhos.
Marcelo notou os olhares dos dois. Percebeu o quanto ela ficara nervosa com a presença do casal e soube que aquele era o tal tenente Drumond. Então Rebeca era amante daquele homem?! Sorriu. Ah, tinha chance de ficar com ela.
Rebeca evitava a todo custo olhar para o casal . Sentia que Eric não tirava os olhos dela, e isso a deixava mais nervosa ainda.
- Está se sentindo mal?- perguntou Marcelo, apertando a mão dela sobre a mesa.
- Não. Eu estou bem.- respondeu tomando um gole de sua bebida favorita, martini.
Sofia fuzilava Rebeca com os olhos. Tinha que admitir que era uma bela moça, mas os olhos fixos de Eric sobre ela a estava deixando sem graça.
- Será que dá pra você parar de paquerar essa vadia na minha frente?- falou Sofia ao ouvido do marido.
- Sinto muito, querida, mas aguente as consequências.- respondeu ele, também em seu ouvido.
Rebeca fungou ao ver os cochichos que o casal trocava. Pelo visto era algo bom que ele dissera ao ouvido dela, pois Sofia sorria toda contente.
- Esse é seu namorado, Rebeca?- perguntou Sofia, de repente.
Rebeca engasgou com a bebida, tossiu.
- Ainda não.- respondeu com um sorriso.
- Estou na espera por essa decisão.- falou Marcelo dando um beijo no pescoço dela.
Rebeca sentiu um arrepio percorrer sua espinha quando sentiu os lábios dele sobre sua pele. Não queria admitir, mas gostara daquele contato.
Eric mordeu o lábio inferior de raiva. Notou o rubor que tomou as faces dela quando aquele homem a beijara. Será que eles tinham alguma coisa? Não, não podia ser! Estava se remoendo de ciúmes.
- Você estava viajando? Nunca ouvi ninguém se referir que Eric era casado.- falou Rebeca com um sorriso cínico.- Nem ele mesmo.
Sofia bufou.
- Sim, minha mãe estava doente, tive que ficar com ela.- mentiu Sofia.- Mas agora estou de volta e estamos melhores do que nunca, né amor.- terminou sorrindo para o marido.
- Que bom pra vocês.- falou Rebeca em tom de zombaria. Virou-se para Marcelo.- Vamos dançar?- perguntou forçando um sorriso. Não queria mais ficar naquela mesa, não suportava olhar aquela mulher a todo momento tocando o rosto e as mãos de Eric.
- Claro.- respondeu ele, pegando-a pelas mãos.
Eric sentiu o sangue ferver em suas veias. O que ela estava pensando?
- Vou ao banheiro.- falou ele levantando-se logo atrás, e indo no encalço do casal. Alcançou-os e puxou Rebeca por um dos braços.
- Preciso falar com você.- pediu ele.
Rebeca olhou a mão em seu braço e o encarou. Queria gritar que não, mas não conseguiu dizer nada.
Marcelo encarou o outro, puxando Rebeca para si.
- Poderia nos dar licença?- perguntou Eric fuzilando o rival.
- Só se ela quiser.- respondeu o outro.
- Pode deixar, Marcelo.- falou ela, colocando a mão no peito dele.
- Tem certeza?
Rebeca confirmou com a cabeça e um sorriso, depois encarou Eric. Queria mostrar que estava brava com ele, mas seu coração acelerado fazia com que ela se sentisse fraca perto dele.
Eric passou o braço pela cintura dela e a conduziu para a pista de dança. Abraçou-a, pois nesta hora tocava uma música romântica.
- Por que não me atendeu hoje?- perguntou ele em seu ouvido.
- Eric, por favor.- falou ela fitando-o. Como amava se perder naqueles olhos castanhos.
- Ah, Rebeca! Como eu adoro sentir seu cheiro, sua pele.- falou ele em seu ouvido, as mãos acariciando as costas dela pela abertura do vestido.- Me fala que você não tem nada com esse homem.
- Eric, e se eu tivesse, o que faria?- perguntou ela, fitando-o.
- Não sei, Rebeca.- respondeu ele sincero.- Mas de uma coisa tenho certeza, não vou desistir de você.
Se fitaram.
- Você me confunde.- falou ela.
- Venha.- chamou ele puxando-a pela mão, indo em direção a casa.
Rebeca o acompanhou calada. Entraram no quarto da amiga.
- O que você quer de mim, Eric? Me deixe em paz, por favor. Vá viver sua vida com sua mulher.- falou ela, os olhos se enchendo de lágrimas.
- Eu não posso fazer o que me pede, Rebeca.- falou ele, olhando para ela. Queria enxugar-lhe as lágrimas, mas não se moveu.- Porque eu amo você.- revelou ele, erguendo os braços, num gesto de rendição.
Rebeca paralisou ao ouvir a declaração.
- Mentira.- murmurou ela.
- Por que não me atendeu hoje, Rebeca? Eu fiquei desesperado.- avançou um passo.
- Por que não apareceu ontem?- respondeu ela com outra pergunta.
- Eu te falei hoje de manhã, ou não viu a mensagem?- mentiu ele, odiando-se por isso.
- É mentira!- gritou ela, as lágrimas escorrendo.- Você passou a noite com ela.
- Rebeca, eu...
- Não!- interrompeu-o ela com um gesto de mão.- Não se justifique, é normal. Ela é sua esposa. Tá tudo certo. A errada sou eu.
- Não, Rebeca. Eu admito.- estava doendo nele dizer aquilo.- Mas eu estava bêbado. Foi tudo inesperado...
- Pare!- gritou ela, tapando as orelhas.- O que me dói mais são suas mentiras.
Eric a alcançou com dois passos e a agarrou pelos ombros.
- Eu não minto, Rebeca.- falou alterado.- Estou admitindo um erro, o que mais você quer? Sim, fiz sexo com ela, era isso o que queria ouvir? Mas não significou nada, era apenas um corpo.
Rebeca assustou-se com a reação dele. Engoliu em seco.
- É tudo mentira, Eric. Você não está se divorciando. Mas tudo bem! Vá viver sua vida e me esquece. Eu não vou mais me sujeitar a isso. Eu mereço alguém que realmente me ame, e não só na cama.
Eric a soltou. Via tanta dor naqueles olhos esverdeados que odiou-se mais uma vez.
- Você tem razão, Rebeca. Você merece alguém livre e desempedido. Eu não posso culpa-la, mas eu não posso e não quero desistir de você. E eu não a amo só na cama.
Ele a abraçou e ela não fugiu. Não queria fugir.
- Você mentiu pra mim, Eric. Disse que não havia mais nada entre vocês, que dormiam em quartos separados. Por que não me contou a verdade?
- Quantas vezes vou ter que te falar que não menti. Não durmo com ela, o que aconteceu ontem foi uma fraqueza minha, eu estava bêbado, estava louco de ciúmes por você estar sozinha com suas amigas.- justificou-se ele.- Estava imaginando que alguém poderia estar flertando com você, e acho que não me enganei.
Rebeca forçou uma risada.
- Não há nada entre Marcelo e eu...ainda.- falou ela se afastando, mas ele a puxou por um dos braços.
- Ver você com esse homem está me deixando louco, pequena. Escuta, vamos parar de brigar. O que aconteceu ontem não vai se repetir.
- Eric, ela é sua esposa. Enquanto estiverem casados acho melhor a gente não se ver.- falou ela se afastando.
- É isso mesmo o que quer, Rebeca?
Rebeca viu o olhar frio que ele lhe dirigiu. Sentiu um medo terrível de nunca mais voltar a estar nos braços dele.
- Eu não sei.- falou ela, chorando.- Eu estou confusa. Estou com medo de me ferir ainda mais com essa relação. Eu não sei, de verdade.
Eric sentiu vontade de aconchega-la em seus braços, de dizer que não tinha motivo para tanta dúvida, mas se controlou. Falou:
- Rebeca, eu não costumo implorar, e já fiz isso demais por hoje. Estou sendo sincero. Eu sei que é amor o que sinto por você, mas se eu sair por esta porta agora, assim como eu te coloquei em meu coração eu vou tirar.
Rebeca se entregou a um choro convulsivo, que fazia todo seu corpo balançar. Ele não saiu do lugar.
- Eu amo você, Eric.- falou ela após se controlar.- Só que não sei se consigo conviver com essa situação.
Eric sorriu. Aproximou-se e beijou-lhe a testa, os olhos úmidos, as faces e lhe deu um beijo suave nos lábios.
- Não sei por que tantas dúvidas, mas você precisa de um tempo e eu vou lhe dar. Mas pensa direito, pequena.- deu-lhe mais um beijo na testa e saiu.
Rebeca sentou-se na cama. Sim, precisava de um tempo. Tinha que por as emoções no lugar, avaliar se essa relação valia a pena. Levantou-se e foi até o banheiro lavar o rosto. Como sabia onde a amiga guardava suas maquiagens, retocou-se e saiu, voltando para o jardim.Sofia viu o marido sentar-se sem dizer nada. Agora tinha certeza que Eric tinha uma amante e era aquela vadia que trabalhava com ele. Esperou que ela voltasse para a mesa, mas ela não retornou.
Rebeca saiu para o jardim disposta a esquecer o que tinha acontecido. Não voltou mais para a mesa, resolveu ficar na pista de dança. Pegou uma dose de martini e por ali ficou. Viu Marcelo se divertindo do outro lado e se aproximou.
- Está tudo bem?- perguntou ele.
- Sim.- respondeu ela dando uma piscadela para ele.
Perdeu a noção do tempo, principalmente de quantas doses de martini havia ingerido, só sabia que estava bêbada. Mas que mal tinha nisso? Era solteira, não tinha que dar satisfação a ninguém. Marcelo ficou com ela o tempo todo. Gostava da companhia dele. Ela dançava, ele a abraçava, ela se esfregava nele e ele se aprazia com isso. Sabia que não era certo o que estava fazendo, mas precisava esquecer Eric.
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Indiscutivelmente, Amor!!( Concluído)
Romance- Pare de falar besteiras, pequena. - Não sou mais a sua pequena. - Você sempre será minha pequena! Um homem casado, uma colega de trabalho e um amor capaz de superar uma traição. Assim é a história de Eric e Rebeca.