Rebeca pegou o celular e ligou para o namorado.
- Preciso falar com você. Pode vir aqui?
- Claro, amor. Daqui uns vinte minutos estou ai.
Vinte minutos depois Rebeca servia duas xicaras de café, uma para ela e outra para Marcelo. Haviam se passado dezoito meses desde que Eric tinha ido embora. Ele realmente ficou três meses em São Paulo, mas quando voltou, foi transferido para outra praça. Lembrava-se perfeitamente da emoção que sentira ao ver aqueles lindos olhos castanhos novamente. Aquele tempo sem vê-lo tinha sido o pior de toda sua vida, andava irritada e nada a agradava, mas quando o vira tudo sumira. Ele, no entanto, não demonstrara nenhuma emoção ao revê-la, cumprimentara-a com formalidade, e ela entendeu, naquele momento, que não existia mais nenhuma possibilidade de ficarem juntos. Chorou, chorou e chorou, mas conseguira se decidir a por um ponto final naquela historia. Doera demais saber que Eric a tinha esquecido com tanta facilidade, mas por um lado foi bom, porque assim pode vislumbrar uma possibilidade de ser feliz com Marcelo, este fazia o impossível para realizar todos os seus desejos. Quando chegara na cidade, no outro dia depois da despedida de Eric, viera com um lindo anel de noivado, que ela não teve coragem de recusar. Precisava tentar ser feliz. Seus pais, na ocasião do noivado, vieram visita-la. Os pais aprovaram o noivo, mas seu pai percebera que ela não estava tão contente como deveria estar, porém ela o acalmou, dizendo que era o estresse do trabalho. A mãe, no entanto nada percebera, só sabia encher o genro de bons adjetivos. Rebeca concordava com muitos dele, pois Marcelo era um homem muito gentil.
Fora preciso tomar muita coragem para decidir o que queria da vida. Passara muitas noites em claro, mas depois de muito pensar, analisar e fazer um balanço de tudo o que havia vivido até aquele momento, sabia que tinha acertado na decisão.
- Marcelo,- começou ela, optando por ir direto ao assunto.- Eu quero terminar.
O moço olhou para ela confuso.
- Eu ouvi direito?
Ela apertou os lábios concordando com a cabeça.
- Ouviu.- disse, encarando-o.
- Você só pode estar brincando.- ele custava a acreditar em seus ouvidos.
- Não, não estou.- respondeu ela, firmemente, sustentando o olhar dele, que ela sabia, estava cheio de dor.- Eu não quero mais, Marcelo. Faz quanto tempo que estamos juntos? Mais de um ano e eu...
- Não conseguiu esquecer aquele homem.- gritou ele, batendo a mão sobre a mesa.
- Não se trata disso.
- Então se trata do que?
- Eu não amo você.- falou ela quase gritando.- Eu me sinto mau com isso. Parece que estou usando você e não é isso o que eu quero.
- Mas você me usou.
- Não usei, Marcelo. Eu tentei me apaixonar por você, de verdade, mas não deu.- defendeu-se ela.- Eu não consegui.
- Mas eu amo você, Rebeca.
- Só uma das partes amar, não dá.- respondeu ela levantando-se.
- Mas você gosta dos meus carinhos.- ele tentou se aproximar, porém ela recuou.
- Isso não basta, Marcelo. Eu não quero um homem pra cama. Me desculpe, mas eu não posso continuar com você.- ela disse tirando o anel do dedo e entregando a ele.
- Por que esperou todo esse tempo?- perguntou ele, friamente. - Por que o teatrinho com seus pais? Para me passar por idiota?
Rebeca sentia-se a pior pessoa do mundo, pois via a dor que existia nos olhos verdes.
- Eu achei que poderia vir a ama-lo.- respondeu fitando-o, sendo o mais sincera possível.- Mas descobri que não vou conseguir. Não enquanto aqui,- falou ela apontando para a própria cabeça e depois o coração.- estiverem pensando em outra pessoa.
- Esse cara não está nem aí pra você. Ele está casado e você nem sabe onde ele está.- Marcelo cuspia as palavras.
- Eu sei. Mas o que posso fazer? Eu não escolhi me apaixonar por ele, aconteceu.- falava ela os olhos cheios de lagrimas. - Eu vou embora, Marcelo. Pedi transferência, vou voltar para Campinas. Lá fico com meus pais, meus amigos e quem sabe consigo tirá-lo daqui.
Marcelo sorriu, nervoso, olhando para o anel em suas mãos.
- Se eu lhe disser que desejo que seja feliz, estarei mentindo. Estou ferido demais para desejar isso a você, mas quem sabe no futuro eu possa lhe dizer, seja feliz Rebeca, hoje o que posso lhe dizer é que estou com um ódio mortal de você, e sim, você não merece o amor que sinto por ti, mas um dia Rebeca, eu vou conseguir te esquecer. Tenha uma péssima noite, pois você acabou com a minha.- desabafou ele, deu as costas e saiu.
Rebeca ficou ali em pé, sem conseguir pensar em nada.
Isso tinha acontecido a quantos dias? Quinze dias. Pensou ela, deixando o livro que estava nas mãos sobre a cama. Estava na casa dos pais e a alegria que sentia era maior que a tristeza dessas lembranças. Sabia que Marcelo tinha voltado para São Paulo e que não estava bem. Diversas vezes pegara o telefone para ligar para ele, mas desistia. Era melhor não perturba-lo ainda mais. Sabia que com o tempo ele iria esquece-la e encontraria alguém que o amaria de verdade. Ele merecia ser feliz. Hoje sabia que de uma certa maneira o amara, e que sim, gostava dos carinhos dele, mas infelizmente não o amava ao ponto de conseguir esquecer Eric. Eric!! Onde será que ele estaria? Sabia muito bem o que Marcelo estava passando, pois ela mesma vivia essa situação. Ainda amava Eric, mesmo ele estando longe e casado, e era por esse último motivo que nunca ligara para ele.
- Maninha?- chamou Ricardo, seu irmão do meio.
- Pode entrar.
O moço alto de cabelos castanhos adentrou ao quarto com um sorriso.
- Vai ficar suas férias inteira socada no quarto?
- Estou descansando. - Ela respondeu, sorrindo.
- Já descansou demais. Vai, veste a roupa que vamos numa festa.
- Ah, Ricardo! Me deixa quietinha aqui.
- Nada disso, seu irmão tem razão. - disse a mãe entrando no quarto.- Vai se divertir um pouco.
- Mãe, tenho um partidao para apresentar a ela.- falou o moço rindo.
- Eu lá quero saber de homem agora?!- ralhou ela com o irmão.
- É sério, Rebeca. Ele é viúvo...
- Pare! Pelo amor de Deus! Chega de homem complicado na minha vida. Agora eu quero alguém livre, totalmente desimpedido.
- E viúvo não é? - perguntou a mãe.
- Ricardo, eu tenho apenas vinte e seis anos e você quer me apresentar a um velho? Estou tão acabada assim?
- Quem disse que ele é velho?- falou o irmão. - Mãe, é aquele Capitão que levei na festa da Sabrina, lembra-se?
- Ah, sim! Me recordo.- respondeu a mãe, depois olhou para a filha.- Ele é um gato, Rebeca.
- Vocês querem parar, por favor.- pediu ela pulando da cama.- Só por curiosidade, quem é ele?
- Não vou dizer.- respondeu o irmão dando de ombros. - Vocês vão trabalhar juntos, e já que não está interessada é melhor não dizer.
- E melhor assim. Não quero me envolver com colegas de trabalho.
Os três riram.
- Tá. Que tipo de festa que é? - perguntou ela se animando. Precisava mesmo se distrair.
- Coisa simples, aniversar6de um amigo meu.
- Vestido?- perguntou ela.
- Calça jeans. - respondeu ele.
- Vestido.- respondeu a mãe.
- Vista o que quiser, tatinha. Sei que a atenção vai estar voltada pra você mesmo. - brincou ele saindo do quarto.
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Indiscutivelmente, Amor!!( Concluído)
Romance- Pare de falar besteiras, pequena. - Não sou mais a sua pequena. - Você sempre será minha pequena! Um homem casado, uma colega de trabalho e um amor capaz de superar uma traição. Assim é a história de Eric e Rebeca.