O Julgamento - Parte 2

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10:30 am - Supremo Tribunal Real de Auradon

Eu cheguei acompanhada de Ben e, por mais que eu tenha odiado a ideia, nós tivemos que ir na limusine real. Por algum motivo, em eventos desse porte nós temos que aceitar o carro e o motorista. Segundo a Fada Madrinha, eu deveria usar um vestido que ia até os meus tornozelos! Mas não importa, nem morta iria usar uma coisa dessas. Então optei por um "terno feminino", como o chamam. A única coisa que segui das regras, foi a minha tiara, que eu amo, então não me importei de usa-la.

Lembro-me que depois de pronta, fique me olhando por um bom tempo no espelho e me perguntando: Depois que me casar, será assim? Que vou me vestir todos os dias? Todas as manhãs sairei para compromissos reais e dificilmente verei meus amigos? Dificilmente terei tempo para ser eu mesma? Desenhar sem me preocupar com nada ou simplesmente ficar de pijama o dia todo?

Foi nesse momento que olhei para um porta retrato em cima da minha penteadeira, uma foto minha e do Ben estava nele, quando tínhamos apenas começado a namorar. E simplesmente todos os questionamentos desapareceram, isso sempre acontece quando penso nele, porque o Benjamin me lembra o porque de eu aceitar essa vida. É porque eu o amo e se para ficar ao lado dele, terei que ser a "rainha de Auradon", é o que eu serei.

Ben, ao contrário de mim, seguiu as regras a risca, usando uma roupa brilhante e sua inseparável coroa dourada na cabeça, como um rei. Quer dizer, ele é um rei, mas nós passamos tanto tempo juntos e ele é sempre um doce com todos, sempre sorrindo e sendo gentil, que ás vezes me esqueço desse detalhe. Passei muito tempo vendo as autoridades como pessoas terríveis, acho que tá mudando, né? Afinal, eu vou me casar com ele.

Quando finalmente chegamos ao Supremo Tribunal Real de Auradon, que é onde será realizado o julgamento. Milhares de repórteres já nos esperavam na porta. Com câmeras e microfones, eles se empurravam para tentar ficar na frente, os seguranças até tentavam conte-los, mas eram muitos, bem mais do que o comum.

Segurei a mão do Ben por instinto, em quanto ainda olhava pelo vidro da janela, ele beijou a minha com delicadeza, bem próximo ao anel que ele me deu há um ano atrás. Eu sorri, mas meu coração estava inquieto, ansioso e receoso ao mesmo tempo, eu poderia vomitar ali mesmo, mas me mantinha forte porque, por mais ruim que eu esteja me sentindo agora, minha mãe deve estar bem pior.

O carro finalmente parou e mais alguns seguranças apareceram, tentando conter aquela multidão de pessoas, que gritavam e se empurravam, apontando câmeras e microfones na direção do carro.

- Não olhe para eles ok? - Ben disse, chamando minha atenção - Eu sei que a Fada Madrinha e a Jane sempre te pedem para ser gentil, mas hoje você não precisa

Apenas fiz positivo com a cabeça, eu já iria fazer isso mesmo, mas foi legal que ele tenha dito. O motorista desceu e empurrou alguns repórteres, para conseguir chegar até a porta, quando conseguiu, a abriu em seguida.

Ben ajeitou o paletó e desceu primeiro, estendendo a mão para que eu descesse em seguida. Não podia faze-lo esperar por muito tempo, mesmo com vários seguranças, aquelas pessoas sedentas por fotos e entrevistas iriam devora-lo a qualquer momento, então apenas respirei fundo e segurei sua mão estendida em minha direção, descendo do carro.

Andamos a passos rápidos no meio daquele corredor de pessoas, eu tentei ignorar, mas eles gritavam alto demais para que eu não os ouvisse e, por mais que eu não tenha respondido, aquelas perguntas ficaram grudadas na minha cabeça.

"Malévola será inocentada apenas por ser mãe de sua noiva?!"

"Como se sente tendo que acompanhar o julgamento de sua própria mãe?!"

Two Worlds - Dois MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora