Uma maçã, um oceano e uma canção

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** Pensamentos da Mal **

O que antes era um silêncio de muita tensão e nervosismo, após as câmeras serem desligadas deu lugar a questionamentos, gritos e taças de champanhe atiradas contra o chão e até em pessoas. Dois guardas correram na minha direção e do Ben, nos protegendo com seus próprios corpos enquanto nos escoltavam para uma espécie de coxia. 

- O que foi isso? - perguntei quando já estávamos, relativamente, seguros 

- A diferença de votos foi pouca, o que quer dizer que ao mesmo tempo que muitas pessoas escolheram pela vida, muitas outras estão revoltadas porque não houve a morte - Ben explicou, antes de se voltar para um dos guardas que nos levou até ali - fale com todos os homens, certifique-se de que todos saiam daqui em ordem e sem se machucar 

- Sim, Vossa Majestade - o guarda bateu continência antes de sair as pressas

- E como nós vamos sair? - perguntei apreensiva 

- Não se preocupe, um carro nos aguarda nos fundos do salão com guardas e uma viatura de policia - Ben explicou 

- Espera, nós seremos escoltados? 

- No momento a minha popularidade não tá muito boa, então para nossa segurança, sim 

Respirei fundo e fiz positivo com a cabeça. Eu sabia que não seria fácil, não é simples pedir para que um país inteiro aceite alguém que até pouco tempo era usado para assustar crianças e até adultos. É por isso que até momento estou anestesia pelos votos terem sido contra o fuzilamento, mesmo que com uma diferença pequena. 

Ben abriu uma pequena frecha na cortina para observar o que se passava do outro lado, a coisa ainda parecia bem feia pelos gritos que eu escutava. Logo Jane apareceu, ela estava vermelha e ofegante. Ben esperou que ela se acalmasse um pouco, mas eu só queria estrangula-la até que dissesse logo o que estava acontecendo. 

- O carro... - ela respirava quase que entre cada palavra - já está a espera de vocês... nos fundos 

Outro guarda apareceu, abrindo uma porta a minha direita, que só me dei conta de que estava ali quando um homem negro, alto e uniformizado saiu de lá. Ele nos escoltou por uma sucessão de pequenos corredores e lances de escada, até chegarmos em um beco parcialmente escuro e úmido. 

Haviam algumas latas de lixo - umas intactas e outras tombadas - e caixas de papelão rasgadas. Haviam três carros, dois pretos e uma viatura. Ben e eu estamos no primeiro junto com dois guardas, deixando o segundo para a Jane, Evie, Jay e outras pessoas. Os policiais entraram na viatura e seguiram na frente, nos escoltando até o castelo do Ben. 

Algumas pessoas olhavam para o nosso carro e apontavam, gritando coisas, outras apenas olhavam com espanto ou com raiva. Depois de alguns minutos não encontramos mais ninguém no trajeto até o castelo. O Ben não parou de fazer e receber ligações durante toda a viagem e eu apenas tomei o tempo em olhar pela janela, me perguntando em como seria trazer Malévola para um lugar como aquele. 

Quando finalmente chegamos ao castelo, haviam milhares de repórteres nos aguardando no enorme portão de ferro. Eles se multiplicam ou o que? O carro passou com um pouco de dificuldade, mas quando já estávamos dentro, o portão foi fechado rapidamente, deixando todos os que não foram convidados para fora. 

Para chegarmos até o castelo propriamente dito, passamos por um jardim gigantesco, com arbustos podados em forma de animais, chafarizes, piscinas - sim, no plural - e até uma quadra de tênis. Depois de quase cinco minutos contornando tudo isso com o carro, finalmente chegamos a entrada. Ben foi o primeiro a descer, em seguida foi minha vez e por último os dois guardas que estavam conosco. 

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