O Rei conhece a OPAM

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** Pensamentos da Mal **

Estacionei a moto próximo ao calçadão, em algum porto de sua enorme extensão, desci da mesma e me pus a caminhar em direção a praia.

As lágrimas chatas ainda estavam presentes, não pareciam querer ir embora tão cedo, mas eu estava tentando ser forte, por mais que me doesse profundamente. Tentava me convencer de que o que tinha feito era o certo.

Toda aquela revolta do Ben, a forma como ele falou sobre os adeptos, me fez parar para pensar no tipo de pessoa que ele era e que eu nunca havia notado. Mas continuo não acreditando que ele seja assim de fato, apenas acho que foi a forma como ele sempre foi doutrinado a enxergar as coisas.

Só que eu não podia continuar ao lado de uma pessoa que, infelizmente, pensa dessa forma. Me tornei cega pelo amor, mas agora enxergo, eu sou uma adepta de magia, ela faz parte de mim e jamais deixarei de usá-la, então como vou casar com alguém que a odeia tanto assim?

Talvez não fosse a hora mesmo, nós ainda somos muito jovens, eu tenho apenas vinte e um anos, ainda tenho muito o que viver.

Com todos aqueles pensamentos, já ia quase me esquecendo de que não estava sozinha de fato, de que alguém muito importante também estava presente. Só lembrei quando uma dor pequena, porém fina, atingiu minha barriga.

Botei a mão na mesma e abri a boca em um "ai", tentando aliviar a dor, que passou tão rápido quanto havia chegado.

- Tudo bem filho - disse - eu não esqueci de você, nós vamos ficar bem...

Minha fala foi interrompida por outra dor, dessa vez tão forte que me fez ver estrelas. A dor intensa fez meu coração acelerar, peguei meu celular no bolso e a primeira pessoa que meu subconsciente me mandou ligar foi para o Ben, mas eu não podia, não naquele momento.

Então pesquisei o número liguei para Bernice. Enquanto chamava fui atingida por mais uma dor, que me fez gritar e agarrar a barriga, tentando fazer com que parasse.

- Alô? Mal? - Bernice perguntou ao telefone - Tá tudo bem?

Não lembro se respondi alguma coisa ou se ao menos disse aonde estava e o que estava acontecendo, fui atingida por outra dor, tão forte e tão intensa que me fez soltar o telefone, fazendo o mesmo cair na areia. Tudo ficou preto e eu desmaiei logo em seguida.

** Pensamentos do Ben **

Me arrependi de tudo o que disse assim que Mal largou o anel na cama e saiu do quarto batendo a porta, queria correr até ela e dizer que sentia muito, mas não era o momento certo, pelo menos não ainda.

Ao contrário disso, apenas respirei fundo e me levantei para olhar pela janela, levantando um pouco da cortina branca que obstruía minha visão. Mal passou como um verdadeiro foguete, subiu na moto, colocou o capacete e saiu em alta velocidade do castelo.

Senti vontade de ir até ela e pedir que tomasse cuidado, que me ligasse quando chegasse seja lá aonde for que tenha ido, mas o anel abandonado em cima da minha cama deixava claro que isso já não me cabia mais.

Suspirei, soltando a cortina e pegando meu celular em cima do criado-mudo. Liguei para Evie e pedi que cancelasse qualquer compromisso que eu tivesse naquele dia, não estava com cabeça para resolver nada.

Como rei, desmarcar compromissos assim é quase um crime, mas devido aos acontecimentos, ir trabalhar no escritório mais atrapalharia do que ajudaria em alguma coisa. O que também não ajudaria era ficar naquele quarto, com o maldito anel fazendo pouco da minha cara.

Sai de lá e resolvi ir até o andar de baixo, mas no meio caminho, enquanto atravessa o enorme corredor, acabei passando em frente a porta dos aposentos da Mal. Girei a maçaneta e entrei.

Two Worlds - Dois MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora