A Batalha - Parte 2

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** Pensamentos do Ben **

Eu fiz uma coisa da qual não me arrependo, mobilizei pessoas e me certifiquei de que, não importasse as circunstâncias, daria certo. A única coisa que não fiz foi contar para a principal envolvida, pois sabia que se eu o fizesse, tudo iria por água a baixo.

E por que isso? Por que eu a amo, amo tanto que não consigo sequer descrever em palavras a imensidão de tal sentimento, chega até a ser amedrontador o quanto ela é importante para mim. Eu nunca tinha sentido algo assim antes, por isso no começo esse amor todo era novidade, não o conhecia por completo, mas hoje é diferente, hoje tenho a total consciência de que, sem ele - ou melhor, sem ela - eu não vivo.

Sabia que se contasse pra Mal sobre o meu plano, ela jamais aceitaria, então a melhor solução que encontrei no curto período de tempo que a vida me deu, foi omitir o fato. Se ela vai me odiar por isso? Não sei, talvez no momento sim, mas isso é o que menos me importa agora, só quero que ela esteja segura.

Então, quando ela estava distraída com os novos amigos, chamei Bernice e disse que queria ter uma conversa a sós com ela. Contei sobre minha decisão e a mesma topou na hora, falou também que já tinha preparado algo parecido com os outros membros de sua organização , a OPAM, mas que iria avisar a todos sobre a nova ordem.

O meu plano é o seguinte: se a batalha, de alguma forma, ficar fora de controle, se as coisas saírem do esperado, Jay e Evie - com a ajuda de guardas - vão tirar a Mal da luta, leva-la para longe, para um local seguro que eu preparei, mesmo que contra sua vontade. Enquanto a mim, pelo contrário, continuarei na guerra, fazendo meu papel como rei e, se preciso, dando a minha vida para proteger meu reino.

E por que escolhi fazer isso? Porque a amo, e também porque ela está carregando uma pequena vida dentro de si, o herdeiro de toda Auradon, então, se a guerra sair do controle e eu acabar... morrendo, eles dois estarão seguros e o reino ainda terá um rei, meu filho.

Confesso que estava com medo no começo e é o que mais ouvi durante toda minha vida, que um rei jamais poderia sentir, era o que eu estava sentindo. Medo de perder meu povo para os inimigos, medo de ser o responsável pela morte dos meus amigos e, acima de tudo, medo de perder minha mulher e meu filho, que nem sequer teve a chance de conhecer a vida ainda. Mas esse sentimento angustiante diminuiu no momento que Mal me disse o nome dele, Joseph, esse será o nome do meu filho, eu estando aqui para vê-lo nascer ou não, já o amo imensamente, mais do que tudo nesse mundo.

Afastei os lábios de sua barriga e olhei para cima, Mal me olhava com um sorriso sem dentes e os olhos levemente marejados, ela passou os dedos por meu cabelo, acariciando os fios e me fazendo fechar os olhos. Mas nosso pequeno momento de paz foi interrompido quando um grande barulho pode ser ouvido no céu, tão alto quanto um trovão e tão intenso quanto um tiro. Uma luz amarelada esverdeada atravessou as estrelas como uma flecha, provocando faíscas por onde passava, iluminando as nuvens de dentro pra fora, até seguir na direção da Ilha dos Perdidos.

Outro barulho pode ser ouvido e nós vimos o resultado da costa, a barreira havia sido quebrada. Um pássaro enorme e preto também surgiu no céu, ele deu grito e nesse momento Mal segurou minha mão - ela estava em seu cavalo e eu no meu - olhei para ela.

- Vai começar - ela disse, já empunhando sua espada e seu escudo

Olhei para o mar e, em pouco tempo, pude enxergar grandes mastros cortarem a linha do horizonte, que dividia o mar do céu. Os mastros deram lugar a enormes embarcações de madeira escura, barcos tão grandes que deveriam transportas muitas pessoas.

O medo quis me atingir, mas eu não deixei, respirei fundo e empunhei minha espada e meu escudo, depois olhei para Bernice e ela já estava me observando, então apenas fiz positivo com a cabeça, autorizando que começasse.

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