Eles

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** Pensamentos da Mal **

Não dava para simplesmente deitar e dormir, não era tão simples assim, não tinha como esquecer o que ele me contou. Fazia apenas poucos minutos que Carlos tinha ido embora, mas para mim pareciam mais horas, uma eternidade. Eu sentia dentro de mim, no fundo do meu coração, que eu tinha que conhece-los, mesmo não fazendo a menor ideia de quem eles eram. 

Cobri Ben com o cobertor - mais do que ele já estava - e fui até o meu quarto, a noite estava silenciosa e não se escutava nada pelos corredores do enorme castelo, todos estavam dormindo, inocentes do que estava prestes a acontecer. 

Quando alcancei minha porta, girei a maçaneta e entrei. Peguei uma pequena mochila e coloquei algumas guloseimas dentro - tirei todas do pequeno frigobar que havia no meu quarto - também coloquei uma lanterna e um cachecol, a noite estava muito fria lá fora. 

Peguei meu casaco - que estava em cima da cama - e o vesti, olhei o relógio na minha cabeceira e ele marcava exatamente duas horas da manhã, se eu fosse rápida, voltaria antes que alguém notasse a minha ausência. Sai sorrateiramente do castelo, no caminho encontrei dois guardas, que supostamente deveriam estar acordados, dormindo o mais profundo dos sonhos. Peguei minha moto e pilotei até a escola. 

Chegando lá, estacionei logo na entrada, tirei meu capacete e olhei em volta, todos os alunos estavam dormindo, o campus estava completamente vazio, a única luz vinha da enorme lua pendurada no céu. Respirei fundo, colocando o frio congelante para dentro dos pulmões, e segui caminhando pelo gramado leste, até chegar nesse tal bosque. 

Quando já estava desacreditada que aquilo fosse verdade, pois já havia andado tanto que meus pés doíam, a grama baixa e impecável do campus finalmente deu lugar a uma grama alta, escura e rebelde, sem nenhum tipo de intervenção humana, tão natural quanto a natureza. Depois dali foram apenas mais alguns passos, até me deparar com uma enorme árvore. Seu caule era formado por raízes retorcidas, seus galhos se entrelaçavam como cabelos cacheados ao vento, tão altos quando um prédio, ela era linda. 

Mas o mais especial, foi a sensação que senti em meu peito no momento que botei os olhos nela. Eu já tinha visto algo do tipo antes, quando estava a procura de Diaval, era magia, uma das formas mais loucas e misturadas de magia que já senti na vida. Em poucos segundos eu estava sorrindo, não consigo explicar direito o porque, mas algo dentro de mim se enchia de felicidade. 

- Você também sentiu? - disse colocando a mão na minha barriga, uma mania que eu peguei desde que descobri estar grávida

Respirei fundo e fui até mais perto da grande árvore, ela não se abriria tão facilmente, eu precisava provar que, igual ao outros, igual a eles, eu também tinha magia. 

"Meu coração sente

Toda essa magia presente

Me deixei entrar 

Para me apresentar"

Respirei fundo e assoprei logo em seguida, uma névoa verde saiu de meus lábios e envolveu a árvore. O simples fato de usar magia me deixa revitalizada, como se eu tivesse tomado um energético ou algo do tipo, a sensação é maravilhosa. 

Em poucos segundos o chão começou a tremer, mas eu não me assustei, havia sido exatamente assim da última vez. A grama começou a rachar e altos de terra escura surgiram, raízes enormes saíram do chão e se aglomerarão na superfície. Aos poucos, uma espécie de porta, feita da própria árvore, começou a se formar. Umas das coisas mais lindas e encharcadas de magia que eu já vi na vida. 

Two Worlds - Dois MundosOnde histórias criam vida. Descubra agora