Quando acordei estava presa numa cama, usando apenas uma colcha branca fina e suja para me cobrir. Meus pulsos e tornozelos doíam e meus olhos não conseguiam pegar foco. Minha boca ficava aberta e minha própria saliva escorria. Por que estão me maltratando assim? Tentei puxar os braços, mas não conseguia me soltar. Meu cabelo loiro caía pelo rosto e fazia cócegas em meus lábios. Minhas sardas bem marcadas era apenas o que eu conseguia ver ao tentar enxergar algo. A tatuagem antiga que tenho na região de pescoço/ombro era a única marca de mim mesma que ainda conseguia encontrar. É fácil perder-se de si própria num lugar como esse. As lágrimas escorriam e corriam para meus ouvidos. Não ouvem meu choro? Como dói!
Um homem vem e me olha. Usa jaleco, tem cabelos negros e bem curtos, parece ser importante. Cruza os braços por um momento e logo busca uma caneta. Faz anotações num bloco enquanto me olhava. Tive medo. Estou vulnerável! Não gosto de ficar presa! Não gosto! Ele percebeu meu medo como um cão farejador. Sorriu. Riu de mim. Me encolho como dá.
– Bem vinda ao Island Asylum. Trata-se de um local de recuperação para loucos como você. — Ele fala de mim com desprezo! Ele me despreza. Eu não sou louca, meu pai disse que não sou! – Você entende o que eu falo, ou também é retardada?
– Eu não sou retardada. – Murmuro baixinho. Por que ele não me solta? – Pode me soltar? Eu quero ver minha mãe.
– Eles te abandonaram. – Diz simplesmente tirando um papel de cima de uma mesinha alta que existia ao seu lado. – Legalmente falando, você agora pertence ao Asylum.
Não entendo. Meus pais me amavam. Por que fariam isso comigo? Eu não me lembro o que houve, mas tem sangue na minha roupa de cama, será que eu os machuquei? Está tão confuso... Confuso demais para eu conseguir entender. O choro volta e um sorrisinho surge nos lábios do homem.
– Você é perigosa demais para viver em sociedade, Sarah. Aqui é sua nova casa. – Ele precisa me ouvir! Me debato insistentemente para soltar meus pulsos daquele tecido duro.
– Eu não sou perigosa! Eu quero minha família!! Me deixa ir embora, moço!! – Ele fez uma carranca irritada e enfiou as mãos pelos próprios bolsos. Veio até mim, já puxando de seu bolso uma palmatória.
Conheço bem o que é uma palmatória. Aquele negócio de madeira que os professores da escola usavam em mim quando ficava muito aérea nas aulas, ou quando ainda insistia em pensar que o homem que fala comigo poderia ser ouvido por todos. Não tinha entendido ainda que a voz pedia segredo. Apertei meus lábios para não sentir dor. Não gosto de dor. Sou branquinha e fico vermelha rápido demais.
– Como eu disse, Sarah. Você não tem família. De resto, seu psiquiatra vai conversar com você mais tarde. – Ele veio e colocou a mão em meu rosto, apertando entre seus dedos ásperos e fazendo com que as unhas sujas marcassem meu queixo. – Sua família te odeia. Aceite. Você não passa de uma assassina. – Ele solta meu queixo de uma forma rude depois de vomitar aquelas palavras em meu rosto. Eu não sou uma assassina. Por que me chama assim?
–Assassina! Pequena Assassina! – A voz concorda com ele. Eu matei? Por que não me lembro?
O homem carrancudo vai embora, virando as costas e me deixando sozinha. Eu não quero ficar sozinha! Grito e puxo as amarras novamente. Fiz errado, muito errado!! Dois moços entram no quarto com raiva. Raiva de mim e me seguram, me viram de costas e aplicam alguma injeção dolorida no meu bumbum já machucado. Não sei quando, mas o sono me venceu. Por que me fizeram dormir? Eu não gosto de dormir, tenho pesadelo!
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Island Asylum
Mystery / ThrillerATENÇÃO! ESTA HISTÓRIA CONTÉM CONTEÚDO INAPROPRIADO PARA PESSOAS SENSÍVEIS Você conhece o inferno? Bem vindo a essa ilha. Estamos em meados do século XX, a medicina em franca expansão. Uma grande construção foi erguida e comportaria o expurgo da so...