Natan Kerby
As vezes não nos damos conta dos próprios atos. Isso é assustador. Os nazistas sabiam que iriam machucar, matar... E faziam mesmo assim. Dizem que nós, loucos funcionamos da mesma forma.
Depois que entreguei meu protetor Jonas ao comando nazista mais alto, tudo desandou. Ele estaria disposto a morrer para que eu saisse daqui. Eu achei que estava! Era para estar! Não estava! Ele gritou e me amaldiçoou tão alto quanto meus ouvidos puderam ouvir. Como eu sei? Estava na sala de contenção ao lado.
Mentiram. Mentiram para mim! Eu não fui liberto. Me prenderam ainda mais... Claro que me arrependo! O que estava nascendo entre nós dois era... Era... Assustador e diferente. Ele me olhava diferente. Ele gostava que eu experimentasse com ele. Eu senti falta do sangue. Senti falta por não ter coragem nem mesmo de me morder para sangrar. Frouxo!! Ele me chamaria de frouxo. Ele me odeia... Eu sei que odeia.
Era um dia quente. Mais um dia que jogavam água quente nele. Os nazistas riam da maldade, mas Jonas nem parecia sentir. As vezes, para mostrar seu lado mais sádico o ser humano usa os crimes do outro para justificar os seus. Jogar água quente, quase fervendo em qualquer um seria um crime, uma afronta, uma verdadeira maldade, mas... Fazer isso com um assassino de mulheres que se imerge em sangue das vítimas não é tão imperdoável. SOCIEDADE DE HIPÓCRITAS!
Em um dos dias, eu ouvi. Ouvi um dos nazistas filho da puta aonperguntar a ele o que deviam fazer comigo. Ele respondeu imediatamente; Pra sempre me prender tão próximo a liberdade quanto fosse possível.
Com toques de sadismo o fizeram. Prenderam meus pés no mesmo cadeado que segurava um barquinho. Lá fiquei. Dias e dias no sol e na chuva. As chuvas me.faziam tremer de frio, tremer com medo que um daqueles raios me acertarem. Querem que me acertem! Eles querem que eu tome um choque! Eles querem ver o que acontece!! NAZISTAS IMUNDOS!! Nazistas!! Nazistas malditos!! Eu odeio todos!! Todos eles!! Mentiram para mim!! Mentirosos nazistas!!
Estava dormindo quando ele chegou. Chegou e me acertou com seus chutes raivosos. Mal consigo me mexer... os.chutea são fortes e minhas costelas imploram para que pare. Ele não para! Não foi um, ou dois, nem três. PARA, JONAS!! ME DEIXE RESPIRAR!! Eu já não consigo respirar! Minha boca está cheia de sangue e sujeira quando ele finalmente parou.
Encolhi no chão para tentar fazer a dor parar. Respirar é cada vez mais difícil. Dificil. Quase impossível. Jonas chutou o cadeado que logo arrebentou. Sem controle. Totalmente sem controle! Ele volta para perto de mim e pega minha gola, puxando-me para perto de si. Chega!! Está me cortando!! Me deixando roxo!! Para com isso!! Para!! Não consigo empurrar. Não consigo respirar! As forças já me deixavam quando ele me agarrou com força e colocou de pé ao seu lado. Seu olhar era ódio. Ódio apenas. Não me ideia tanto, Jonas! Eu pensei que você não iria se importar... Eu pensei que ia dar a vida pela minha!! Mentiram! Mentiram para mim NAZISTAS!!
– Eu devia te dar uma surra! Isso sim! – Ele grita apertando meu queixo com força para faze-lo estalar. Sera que já não apanhei o suficiente? Uma surra dele certamente me mataria... Quase matou. Eu... Eu vi como aquele médico ficou. Eu vi a força dele. Não quero sentir em mim. Não quero morrer!! – Não cumpriram o combinado com você, babaca?
– Desculpe... Eu... Tive medo. – Disse como consegui. Sua mão pesada em meu pescoço me impedia de falar. A unha entra devagar me incomodando e fazendo ficar ainda mais desesperado. Ele pode rasgar meu pescoço! Ele pode me matar... Estou com medo! Medo de terem corrompido ele! Se o transformaram em nazista por minha culpa?! – Me desculpe. – Precisei levar minhas mãos até as dele. Segurei a que envolvia o meu pescoço com força, tirando-a dali. Meu olho buscou pelo seu a cada momento. Ele não pode ter se perdido assim no nazismo... Eu tenho que trazer elende volta. Olha pra mim, Jonas! Olha pra mim!! Ele conseguiu controlar um pouco do ódio e olhar para mim depois que acertou meu rosto com seu punho já sujo. Nao importo que ele me bata... Não tem problema. Ele me bate porque os nazistas mandaram. Fizeram isso com ele, mudaram a cabeça dele... LAVAGEM CEREBRAL! Cruzei nossos dedos num instante. Segurei ele. Segurei proque gosto dele. Eu gosto dele! Por que não me perdoa?! Ele soltou mimha mão imediatamente. Soltou e me encarou com ódio. Tanto ódio que precisei dar um passo para trás.
– Tá. Tanto faz. Agora quer ir embora? Se quiser vai ter que me ajudar a remar. – Novamente acerta meu rosto com seu punho e meu estômago já vazio com seu joelho. Os nazistas fizeram ele me odiar!! Caí no chão de joelhos. De joelhos com dor no estômago.
– Jonas, me perdoa. – Pedi fitando seus olhos. Eu preciso do seu perdão, não sair dessa ilha. Se fosse para viver a eternidade nesse campo de concentração, que fosse com ele. Não vou errar de novo. Ele levanta a mão novamente para me acertar, mas a dor não vem. Ele abaixou o braço. Abaixou e deixou que eu chegasse perto. O gosto tão adorado do sangue não é assim tão ruim... O gosto do sangue é viciante. Tem sangue na minha boca. Tem o sangue que ele fez sair.
Ficou me olhando enquanto me acheguei. Eu sei que ele gosta de sangue. Eu aceito como é. Mordi minha língua. Mordi e mostrei. Por ele eu consigo. Ele faz alguma coisa comigo. Ele faz... Eu poderia sangrar por ele. Encostei meu sangue na língua dele. Ele devorou. Ele sempre devora. Não a mim, mas ao sangue. Ele gosta de ter sangue por perto.
Sinto o gosto do sangue diferente. É o dele. Nosso sangue junto em sua boca, na nossa boca. Nossa boca junta. Nosso sangue. Ele é forte. Forte e assustador. Não um assustador ruim! Mas... Assustador.
Eu não sabia que ele era capaz de tanto... Ele me mordeu a boca e novamente vi o homem virar animal. Ele não parece controlar, nem perceber. Esta imundo com meu sangue. Imundo e parece buscar mais. Meu corpo fraco já estava contra uma das árvores. Ele me aperta. Ele sente minha pulsação! Ele sente meu medo. Medo e entrega... Maldita entrega!!
Ele não é carinhoso. Nada dele é romantizado. Não é um nazista, nas também não é judeu. Eu percebi ao ver sua força forçando meu corpo essa árvore. Ele não mendeu tempo de dizer não. Eu jamais diria não. Ele não me dei tempo para entender. Como um susto, quando eu percebi seu corpo já estava contra o meu, dentro do meu. Tão dentro quanto ninguém jamais esteve. Estava com ódio. Com ódio e me arranhou, me mordeu, doeu. Claro que doeu! Doeu. Doeu, mas eu não quis fugir. Não vou fugir.
Foi bom. Apesar de estar ainda mais ferido foi bom. Minhas coxas tem marcas de sangue e caminhar é ainda mais complicado. Sua mão ficou o tempo todo forçando meu pescoço para baixo. Ele disse que foi um castigo, mas não foi assim tão desagradável... Bom... Amanhã devo conseguir ficar sentado por mais tempo sem que me incomode tanto.
Amanhã também esperaremos o barco. O barco grande. Amanhã vamos embora juntos. Ele ainda não fala comigo como antes. Não sei se um dia vai voltar a falar, mas... Eu gosto do risco. Eu gosto dele. Gosto muito mais do que deveria.
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Island Asylum
Mystery / ThrillerATENÇÃO! ESTA HISTÓRIA CONTÉM CONTEÚDO INAPROPRIADO PARA PESSOAS SENSÍVEIS Você conhece o inferno? Bem vindo a essa ilha. Estamos em meados do século XX, a medicina em franca expansão. Uma grande construção foi erguida e comportaria o expurgo da so...