Natan Kerby
A vida é feita de erros. Sabe quando você tem certeza que algo vai dar errado e mesmo assim ignora sua mente e segue as ordens do coração? Foi o que eu fiz.
Subi com Jonas no navio e, mal chegamos Jonas disse estar com fome. Disse e saiu como um louco pelos corredores do navio. Entrou em um dos quartos com pressa e fechou a porta, claro. Eu fiquei do lado de fora.
Eu tentei ajudar! Eu juro que tentei! Eu as ouvi gritando, eu ouvi que elas queriam ajuda, que lutaram pela vida mas Jonas é forte demais. ELAS PEDEM AJUDA! PEDEM PARA QUE EU AS AJUDE. NÃO CONSIGO!! NÃO POSSO TRAIR JONAS DE NOVO!
Estavam em desespero. Ouvi cada uma delas. Escutei os sons ocos que deviam ser dos corpos contra a parede e o chão. É desesperador. Jonas é completamente louco, eu não devia ter vindo com ele para cá!! É perigoso! Eu as matei! A culpa também é minha! Elas estão gemendo de dor, ainda escuto. Jonas não diz sequer uma palavra. Ele não fala muito.
Bati na porta algumas vezes. Os gritos já tinham parado, minutos, horas... Não sei. Jonas não me responde, não faz barulho algum. Começo claramente a me preocupar. Se o feriram?! Se ele também desmaiou?! Se era uma isca dos nazistas?! Eles são cruéis! Vieram buscar o Jonas, vieram tirar ele de mim! Vieram para me atingir. Os nazistas vieram!!
Chutei a porta para salva-lo da mais cruel das torturas mas a cena que vi não foi a que eu esperava. Jonas acabara de matar quatro mulheres. Uma delas estava grávida... Estava. Jonas a abriu. O cheiro de sangue no lugar era enjoativo e parecia uma cena dos filmes de horror. Ele pegou o bebê e o arrancou da barriga da mãe, mas agora não parecia mais do que uma massa no chão. Ele não mordeu, mas bateu tanto que mal era possível reconhecer do que se tratava.
Jonas está imundo da cabeça aos pés daquilo que tanto ama. Está ainda tentando encontrar sangue na barriga de uma delas, mas sem sucesso, então dirige o olhar para mim de uma forma que senti todo meu corpo arrepiado.
– Jonas... Nós precisamos ir. AGORA! – Eu disse baixo para não assusta-lo, mas claramente falhei. Ele mostrou os dentes e agarrou os corpos em volta do seu.
– VOCÊ NÃO VAI ME TIRAR DAQUI!! – Ele berrou e acredito que todo navio tenha ouvido. Coloquei o dedo na frente da minha boca pedindo silêncio.
– Fale baixo! Vão nos notar! – Falei irritado. Um erro. Um grande erro. Ele mostrou os dentes e veio para cima de mim correndo. Eu sou rápido.
Subi para o deck do navio correndo, mas ele veio atrás de mim. – Jonas, para!!
Tentei mandar, mas isso o deixou ainda mais irado e com mais força. Eu precisava sair e o único lugar possível era o barco de emergência.
Pulei para ele esperando que fizesse Jonas parar. Não sei o que eu fiz de errado! Os Nazistas devem ter o contaminado! Devem estar o manipulando! Os nazistas querem me matar, querem me prender.
– Eu mandei não gritar. – Jonas me lembrou. Ele está irado por eu ter gritado. Merda!! Ele vai me jogar na água!! Ele avisou! Merda!! Ele soltou o nó do barco de emergência onde eu estava e logo senti meu corpo caindo alguns metros até o barquinho chocar-se com a água. – O sangue é meu!! Meu!!
Ele batia no próprio peito berrando que o sangue era dele. Está com os olhos arregalados e irritados. Transtornado. Os nazistas o contaminaram! Eu sei que sim!
– Desculpa!! Eu não queria seu sangue!! – Gritei do barquinho. Mal consigo me equilibrar com tantas ondas. Preciso me segurar, os nazistas querem que eu morra afogado!
Jonas ficou olhando. Não sei se ele voltou a si, mas não consigo voltar. Nao consigo voltar para o navio. Acho que ele não pensou direito. Ele está me abandonando. Ele não pode fazer isso. Não pode ir sem mim! Eu preciso ir embora! Não posso voltar para a ilha!! Não vou conseguir remar sozinho! Me puxa de volta, Jonas!! Olhe para mim! Olhe! Não de as costas! Estou num barquinho e totalmente a deriva! Eles vão me capturar de novo!! Não deixa eu voltar para lá! Jonas, volta! Não entra de novo no navio! Não me deixa aqui sozinho!
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Island Asylum
Mystery / ThrillerATENÇÃO! ESTA HISTÓRIA CONTÉM CONTEÚDO INAPROPRIADO PARA PESSOAS SENSÍVEIS Você conhece o inferno? Bem vindo a essa ilha. Estamos em meados do século XX, a medicina em franca expansão. Uma grande construção foi erguida e comportaria o expurgo da so...