Destino ou coincidência ?

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Como sempre, à 20 anos eu sempre atendia aos desejos sexuais da minha esposa, mas aquilo não me satisfazia. Eu acho que estou roubando o seu tempo e não sei se a deixo feliz, mas eu tento, não posso ter filhos, sei que isso a consome também, mas realmente relembrando meu sonho eu gostaria muito de ter pelo menos tentado só que isso teria acabado com meus pais, pelo menos eles faleceram satisfeitos comigo, aprovavam meu casamento, se valeu a pena não sei, mas não sou completo e a única felicidade que tenho é ouvir o som da vida. Estou me sentindo perdido, só que eu preciso libertar Marien desse compromisso, eu preciso me libertar, não sei o que vou fazer,  preciso encontrar meu amigo, meu grande amor, mas também tenho receios, não sou nem um pouco afeminado e pelo que me lembro Júlio, ele também não era, eu não saberia me relacionar com alguém do mesmo sexo que eu, nunca traí minha esposa e não o faria, mas preciso tomar essa decisão, preciso de ajuda psicológica talvez, mas não posso conversar com minha tia preciso de alguém que não me conheça e preciso saber se aquele caderno é dele, está noite está sendo difícil para mim, minha mente não para. São tantos "Mas"

4:15 o hospital liga, um parto complicado de emergência ...              

Chego o mais rápido que consigo, a moça já está na sala de cirurgia, vai ser um parto difícil um dos bebês está atravessado e o outro sentado, entro na sala já de máscara e pronto para a cirurgia junto a uma colega obstetra também, havia um Rapaz junto a moça que tremia mais do que ela, eu tento acalma-la com uma conversa enquanto faço o procedimento.

 -Qual o seu nome moça? 

-Juliana.

-Muito bem Juliana, eu sou o Carlos, então, vamos trazer seus bebês ao mundo, você fique bem tranquila, vou dar tudo de mim.  

-Muito obrigado doutor! -falou já chorando.

E segui falando com ela enquanto seguia o procedimento. 

-Então Juliana qual será o nome do primeiro ?

-Paulo...

Tirei o primeiro bebê enquanto ela terminava de dizer o nome.

-Então Paulo bem vindo ao mundo, que sua vida seja repleta de felicidade!

Passei o bebê a enfermeira, ele chorava forte, super saudável e a enfermeira o levou até a mãe, enquanto continuei o procedimento para tirar o outro bebê que nasceu molinho, não chorou, então corri contra o tempo sem falar nada, cortei o cordão e corri para a mesa peguando um sugador e o limpei o mais rápido que pude, depois pulsei oxigênio para dentro dele o segurai de barriga para baixo e bati em suas costinhas para desafogá-lo. Finalmente ele reagiu e começou a chorar, nisso tudo, todos já estavam em pânico, já eu me desliguei do barulho e dos gritos, apenas me concentrei em não deixar essa vida escapar, quando ele chorou eu o virei para mim sorrindo e chorando agradeci aos Deuses por permitir salvá-lo, quando me virei para mostra-lo a mãe lhe perguntei. 

-E o nome deste moço qual é ?

-Carlos- falou ela aos prantos. 

-Sim- respondi 

-O nome dele é Carlos! 

-Então Carlos, bem vindo ao mundo que sua vida transborde saúde e alegria! 

O coloquei no colo da mãe enquanto minha colega terminava a cirurgia, me virei para cumprimentar o rapaz que tremia, devia ser o pai, puxei a máscara e estendi a mão ele mal encostou a mão na minha e desmaiou, e aquele perfume me invadiu na mesma hora, Juliana grita. 

-Julio?!

Júlio? Como assim? O destino estava me pregando uma peça ou o quê? O socorri e ao lhe tirar a máscara o vi, era ele, mais velho sim, mas o reconheci, mesmo estando com a barba crescida e tudo o mais eu... eu não sabia o que fazer... entrei em desespero, eu queria abraça-lo eu queria fugir dali ao mesmo tempo, então uma enfermeira trouxe um paninho com álcool e colocou perto do nariz dele, em seguida começou a ganhar consciência, e eu ali paralisado agachado ao lado dele... havia um silêncio absoluto em minha mente enquanto tudo acontecia ao meu redor. 

...doutor ? Doutor o senhor está bem ?

-Hã ... sim, sim estou bem.

Julio começou a se levantar aos poucos, e se sentou do meu lado, eu conseguia ouvir o som do meu coração em meus ouvidos, eu sentia a pulsação em minha garganta, ele abriu um grande sorriso e abriu os braços para mim e eu o abracei com toda a força que tinha me restado.

-Carlos! 

-Ju-Júlio...

-Que saudades amigo, que saudades! 

Então Juliana pigarreou e nos soltamos, o afastamento me incomodou, mas todos nos olhavam, nos levantamos rindo, Juliana mais feliz ainda com seus meninos nos braços.

-Muito obrigado doutor você salvou a vida de meu filho...

-Não tem que me agradecer, agradeça ao seu Deus por permitir que eu ajudasse. 

Então me virei para ele e o cumprimentei.

-Parabéns amigo, seus filhos são lindos!  

-Ah - ele sorriu sem graça. - Bem que eu queria, mas não são meus filhos, são meus sobrinhos está é minha irmã. 

Não gostei de meu pensamento, mas de certo modo aquelas palavras me trouxeram um alívio, eu não me lembrava dela pois era pequena de mais na época, não tenho muitas lembranças dela. Logo em seguida me despedi e a levaram para o quarto com os bebês, eu fui me trocar estava na dúvida se ia embora ou ficava mais um pouco, fui para minha sala e resolvi pegar as cópias daquele caderno, que realmente não sei se eram dele, mas a curiosidade estava me consumindo, me sentei em minha poltrona e peguei as folhas.

*Por que não fui forte o bastante para beijar-te, covardia? talvez ou talvez medo, não sei o que passou em sua mente naquela hora, mas o que eu mais desejava era que você fizesse a escolha, deixei em suas mãos, por que não tomei a frente ...

Toc toc toc 

Dei um pulo em minha cadeira e rapidamente coloquei os papéis na minha gaveta. 

-Entre !

-Oi ...

Perfume - DEGUSTAÇÃOOnde histórias criam vida. Descubra agora