A Super Mãe

81 8 4
                                    

Cheguei em casa a tempo de tomar um banho e descer para jantar. Era neste momento em que nos reuniamos em família. A mesa posta, todos falando como foi o seu dia. 
A minha mãe falou de algo que aconteceu no seu trabalho e o meu pai emendou no seu relato. Eu me concentrava no meu prato pensando no Ariel e lembrando desta tarde. Acho que estava sorrindo quando a minha mãe me fez despertar.
_ Quem é ela? _ sorriu, mas o seu tom foi imperativo.
_ Não tem nenhuma ela, mãe _ fiquei sem jeito com um sorriso acuado de vergonha.
_ Quando terminou com a Clara? _ agora Eleanor estava intrigada. A minha mãe sabia que não era a Clara. Que nunca seria. Como as mães faziam isso? Ela olhava para mim e sabia de tudo sobre mim. Era como estar sempre nú na frente dela. Corei envergonhado e digitei uma mensagem de rompimento para a Clara.
_ Agora _ respondi guardando o celular.
Se absteve de comentar qualquer coisa sobre a minha frieza e voltou a conversar com o meu pai, Gustavo. Os meus pensamentos voltaram para o Ariel, mas me policiei para não sorrir para o prato de novo.
Quando pensei que estava livre, ela voltou a falar comigo.
_ E esse grupo de estudos? Você precisa mesmo disso?
_ Não, mas estudar em grupo é melhor que sozinho no quarto.
_ Traga o seu amigo para nós conhecermos.
_ Vou combinar com ele _ falei enrijecendo o corpo, mas ela ignorou.
No quarto, eu olhei a resposta da Clara.
_ OK, nerd. Só não vá se arrepender. Porque a fila anda.
_ Não se preocupe comigo. Amigos?
_ Claro.
_ Foi bom enquanto durou, Clara.
Ela não respondeu. Deixei o celular de lado e abri o Facebook no Notebook. Havia uma solicitação de mensagem de um avatar da pequena sereia. Abri vendo um número de telefone. Sorri, estava feliz por ter ele ali.
_ Oi Ariel! _ digitei
_ Como adivinhou?
_ É sério essa pergunta?
_ Kkkk. Mas diz aí, como você está vestido?
_ Não visto nada _ sorri ao digitar, brincando.
Digitei o número que ele me mandou no meu celular. E salvei como grupo de estudos. 
De repente recebi uma chamada de vídeo na webcam, que aceitei.
Gargalhei ao ver que ele estava nú.
_ Você mentiu pra mim! _ colocou o travesseiro sobre o ventre.
_ Eu tava brincando. Quem é você? O tarado do face? _ falei arrependido de ter rido, pois ele corou.
_ Eu nunca fiz isso antes _ confessou vestindo uma cueca e o calção.
_ É um alívio saber _ me divertia com o seu constrangimento.
_ Você está me deixando meio louco, sabia? Disse me olhando na webcam, novamente sentado.
_ Você faz o mesmo comigo confessei.
_ Quando? _ ficou muito interessado. 
_ Durante o jantar. A minha mãe sabe que estou apaixonado. 
_ Ela acha que é pela Clara? 
_ Na verdade ela acha que eu tenho outra.
_ Ela está meio certa _ gargalhou _ Você vai contar?
_ Você está louco? 
O olhar dele caiu decepcionado antes de voltar para mim com um certo esforço _ Devo estar.
_ Vamos só curtir, por agora.
_ Não vai poder se esconder para sempre, sabe né?
_ Sei. Mas vou adiar ao máximo este inferno, para poder aproveitar bem o paraíso com você.
_ Vai me deixar, se eles descobrirem!
_ Eu não teria escolha, ainda sou uma criança perante a lei.
_ Acha mesmo que os seus pais fariam algo tão retrógrado?
Suspirei e dei um sorriso triste. Acreditava que sim. Até a minha mãe concordaria com uma interdição se o meu pai insistisse _ Desculpa.
Tirei a camisa e deitei na cama com o note no colo. 
_ Está bem. Eu deixo o meu ego ferido de lado e paro de insistir para você me assumir.
_ Valeu _ sorri agradecendo o alívio da pressão dele sobre mim.
Alguém bateu na porta e eu pedi que entrasse. A minha mãe e o meu pai me deram boa noite sem ver a tela do Notebook que eu virei para a parede, e saíram.
Peguei o note de novo em meu colo.
_ Tá na hora de dormir se eu quero acordar no horário _ soei como um lamento. 
_ Queria dormir com você _ sorriu cheio de malícia. 
_ Meu Deus! Não. 
_ Por que não? 
_ Porque eu faria tudo menos dormir. 
Tudo o que? _ provocou.
_ Tudo, Ariel _ escondi o sorriso ao ver o entendimento passar pelo seu rosto _ Boa noite. 
_ Boa noite, amor.
Desliguei o note, levei de volta ao seu lugar e fui escovar os dentes para dormir. 

Homofobia Onde histórias criam vida. Descubra agora