Te quero

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Nossa amiga Laura escolhia minuciosamente o filme que veríamos. Ariel estava meio revoltado com isso, mas eu o segurei para que não interferice. Foi bem difícil impedi-lo de dar palpite nas escolhas românticas e cômicas da ruivinha. 
_ Posso saber por que ela está escolhendo o primeiro filme que veremos juntos? _ me cobrou num sussurro.
_ Porquê é ela quem vai assistir _ sussurrei em resposta e o vi sorrir satisfeito, afinal. 
Sentamos nos últimos bancos no canto o lugar mais escondido do cinema guardei um lugar para a Laura, que ainda estava na fila da pipoca. A luz ainda estava acesa e podíamos conversar. 
_ Seus amigos são bem caretas, não é? 
_ Você percebeu. Agora imagine os nossos pais. 
_ Tipo hipies, ou casal exemplar dos anos 60?
_ Adoradores de hipies _ gargalhei. 
_ Oh, droga! _ gargalhou comigo _ Sei como é. Eles nunca tiveram coragem de quebrar as regras, mas veneram quem quebra?
_ É isso.
_ Aposto que a sua música favorita é rock.
_ Clássicos. 
_ Não acredito _ franziu o cenho indignado. 
_ Eu ouço outras músicas _ me defendi _ Sou bem eclético, se você faz questão de saber. Mas curtir, de verdade, só clássicos. 
_ Você é muito nerd.
_ Eu sei. E você, que tipo de música curte?
_ Tecno. 
_ Música pra dançar?
_ Sim, eu danço. 
_ É isso que você faz sexta a noite? 
_ No final de semana eu vou dançar, ou saio com a família. 
_ Em que clube? Talvez eu conheça.
_ Não, você não conhece _ fez que não com cabeça. 
Ficou claro que era um clube em que pessoas do meu convívio não iriam. Num lugar livre de conhecidos, onde eu estaria... Livre.
_ Pode me levar? _ segurei a sua mão na minha e senti ele apertar um pouco mais, como se estivesse desejado este toque tempo todo. O seu corpo se inclinou para o meu, no último banco, entre ele e a parede. 
_ Você e eu em um lugar desconhecido para você e livre da sua prisão, seria bom, não é mesmo? 
Engoli seco ansioso pelo beijo que sua postura prometia.
_ Olá, meus amigos mais fodas! _ Laura nos interrompeu sentando logo, ao nosso lado, com uma bandeja de guloseimas _ Se quiserem, sirvam-se. 
_ Obrigado _ Ariel pegou rapidamente um pacote de drops de eucalipto e abriu levando um a boca. 
A luz apagou e a Laura pediu silêncio se concentrando na tela. 
Ariel me beijou compartilhando a bala na sua boca. Os assentos sem braço nos últimos bancos, para os namorados, foi uma das melhores idéias. Mas me senti meio mal por ter as mãos do Ariel dentro das minhas calças em público. Me veio a impressão de estar sendo observado. Olhei ao redor enquanto os lábios quentes do Ariel beijavam o meu pescoço e peito exposto na camisa de botões, parcialmente aberta. 
Encontrei um par de olhos femininos me olhando. A garota beijava outra garota no banco da frente. Achei graça da minha neura, voltando a mergulhar nos prazeres que o Ariel me dava. Mas antes olhei para Laura muito presa ao filme. Os olhos dela brilhavam naquela cena melosa.
Adentrei a mão na calças do Ariel, logo depois de acariciar a sua ereção. Tava ficando meio impossível segurar tanto desejo. O seu gemido baixo, dado bem ao meu ouvido, me fez arder de desejo. O meu corpo inteiro se aqueceu e tudo o que eu mais queria era senti-lo. 
_ Eu te quero _ ouvi ele sussurrar após o gemido. Aquilo me fez perder o último resquícios de sanidade. 
_ Quero você também. Vamos para um lugar melhor? É aqui perto. 
_ E a Laura? 
Olhamos para ela concentrada no filme. 
_ Voltamos logo _ falei convencendo-o.
Saímos, mas quase apanhamos por ter entrado na frente da Laura _ Não demorem, hã? Espero vocês na praça de alimentação _ informou.
Fomos de carro até um sobrado bem ornado com colunas gregas, que ficava quase ao lado do shopping. 
_ Que lugar é esse? _ perguntou ao meu lado enquanto eu abria a porta.
_ Era uma loja de vestidos de noiva. Agora está para alugar _ indiquei a porta aberta para que ele entrasse. 
Entrei atrás dele e tranquei.
As suas mãos me envolveram percorrendo o meu corpo de novo, assim que me voltei para ele. O seu corpo era mais robusto que o meu e ele era um pouco mais alto. Comecei a despi-lo entre os beijos e as carícias.
 Em um ataque de paixão ele me prendeu contra uma das colunas e beijou a minha boca com força e possessividade, mas também doçura eu me perdi de vez naquele momento. 
Não tínhamos nada preparado mas o Ariel tirou um conjunto de camisinhas da carteira. Mesmo com todo desejo, ainda consegui corar. 
Haviam poucos móveis ali e uns longos tecidos de cetim branco em um armário embutido que usei para forrar o chão de madeira. Ariel sentou e me puxou para o seu colo e recomeçamos os beijos. 

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