Homofobia

Contagem regressiva

Parece que eu estou sonhando _ falou _ Você foi o meu sonho inalcansavel nestes quase três anos, Dany. Eu ficava te olhando com a Clara e me imaginando no lugar dela. Era ridículo e frustrante _ sorriu triste _ Quando você olhou para mim pela primeira vez e veio até mim, eu não acreditei. Achei que você estivesse brincando comigo, mas foi incrível... Realizei um desejo naquela noite. Passei o final de semana pensando em você e na segunda, quando te vi naquela escadaria, que eu nem sei por que tinha ido, eu soube que você sentia o mesmo por mim. É tão bom ser correspondido. 
Não sei porque lembrei de como eu estava naquela noite. Minha alma estava gritando por sentir alguma coisa, mesmo que fosse dor. Dor é melhor que nada. 
_ Você tem muito mal gosto rapaz _ brinquei _ Gostar de um nerd _ fiz careta _ Mas agradeço por isso _ falei sério _ Eu te amei o tempo todo, mas eu não sabia. Obrigado por ter tido a coragem de se mostrar para mim.
_ Porquê tudo que você me fala soa a despedida?
Movi a cabeça indicando que eu não sabia. 
 _ Como você acha que vai ser o nosso futuro?
_ Separados.
_ Porquê? 
_ A distância. 
_ Mas estamos juntos agora, apesar de estarmos longe _ falava sobre o celular _ Não precisamos nos separar, Dany.
Entendi o que ele dizia, mas ainda assim, achava impossível que nosso amor sobrevivesse. Sorri para acabar com essa conversa e funcionou, ele sorriu de volta. 
_ Boa noite, Dany. 
_ Boa noite,  Ariel. Me encontre nos seus sonhos, para que eu possa sonhar com você também. 
Na manhã seguinte, tomei café com a minha família. Os meus pais estavam melosos, mas em vez de revirar os olhos eu sorri. Era bom ver eles felizes. 
_ Vai trazer o seu amigo aqui, hoje? Vi sua mensagem disse a Eleanor. 
_ Vamos estudar aqui, hoje. Tudo bem? 
_ Claro querido.  Eu vou resolver uns problemas lá no estúdio, mas o resto do meu trabalho pode ser feito em casa amanhã. Eu vou preparar o jantar. 
O que ela quis dizer é que ia ficar no pé da empregada enquanto esta preparava o jantar. Fiquei imaginando os dois encantados com o Ariel, mas só até saber que ele é o namorado do seu único filho. Me entristeci e levantei da mesa sem terminar de comer.
_ Até mais tarde _ disse ouvindo suas respostas.
Fui escovar os dentes e passar  perfume. Vi o grupo todo ao redor do notebook da Laura. Caminhei até o Ariel e toquei a sua cintura carinhosamente, antes que os outros me notassem. O moreno se voltou para mim e lhe roubei um beijo.
Cumprimentei os outros que nos olhavam agora. O Hugo parecia que nunca tinha me visto de tanto que me olhava. E a Clara evitava me olhar. A Laura sorriu. 
Estavam vendo mais um vídeo sobre suicídio. De repente, me veio a idéia de que a Laura estava tentando nos dizer algo, com esses. Ela era tão extrovertida, que nunca me ocorreu que ela tivesse algum problema. 
O sinal tocou e nós seguimos para a sala de aula. Eu, a Clara e o Ariel tínhamos literatura agora. A minha aula favorita.
Fui namorar com o Ariel em um lugar mais reservado depois de almoçar. Houveram olhares interessados sobre nós,  especialmente os de uma senhora que eu desconfio que contava para a minha mãe sobre o que eu fazia na escola.
Desconfiei dela quando comecei a fumar na escola, coisa que os meus pais teoricamente, não sabem que faço, mas a minha mãe nunca me questionou sobre o cheiro de cigarro em mim. Se eu estiver certo, o jantar de hoje promete.