Chegamos na minha casa cruzando com o jardineiro e a arrumadeira, mas nem sinal da minha mãe. Subimos para o meu quarto.
_ A sua casa é linda. Eu não sabia que você era tão...
Ele ia falar rico? _ Não seja bobo, nada disso é meu _ ele não me compreendeu, então sorri e toquei o seu rosto _ No momento, a minha única riqueza é você.
Sorriu e me beijou _ Você vai ter a sua própria fortuna, Dany.
_ Eu sei _ sorri _ Mas não vai ter graça sem você por perto.
_ Eu vou estar lá, meu amor. Bem do seu lado... na cama.
Gargalhei de como ele foi explícito e provocante nas palavras _ Me mostra como vai ser _ tranquei a porta.
Seus beijos pareciam melhores, assim como as suas carícias e o seu corpo sob as minhas mãos. Tudo foi mais vívido, mais intenso. Guardado em minha memória como um refúgio da sua ausência. Pensava nele quando o meu mundo ameaçava ficar monocromático de novo. Isto me libertava de qualquer angústia que não fosse a saudade que sentia dele.
Banho tomado, sentamos na mesa de estudos depois que eu destranquei a porta. Uma empregada nova trouxe um lanche que comemos. Fizemos todos os trabalhos e lições para a semana que vem, antes da minha mãe bater na porta entrar.
_ Mãe, tudo bem?
_ Tudo como o esperado _ sorriu forçado.
_ Ariel, Eleanor _ apresentei e eles se cumprimentaram.
_ É um prazer, senhora _ o Ariel disse recebendo um sorriso da minha mãe.
_ O jantar está servido. Lavem as mãos e deçam _ falou e saiu.
Ela sabia. Respirei alto imaginava o que estava por vir. Dei um último beijo no Ariel antes de tudo.
O Ariel pareceu não se abalar com nada do que via. Foi simpático, amável, sincero. Não teve como meus pais serem rudes com ele.
_ Nós estamos namorando _ falei durante a sobremesa.
Como já sabiam, não comentaram, apenas nos olharam e terminaram de jantar. Fiz questão de levar o Ariel para casa e entrar com ele para cumprimentar os seus pais.
Quando cheguei em casa os dois me esperavam. Ouvi eles falando de mim como se eu não estivesse presente.
Eleanor havia marcado consultas para mim durante a tarde, por isso não estava em casa quando nós chegamos. Eu faltaria na escola para fazer exames e dependendo do tratamento indicado, continuaria faltando.
_ Qual é o problema? _ arrisquei.
_ Você está doente, amor _ a minha mãe me olhou com tristeza.
_ Mas não é nada que uma reposição hormonal e umas sessões psiquiátrica não resolva _ disse o meu pai convencido.
_ Vocês acham que este tratamento vai me fazer esquecer o Ariel?
_ Temos certeza _ o meu pai deu um sorriso pálido e incerto.
_ Se funcionar eu deixo o Ariel , mas enquanto isso não _ me olharam preocupados _ Só temos três ou quatro meses juntos antes da faculdade. Se for assim eu faço os exames e tomo todos os remédios sem reclamar. Prometo.
Eles se entre olharam e concordaram. Depois de uma longa conversa subi para o meu quarto. Estava exausto por toda aquela conversa e situação sem sentido. O cheiro do Ariel estava na minha cama. Digitei uma mensagem para ele.
_ Eu vou faltar por uns dias. Vou sentir saudades.
_ Porque?
_ Nada demais. Nos vemos a noite?
_ Passa aqui em casa?
_ Claro. Boa noite amor.
_ Boa noite, Dany.
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Homofobia
Dragoste_ Amor é crime? _ ... _ Amor é doença? _ ... _ Estou tentando te entender, de verdade. _ Não existe amor entre pessoas do mesmo sexo _ falou mecanicamente, como se fosse o leitor de texto do google. _ Existe. Eu sinto e sei que existe. _ Você...