Que o inferno comece (Parte2)

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Andrea

Seu rosto bonito fica ligeiramente surpreso. Acho que ele esperava que eu fosse uma pessoa meiga, mau ele sabe. Meu pai por outro lado, me fuzila com o olhar.

-Andrea, isso é jeito de tratar um convidado?

-Não fui eu quem o chamou aqui, então ele é seu convidado e não meu – reviro os olhos.

-Está tudo bem George, acho que a peguei de surpresa com minha presença. Mas sinto que iremos nos dar bem – ele sorri e pisca.

-Eu não faço  muita questão.

-Chega Andrea – o rosto do meu pai está começando a ficar vermelho, mas ainda não está do jeito que eu quero. – Mostre respeito com as pessoas, não foi assim que eu te criei.

Papai e Harry se sentam na mesa, ficando: papai na ponta da mesa, eu em sua direita e Harry na minha frente. Maravilha.

-Você não se parece muito com seu pai Andrea – Harry diz, me fazendo dar um sorriso sarcástico.

-Ainda bem.

-Andrea. – volto meu olhar para meu pai que está apertando com força seu garfo.– Eu exijo respeito. Está se comportando como uma insolente.

-Desculpe, Papai – faço questão de dar ênfase no "papai".

Quando nossa comida é posta na mesa, eu como silenciosamente, observando o modo como Harry e meu pai agem um com o outro enquanto conversam de uma maneira tão relaxada, coisa que eu nunca tive, e confesso que fico com um pouco de inveja. Infelizmente, me dói pensar que se eu tivesse nascido homem, essa situação poderia ser muito diferente, de um jeito que eu sendo mulher nunca será. Suspiro baixo não deixando minha fraqueza ser mostrada, ainda preciso ser a megera e fazer com que Harry não queria mais nada.

-...e você Andrea?

Sou pega de surpresa com uma pergunta direcionada a mim. O que foi que eu perdi?

-O que?

-Você tem algum hobby? Eu gosto de andar a cavalo em meu tempo livre sabe, é um bom jeito que dar uma escapada quando tudo está um bagunça e não estou a fim de resolver. Ai eu deixo para meu substituto resolver. – ele diz fazendo parecer uma brincadeira, mas é bem a cara dele sair quanto tudo está dando errado.

-Eu fico e enfrento os problemas, se tiver uma bagunça eu estarei lá para arrumar e não sair de fininho. Isso é um comportamento de um chefe – seu sorriso se fecha e me pai bufa. Puta que pariu, o cara diz que foge das suas responsabilidades e não quer ouvir a verdade? Me poupe.

-Sim. Mas andar a cavalo é muito bom. Eu particularmente adoro sentir a brisa quando vou rápido e me sentir livre.

-Ainda bem que o que você faz ou deixa de fazer não é problema meu, e não me lembro de ter perguntado sobre seu gosto por cavalos – bebo meu suco, e pela minha visão periférica, meu pai está contando até 10 de olhos fechados. Ele me ensinou essa técnica, quando tudo está fora de controle e você deseja sair gritando para o mundo, feche os olhos e conte até 10.

Ficamos mais um tempo em silencio, até nossas sobremesas serem postas. Hum...torta de maçã e sorvete. Assim que estava levando a primeira colherada na boca, seu comentário me faz para.

-Então... você herdou toda a empresa do seu pai. Uau, isso deve ter sido bem puxado para você.

-E porque seria puxado?

-Sendo mulher sabe. As mulheres não têm muita capacidade suficiente para um cargo tão alto, além de serem muito frágeis para esse tipo de coisa. Pensei que você ficasse como secretaria e não como chefe.

Foi o fim para mim. Ele acabou de dizer, que eu, sendo mulher não tenho a capacidade? Em toda a minha vida, fui acusada de ser arrogante, fria e grossa, mas nunca disseram que eu não tenho capacidade.

-Eu pelo menos não fujo das minhas responsabilidades para montar em cavalos. Se eu não tenho capacidade de ser uma chefe, você não tem capacidade de ser porra nenhuma. – me levanto da mesa e vou saindo, quando sinto meu pai vindo atrás de mim. Agora é a hora.

-Quem você pensa que é para falar assim com Harry? – meu queixo vai ao chão. Ele está defendendo mesmo aquele idiota?

-Eu sou uma mulher que não admite que uma pessoa que não tem um pingo de responsabilidade me chame de frágil e incapacitada de ser algo.

-Ele só fez um comentário e você fez um maior escarcéu, parece até uma criança birrenta. Onde está mulher que eu criei? – sinto as lágrimas ficarem presas em meus olhos.

-Eu também queria saber, porque o que você criou não foi uma menina para se tornar mulher. Foi uma menina que você queria que se transformasse em uma máquina, já que não veio com um pênis – abro os braços e aponto para mim – Você criou uma menina para que assim que tivesse uma idade, teria filhos HOMENS para tomar meu lugar o mais rápido possível. Mas veja só, você encontrou outra pessoa para colocar no lugar -aponto para Harry.

-Talvez eu o coloque mesmo, ele pelo menos não faz uma cena de drama igual você. Sempre a criei para que assumisse o meu lugar, cassasse e tivesse herdeiros. E sim, talvez eu queria que você tivesse filhos logo, para pegar seu lugar.

Aquilo foi o fim para mim. Eu sempre soube que suas intenções eram parecidas com as que eu imaginava, mas ouvir da sua boca a confirmação doeu em um lugar que eu achei que não tivesse mais. Meu coração.

-Se é isso que você quer, então tudo bem. Vá e coloque aquele traste no meu lugar, só lhe aviso uma coisa, só espero que esteja pronto para ver tudo o que construiu, tudo o que ralei para que sempre fosse melhor e se expandisse, cair. Porque é isso o que vai acontecer se o colocar no meu lugar. Tudo vai cair, eai papai, eu não vou vir atrás reparar os erros que ele cometeu, além do mais eu sou só uma mulher – saio daquela casas às pressas, correndo até meu carro. QUEODIO.

Um desejo insano me invade e sou forçada a aceitar: Eu queria que Erik estivesse aqui, ele provavelmente me diria alguma coisa engraçada só para tentar arrancar qualquer vestígio de sorriso. Ou ainda, teria xingado Harry de todos os jeitos possíveis. Pena que aquele já tem outro alguém. Eu só me fodo.



Erik

Quando foi 12:00, deixei minhas coisas arrumadas, e fui pegar o elevador. Sinceramente, não sei se estou pronto para me encontrar com Jennifer. Não que eu seja um fracote (isso é só com Andrea), porém, eu finalmente esteva me sentindo livre de meu passado e do nada..puff...ele volta, e para ajudar, estraga tudo o que eu tinha demorado tanto para conseguir. Entro no elevador fazendo o máximo de esforço para não me lembrar do dia em que eu e Andrea ficamos presos aqui, e acabar ouvido suas confissões sobre seu passado. Foi tudo tão rápido, mas tão dolorido, que esse vai ser mais um passado que demorara para passar.

Quando chego na porta empresa, eu a avisto. Encostada em um conversível vermelho(presente de aniversário de seus pais) que combina com seu batom, está Jennifer. Ela sempre gostou de usar cores vivas. Acho que combina com seu jeito espalhafatoso de ser. Quando me vê, acena freneticamente a mão para mim com um sorriso largo brilhante. Reviro os olhos, atravessando a rua indo em sua direção. Sou surpreendido por um abraço repentino e apertado. Seu perfume doce e enjoativo gruda em meu nariz. Isso era algo dela que eu detestava.

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    -Que saudades baby. Estava tão animada para vê-lo. Foram tanto tempo fora – sua voz é meiga e chorosa, como se estivesse mesmo triste.

-Olá Jennifer – empurro suavemente seus ombros, afastando seu corpo do meu.

-Só isso? Um simples Olá Jennifer? Ficamos quase 3 anos longe e não vai dizer que sentes saudades? Que estava morrendo de vontade de ver? Ou que ficou chorando todo esse tempo por não me ter por perto? – seu belo rosto jovem me olha com indignação. Ok, outra coisa que eu detesto nela: seu drama.

-Vamos comer logo, estou morrendo de fome.

-Tudo bem, tudo bem. Sei que está meio chocado por eu ter aparecido, mas eu garanto que você vai entender o meu lado e ira voltar para o lugar onde sempre pertenceu. Para os meus braços.

Engulo em seco, com a imagem de outros braços ao meu redor. Para aqueles braços eu sei que não irei voltar.



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Olaaaaa anjos. Demorei mais to aqui. Tive uma pequena briga comigo mesma para saber qual será o final da história, então demorei para postar esse. Espero que estejam gostando e continuem lendo que logo vira muitaaaas bombas. Beijoooos e até a próxima. 

A Minha ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora