Mentiras e Verdades

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Erik

Eu sabia que falava muito, muitas vezes Andrea jogava isso na minha cara, mas Jennifer? Ela não para. Fala, fala e fala de como sente falta dos dias que passamos, relembrando algumas memórias que até eu duvidava que realmente passamos. Por todo o caminho, ela segurava em meu braço e pulava ou soltava um gritinho animado quando via um casal juntos, dizendo que nós seremos assim também.

O que eu fazia? Revira os olhos e ficava calado. Sim, por incrível que pareça, não sentia vontade nenhuma de argumentar com Jennifer, entrar em um debate e muito menos sentia vontade de concordar com ela. Quando chegamos no tal restaurante, o reconheci sendo aquele que viemos pela primeira vez assim que começamos a namorar. Que maravilha.

Era um restaurante bem simples, nada muito enfeitado e agradeci mentalmente por isso. Sentamos em um lugar que ficava do lado da janela, um de frente para o outro. Enquanto ela continuava a falar de como a vida dela foi horrível no Canada (vamos fingir que acreditamos), fiquei encarando o cardápio e sem perceber me ocorreu na cabeça se Andrea iria gostar desse lugar. Por mais que ela seja toda rica, ela não gosta de lugares muito chiques e cheios de frescuras, notei isso no primeiro ano. Foi quando senti um beliscão em meu braço me fazendo sobressaltar e olhar para uma Jennifer raivosa. Opa.

-Você não está prestando atenção em mim.

-Me desculpe. Estava pensando em umas coisas do trabalho – mais especificamente na minha chefe, mas achei melhor omitir essa parte.

-Falando nisso, como está esse trabalho? Só falamos de mim e você não disse nada de como foi esse tempo.

Correção, você não parou de falar de você mesmo e só agora notou isso? Por um momento fiquei a encarando pensando se nunca tinha notado esse comportamento nela. Acho que estava tão "apaixonado" pela ideia de ter alguém que não me importava do jeito que ela agia ou falava. Bom, até agora.

-Foi tudo tranquilo. Consegui meu emprego a 3 anos. Gosto do que faço, tenho uma vida boa, colega aqui e ali. Não tenho do que reclamar – só talvez de não poder ter a mulher que eu quero, mas tirando isso.

-Pode falar. Sei que sentiu minha falta, saiba que eu senti muito a sua. Cada dia foi terrível não ter você do meu lado – Jennifer passa a mão por cima da mesa até chegar na minha – Sempre senti que faltava alguma coisa dentro de mim, e sempre soube que era você que faltava.

Linda palavras, pena que foram as mesmas que eu disse quando eu a pedi em namoro.

-Jennifer, entenda uma coisa, eu tenho quase certeza que nós passamos por muitas cosias durante todo esse tempo. Assim como eu sei que eu segui em frente e você também. Você pode ter sentido falta da minha companhia, mas foi só isso. Nós dois temos que ficar no passado.

-Você não entendeu. Meu pai me obrigou a ficar com aquele cara e me mudar para o Canadá. A família dele precisava de um casamento de faixada porque seu filho era gay. E como meus pais precisavam de dinheiro me mandaram para lá. Não foi algo que eu quis fazer.

A cada palavra fazia meu estomago revirar. Eu sabia que era mentira. Pude confirmar nos olhos dela a mentira deslavada. Eu só não tinha como provar isso. Falar que eu vi nos seus olhos a mentira não serviria de nada. Jennifer não acredita nessas coisas. Merda.

-Olha, por mais que você possa supostamente ter sentido saudades de mim, isso vai fazer quase quatro anos Jennifer. Nosso tempo junto acabou no momento em que você foi para o Canada com outro homem.

-Está querendo dizer que não acredita em mim? Que não acredita no meu amor por você? – é exatamente isso que eu quero dizer – Pois saiba que é tudo verdade, e eu vou provar para você.

-Não quero que me prove nada Jennifer. Acabou. Fim de papo.

Já estava daquela conversa. Não estamos ali nem a 20 minutos e queria sair correndo em disparada dali. Passei a mão pelo meu rosto respirando fundo. E se ela for a única que realmente for querer ficar comigo? Por mais que seja interesseira. Não. Não posso pensar assim.

De alguma forma, eu sentia, bem lá no fundo, que eu queria sair correndo dali, não para a minha casa, mas para Andrea. Correr em sua direção e ficar de joelhos para que ela entenda que não tenho nada com Jennifer, que ela só é uma pedra no meu sapato e farei de tudo para joga-la longe. Talvez eu faça isso. Quando penso em me levantar, Jennifer quebra minhas pernas.

 
-Você está assim por causa daquela mulher no telefone, não é? Aquela que me atendeu. Ela está mexendo com você. Está o deixando cego para a verdade.

-Ela não tem nada haver com essa história. Deixe-a fora disso.

-Tem sim. Está estampado na sua cara. Erik, nenhuma mulher vai te amar como eu te amo. Eu entendo você, sei do que você gosta ou não gosta, sei das suas manias. Ela não sabe nada sobre você. Ela nem mesmo te proibiu de vir aqui me ver, ou deu algum sermão. Ela lavou as mãos de você. Quer dizer que não se importa. Mas eu me importo, quero sempre o melhor para você.

Encaro Jennifer, e pela primeira vez ela diz a sinceridade. Se Andrea realmente gostasse de mim do jeito que disse aquele dia, ela teria me impedido de vir, ou teria feito um inferno na minha cabeça. Porém, não fez nada disso. Apenas me mandou sair e disse que me odiava. Talvez Jennifer esteja certa.


Depois de um longo almoço escutando sem parar Jennifer falar, voltei para o escritório. Como era bom ter silencio. Será que eu também sou irritante a esse ponto? Balancei a cabeça não querendo que meus pensamentos voltem naquela pessoa e comecei a trabalhar.

Eram quase 19 da noite, quando fui desligando tudo, deixando arrumando para amanhã. Não sei bem quando Andrea volta, no enquanto deixar tudo pronto é melhor do que ela chegar já me xingando.

Dirigindo até em casa, não consegui deixar de pensar em tudo que Jennifer tinha falado, e quanto aquilo fazia sentido. Dei uma risada sarcástica: uma megera venenosa falando de uma megera sem coração. Eu só faço escolhas complicadas, já perceberam? Jennifer é uma vadia mentirosa e interesseira mas que quer ficar comigo a todo custo, enquanto Andrea é uma vadia sem coração e cruel que quer eu bem longe dela. O vida.

Cheguei em casa e me taquei no sofá. Tudo estava silencioso. Fui tirando minha roupa ficando só de box. Não estava afim de comer nada, então decidi ficar passando pelos canais. Não sei bem que horas eram quando fui me deitar, porém um barulho em minha porta me acordou as 3 da manhã. Será o sindico de novo? Mas eu já paguei a conta desse mês.

Levantei cambaleando me arrastando até a porta que não parava de ser batida. Assim que abri, um corpo caiu em meus braços. Demorei para raciocinar o corpo de uma loira toda bagunçada. Espera...ANDREA? Fui a arrastando até o meu sofá e a coloquei sentada ali.

-Andrea? O que raios está fazendo aqui?

Quando seu rosto se virou para mim pude notar o estrago que ela estava. Rímel e lápis preto se misturaram manchando sua bochecha, sem batom, o cabelo uma bagunça e o cheiro de seu corpo era de puro álcool. Ela andou bebendo.

-Ele é um desgraçado. Acho que pode mandar na minha vida – suas palavras eram difíceis de ser entendidas, saiam arrastadas e embaralhadas – Imagina...um bebe com aquele estupido. NEM MORTA.

-Espero, o que? Que bebe? Quem é o estupido?

-MEU PAI É UM IDIOTA ARROGANTE E EGOISTA – ela gritou as palavras se inclinando em minha direção e apontou o dedo na minha cara se balançando de um lado para o outro como se não tivesse controle de ficar parada – ELE QUER UM BEBE, DE UM HOMEM QUE DIZ QUE SOU DELICADA DEMAIS PARA SER CHEFE. QUEM ELE PENSA QUE É?

-Ok, vamos tomar um banho e talvez você fique melhor.

Sem deixar que ela tenha tempo para reclamar, a peguei no colo e a carreguei até meu banheiro. No caminho ela soltava umas palavras do tipo: egoísta, bebe, pau pequeno. Vai entender. Assim que chegamos no banheiro ela viu o vaso e se ajoelhou nele descarregando tudo. Só pude segurar seu cabelo e fazer massagem nas suas costas. Me certifiquei que tinha jogado tudo, tirei sua roupa me concentrando ao máximo para não ficar maravilhado novamente por todas aquelas deliciosas curvas. Liguei o chuveiro no frio e a coloquei ali em baixo.

Ficou gritando que nem uma louca? É lógico, mas depois de um tempo se acalmou e deixou que eu desse banho nela.

-Isso é errado. Eu deveria estar fazendo isso sozinha – a olhei e a mesma estava encarando a parede – Mas não quero que pare. Preciso de você tocando meu corpo. Porque isso?

-Eu sinto o mesmo – suspiro e quando ia passar a esponja em seu corpo, sua mão me puxou para debaixo da água me encharcando – Mas o que...

-Então não pare. Eu preciso muito disso – Andrea segurou meu rosto em suas mãos e.....

                                                                                                                                                   Continua....


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Olá anjoooos. Espero que estejam gostando e continuem lendo que ta vindo coisa boa ( ou talvez não) por ai. Dessa vez não demorei muito para postar rsrsrs. Até a próxima! 


A Minha ChefeOnde histórias criam vida. Descubra agora