Capítulo 21

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   *  Narrado Por Cristofer *

Agora que meu cérebro voltou a ativa posso até pensar com quem ficar de verdade, só sei que com meu tio nunca mais nem chegaria perto dele. Aquele mostro sem coração!

Eu sei que não contei ainda para vocês esse caso que aconteceu no dia em que minha mãe me deixou sozinho com ele, ele aproveitou de mim e minha inocência foi roubada. Ele dizia que me amava, mas minha mãe não poderia saber sobre o amor que ele sentia por mim. Eu até me questionei o porque disto tudo, esse sigilo todo. Eu amava ele também e pelo que ele dizia me amar, eu apenas acreditei em tudo isso... Não sinto tanto ódio dele, porque o amor que eu sinto por ele foi muito verdadeiro. Agora ele que fique com a culpa, tenho dois jovens adolescentes que parecem gostar muito de mim, mas tenho que decidir ficar com um só... Não posso ser egoísta ao ponto de segurar os dois na minha vida. Não posso obrigar eles a uma coisa que sei que não terá amor!

— Levante e vai se arrumar... Daqui a pouco tem escola! – avisou minha mãe, o estranho é que ela não é de avisar de duas vezes. Mas depois do acontecido... Minha mãe foi enganada por um homem que dizia amar ela, mas era tudo uma farsa. Ele só queria viver nas custas da minha mãezinha, o pior é que ele estava já fazia dois meses aqui em casa.

Ela se fechou para o mundo cada vez mais, o emprego nem sei se ela comparece para fazer seus deveres de trabalhadora.
Sinceramente não reconheço minha mãe, não sei se é a mesma de sempre, só sei que ainda vou continuar a amar ela do jeito que for...

— Mãe não sei se quero ir, não quero enfrentar os problemas agora... Você também está passando por isso! – relembrei a memória da minha mãe, pode ser desumano, mas foi o único jeito de ficar em casa.

Quero algo verdadeiro, que eu possa chamar de meu... Não algo artificial!

Cansei de ser igual uma boneca, não ter sentimentos não é mais para mim... Quero viver o agora, não tenho agorafobia, por isso quero ele em minha mãos. Quero fazer tudo certo e nunca mais usar as pessoas por puro capricho.

Nesse exato momento eu peguei meu celular e mandei uma mensagem para os dois virem em casa, mas por isso eu teria que esperar. Eu não sei ao certo se eles tinham comparecido na escola.

Nada de alguma resposta de algum dos dois, o jeito é esperar como se eu fosse um saco de lixo na espera de uma coleta.

Não acredito que uma hora passou para que me respondessem com apenas "sim".

Não adiantei nada pelo telefone, quero que eles não saibam me dar desculpas esfarrapadas, eu não quero nada planejado. Quero tudo espontâneo.

— Posso entrar? – disse Fábio cerrado entre a porta. Não acho que Fábio não seja atencioso comigo, ele até disse que me amava. Mas será que Patrick também não me ama? Ele nunca me disse isso, só foi um "te gosto tanto" e não soube como se expressar pra mim, as vezes "abrir" o coração para alguém não seja algo assustador.

— Claro. Que bom que você veio! – me levantei para um abraço fervoroso por minha parte, não é porque eu estou sofrendo dúvidas em minha mente que vou tratar ele mal.

— Fiquei preocupado com você, eu não sei o que seria de mim sem você... – ele disse beijando minhas mãos. O calor que ele proporciona para meu corpo me deixa contente. Contente por saber que alguém me manda calor involuntariamente.

Porque uma palavra tão grande para uma ação pequena? Seja que ele me passa calor todos os dias, sem mesmo eu querer!

— Interrompi alguma coisa? – Patrick apareceu na porta com mais uns daqueles olhares frio e calculista, como se estivesse vendo a morte de Fábio.

— Não, entre e sinta-se a vontade. Hoje a conversa vai ser longa! – disse me sentando.

Eu seria o amor dos dois se não fosse essa rivalidade entre eles. Que eu mesmo descobri mais tarde, mas não importa mais. Eu também estava muito decepcionado com Patrick, ir para um mundo escuro como o de tráfico de drogas é uma coisa horrível.
   Acho que é tarde demais para lamentar a morte do ex de Camomila, já que ele escolheu essa vida a ser seguida.

— Nós ainda não sabemos o motivo para essa tal "reunião"! – Patrick fez aspas com os dedos. De alguns tempos pra cá sinto seriamente que não conheço ele. Não é mais aquele menino que gostei tanto. Poderia ser mais de algumas paranóias minhas, mas não é! Eu sei que não é! E está tudo comprovado, as drogas por exemplo, ele tem família boa de vida. Nunca precisou de nada que não queira... E porque disso tudo? Por moda? Não é moda isto o que ele está fazendo!

Eu queria tanto ter coragem para jogar tudo em sua cara, que ele está ERRADO! Se eu tivesse essa coragem seriam muitas das coisas mais fáceis.

— Hoje é o dia que vou decidir quem caminhará ao meu lado! – os dois arregalaram os olhos em surpresa por tais palavras. Mas já era tarde demais, eu escolhi.

— E quem seria??! – eles estão aflitos, eu sei, mas a escolha já tinha que ser tomada a muito tempo!

— Eu vou ficar com Fábio, ele foi o começo de tudo! Mesmo ele sendo esse besta, eu amo ele, e ele me ama como eu amo ele! Ele foi paciente comigo no momento que mais tive incertezas e por isso me ajudou a se levantar... – falei tudo o que tenho de mais puro no coração, não posso deixar o mau me consumir.

— E eu como fico nessa história toda?! – foi o Patrick, ele me indagou, ele apenas queria respostas. Não sei se seria possível de tais palavras, ele teria que descobrir sozinho. Pois nem eu sei!

— Não sei o que falar, você terá que procurar respostas para tudo isso! Siga sua vida como bem entender, não vou interferir em nada e peço que não interfira na minha... Sei do seu envolvimento com o tráfico e por isso não posso dizer tudo o que penso! Agora vá e seja feliz, pois sei que merece... Mas tente melhorar, não por mim e nem ninguém, mas por você! – não aguento tantas incertezas me roendo por inteiro. Meu sentimento por ele foi por água abaixo, não teve jeito de tentar salvar, quando vi que tudo estava ruim... Já era tarde demais.

Ele não relutou e com isso fez meu coração apagar uma parte que vou vivida com ele, mas foi preciso disso tudo para ele acordar para vida. Literalmente.

Não nego que chorei, chorei por tudo e por nada! Chorei por quando era criança e na escola faziam chacota comigo. Só por ser o que sou, só pelo meu jeito diferente de ser, não acho que sou diferente, mas sim, injustiçado pela sociedade.

— Você está bem? – disse Fábio relutando em perguntar.

— Não... Mas vou ficar! – eu disse, mas na verdade eu queria dizer sim. "Estou bem… e agora em diante vou ficar melhor".

Fiquei um pouco ruim por Patrick ter sumido de casa assim, sem dizer nenhum adeus para mim...

Eu sei, estou sendo egoísta de novo, mas não dá para parar de ser assim tão rápido! Me entendam, quem não quer ser mudado, nunca vai ser ajustado... Ele não queria parar com o tráfico, ele não me amava de verdade. Se amasse teria me demostrado mais e mais o seu amor por mim.

— Vem... – Fábio deitou em minha cama, estendeu o braço pra mim e apenas deitei ali mesmo com ele.

Senti seu cheiro que a muito não me lembrava mais. Toquei seu corpo, o desejo que tenho é de mapear todo seu corpo. Conhecer cada área desconhecida por mim, quero saber dos seus sentimentos mais profundos...

Senti a maciez dos lábios de Fábio que a tanto não sentia, me entreguei completo para ele. Agora eu era dele, não casei com ele, mas me grudei ao seu espírito e ele a mim.

Se é assim a história ao lado dele, não queria terminar de ler. Quero ler e reler, sempre e sempre quando me esquecer nós meus dias de velho gagá.

Não sei se algum dia ele me pediria em casamento ou uma união simplório. Mas apenas que eu envelheça do seu lado. Tudo ótimo!

Nada era dito entre nós, o que precisava ser dito, quando se tem o que sentimos ou o que está na nossa frente? Nada comparado ao que vejo ao meu lado, vejo o amor... Só o amor!



        Fim...
                  Pode ser apenas o começo!

Uma Boa Noite Para Se Lembrar (Romance Gay) (Concluído)Onde histórias criam vida. Descubra agora