"Lembranças"

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Para as minhas duas Glaciais mais chatas e maravilhosas do mundo: Rosa_Alexandrina e erica_bibi


18 Anos Antes

Camilo estava radiante porque finalmente era o último dia de aulas. O motorista estacionou o carro em frente a mansão da sua casa e ele saltou em toda sua estatura para fora da limusina que tanto detestava. Uma parte de si queria ser livre como o irmão mais velho que pegava ônibus e fumava marijuana na areia da praia onde dormia com os amigos e só voltava para casa três dias depois, mas a outra parte não queria magoar sua mãe, Viviane já tinha muitos problemas com Leandro, e ele não queria ser mais um.

Então fazia de tudo para não deixá-la ainda mais nervosa, entrava e saía às horas e sempre acompanhado pelo motorista. Ia a trabalhos em grupo, estudava na biblioteca particular e evitava beber demais quando ousava sair para se divertir com os poucos amigos que tinha. Era o mais novo e o mais responsável como diria Anthony, seu pai.

Passou pelo jardim com a mochila no ombro e empurrou a porta principal. Estava ansioso por atirar os livros para qualquer canto e finalmente poder desfrutar da viagem de família que fariam juntos para Paris.

─ Menino Camilo? ─ Aurora ainda era uma vigorosa mulher, sempre atarefada de um lado para o outro, no entanto pareceu surpresa por vê-lo ali.

─ Como está? ─ Ele lhe deu um beijo no rosto que ainda tinha uma barba rala e deixou um sorriso que tocou nos olhos azuis brilhantes.

─ O... O que está fazendo aqui? ─ Aurora perguntou de olhos muito abertos, sem conseguir esconder a expressão curiosa em seu rosto.

─ Como assim? Eu vivo aqui. ─ Ele brincou em resposta e lamentou que a empregada estivesse ficando velha.

─ É que... Os senhores Vaughan e o menino Leandro, foram ao aeroporto faz umas horas... Pensei que fosse com eles. ─ Ela não podia esconder o espanto, principalmente quando viu o sorriso no rosto do jovem à sua frente, morrer com toda facilidade.

─ Não pode ser. ─ Negou e procurou seu celular dentro da mochila preta com estampa branca de Star Wars. Olhou para o visor e não encontrou nenhuma mensagem ou chamada perdida. ─ Minha mãe deixou algum recado?

─ Não...

Camilo se afastou de cenho franzido e subiu os degraus de vidro dois a dois até entrar no seu quarto a procura de algum bilhete que pudessem ter deixado, sem sucesso. Sorriu por breves segundos ao pensar que era véspera de seu aniversário de dezoito anos, era certo que estavam a preparar alguma surpresa e que o queriam deixar agoniado. Era impossível que tivessem viajado e o deixado para trás, então tudo o que fez foi aguardar.

No dia do seu aniversário, tinham passado quatro dias desde que os pais tinham saído sem deixar notícias. Camilo se arrumou e ficou impaciente a cada minuto, circulando pela mansão em busca de algum sinal, mas quase todos os empregados tinham saído de férias. Estava sozinho só a ouvir Aurora que nunca parava de trabalhar.

Voltou para o quarto no mesmo instante que o seu celular vibrou. Um sorriso escapou de seus lábios ao ver o nome de Viviane na tela.

─ Mãe?

─ Camilo meu filho. Desculpe termos saído assim, tivemos que viajar as pressas. Estamos internando seu irmão numa clínica de reabilitação. Leandro como sempre está... ─ Viviane carpiu do outro lado da linha. Estava desolada. ─ Não sei o que fazer para o colocar na linha. Seria bem mais fácil se fosse como você.

GLACIAL - O Golpe Do Ano [DEGUSTAÇÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora